Produção de aço deve fechar 2021 com aumento de 14,7% no Brasil

A produção de aço brasileira deve ultrapassar as 36 milhões de toneladas em 2021, segundo estimativa do Instituto Aço Brasil, que projeta crescimento de 14,7% sobre o ano anterior – em um desempenho impulsionado pela retomada do mercado interno após a crise de demanda provocada pela pandemia de Covid-19 no ano passado. Já para 2022 as expectativas dão conta de um crescimento mais tímido: de 2,2%, chegando a 36,8 milhões de toneladas.
As vendas, por sua vez, devem chegar neste ano a 22,7 milhões de toneladas (17%) e no próximo exercício a 23,3 milhões de toneladas (2,5%), enquanto o consumo aparente está estimado em 26,6 milhões de toneladas para este ano, com alta de 24,3% sobre 2020, e no ano que vem chegando a 27 milhões de toneladas (1,5%).
De acordo com o presidente-executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, as projeções baseiam-se na “convicção que o PIB (Produto Interno Bruto) em 2022 ficará acima de 2% (de crescimento)”. O presidente do conselho diretor do Instituto, Marcos Faraco, completou que a expectativa é de que 2022 seja um ano muito bom. “Acreditamos que os patamares de demanda que estamos vendo agora se sustentam para 2022”, afirmou em entrevista coletiva.
As projeções são consideradas positivas pela entidade, mesmo diante do cenário de desaceleração de alguns setores da economia como o de veículos e construção civil – um dos maiores consumidores de aço do País. “Consideramos que teremos um início de ano com inércia, mas positiva. Vamos acompanhar o comportamento para o segundo semestre”, completou Faraco.
Sobre o desempenho no decorrer deste exercício, Lopes chamou atenção para as revisões realizadas pelo Aço Brasil nos últimos meses e ressaltou que os bons resultados de 2020 e 2021 quase recompensaram as perdas observadas entre 2013 e 2019. “O setor apurou perdas consideráveis, com queda da ordem de 23% nas vendas. E, apesar da performance positiva nos últimos anos, não chegamos a esse patamar, mas a 20,5%. Ou seja, praticamente nos equiparamos ao período que chamamos de década perdida”, explicou.
O executivo lembrou também que, embora as siderúrgicas estejam produzindo para atender integralmente a demanda crescente do mercado doméstico, o grau de utilização da capacidade instalada do setor ainda está em torno de 70%. E que o aumento da produção de aço objetivando atender à retomada das exportações permitiria reduzir a ociosidade hoje existente, elevando o grau de utilização da capacidade instalada do setor para níveis mais próximos ou acima de 80%, considerado mundialmente como o mais adequado para operação das empresas.
Neste sentido, ele informou que o setor siderúrgico vai participar de uma retomada de negociações comerciais com os Estados Unidos a partir de janeiro, durante a ida de uma delegação brasileira a Washington. O objetivo é a retirada dos produtos semiacabados do regime de quotas que limita as exportações do setor aos EUA a 3,5 milhões de toneladas por ano. Outro pleito será a retirada do redutor de 30% das exportações de acabados.
Investimentos estão em alta
Por fim, Faraco ressaltou que apesar dos fracos resultados da última década, o setor nunca deixou de acreditar no Brasil e seguiu com projetos e compromisso com o mercado nacional. Prova disso, segundo ele, são as cifras de investimentos. De 2008 a 2020, foram R$ 158,5 bilhões aportados pelas siderúrgicas em todo o País. Agora, outros R$ 45 bilhões estão previstos até 2025.
“Todas as empresas anunciaram projetos para ampliação da capacidade, em sustentabilidade ou modernização da capacidade instalada, com automação e indústria 4.0. Esses mais de R$ 45 bilhões até 2025 reforçam o compromisso do setor com o País em uma retomada de crescimento que deverá ser mantida nos próximos anos”, concluiu.
Minas Gerais, importante parque siderúrgico nacional, abriga grande parte destes aportes. Apenas a ArcelorMittal anunciou, no mês passado, que vai investir R$ 4,3 bilhões no Estado até 2024. Destinados à Usina de Monlevade, na cidade de João Monlevade (região Central), e à Mina de Serra Azul, em Itatiaiuçu (RMBH), os aportes vão permitir com que a companhia amplie a capacidade de produção de aços longos e minério de ferro.
E a Gerdau desenvolveu um plano de R$ 6 bilhões no Estado para os próximos cinco anos, visando à modernização, atualização tecnológica e ampliação de suas operações locais.
Ouça a rádio de Minas