SaveCerrado atua em prol do equilíbrio da biodiversidade
As discrepâncias da legislação brasileira permitem que enquanto na Amazônia 80% de uma área tem que ser preservada, no Cerrado os mesmos 80% podem ser desmatados. Foi a partir dessas brechas legais e da preocupação com a manutenção das florestas que nasceu a SaveCerrado – uma Organização não Governamental (ONG), sem fins lucrativos, que atua na recuperação e preservação de áreas críticas desse bioma. A SaveCerrado é uma das agraciadas na oitava edição do Prêmio José Costa, na categoria “Qualidade Ambiental.
A instituição promove ações de recuperação e preservação do Cerrado, apoiando o extrativismo sustentável de seus recursos em prol de uma economia colaborativa junto às comunidades locais. É que a iniciativa privada pode, por lei, utilizar até 80% de sua propriedade para a exploração do agronegócio. E é exatamente aí que a SaveCerrado atua, remunerando parte dos recursos captados como valoração ecossistêmica, fazendo com que essas propriedades permaneçam preservadas.
“A gente percebe que a única forma de compensar e manter essas florestas de pé é pagando para que os proprietários dessas áreas privadas mantenham as florestas nativas. A preservação tem que ser mais interessante economicamente do que a degradação”, explica o fundador e presidente da ONG, Paulo Bellonia.
Hoje, a SaveCerrado atua em uma área de mais de 180 milhões de metros quadrados, na região de Bonito de Minas (Norte do Estado), dentro de um dos quatro principais corredores de preservação do Cerrado brasileiro.
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“O Cerrado vem sendo ameaçado e hoje sofre mais com o desmatamento do que a Amazônia. A área está sob constante ameaça, colocando em risco espécies da fauna e flora nativas determinantes para a manutenção do bioma”, analisa.
Selos da Save Cerrado
Como forma de reverter a situação e seguindo padrões e normas internacionais ISO 14.064 e GHG Protocol da ONU, a SaveCerrado criou os selos Carbon Neutral e Carbon Friendly. O objetivo é promover o apoio e a preservação das florestas compensando as emissões ao evitar o desmatamento, conhecido como (REDD+).
“As empresas adotam áreas dessas florestas. Nós fazemos a interface com os proprietários e captamos os recursos para garantir a preservação. Funciona nos mesmos moldes do que já conhecemos nas cidades com projetos de adoção de praças e parques. Fazemos os estudos, a conexão entre os donos das áreas e as empresas e os relatórios”, diz.
Ainda conforme Bellonia, os projetos contemplam empresas de pequeno, médio e grande portes. Segundo ele, com R$ 450 mensais a empresa já consegue apoiar 10 mil metros quadrados. Isso equivale a um campo de futebol.
O Selo Carbon Friendly é voltado para todo apoiador, uma vez que este não exige a elaboração do inventário de emissões, e a compensação de carbono está vinculada somente à quantidade de área protegida por esse apoiador. Para tanto, a empresa utiliza o fator correspondente de 52 toneladas de CO2eq para cada 10 mil m² protegidos. Esse fator é baseado em um documento emitido pelo Ministério do Meio Ambiente, que realizou o mapeamento e inventário de todo o Cerrado no Brasil.
Já para a obtenção do Selo Carbon Neutral é necessário contratar uma empresa terceirizada para elaborar o inventário de emissões do apoiador, em alguma atividade específica ou em todas as atividades que envolvem seu dia a dia operacional. Após a conclusão do inventário, é determinada a quantidade de área correspondente necessária a ser protegida para compensar essas emissões.
SaveCerrado integra MM2032
A SaveCerrado faz parte do “Movimento Minas 2032 (MM2032) – pela transformação global”, liderado pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO, em parceria com o Instituto Orior. O MM2032 propõe uma discussão sobre um modelo de produção duradouro e inclusivo, capaz de ser sustentável, e o estabelecimento de um padrão de consumo igualmente responsável, com base nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), promovidos pela ONU desde 2015.
Por tudo o que se propõe, a ONG acaba de ser agraciada na oitava edição do Prêmio José Costa. Reconhecida na categoria “Qualidade Ambiental”, integra o seleto grupo de empresas, personalidades e entidades que foram reconhecidas em diferentes categorias.
“O DC integra a lista de cerca de 100 empresas que já possuem um dos nossos selos. E o trabalho que o veículo faz de divulgação de projetos e práticas em prol do desenvolvimento sustentável já é uma contrapartida por si só. Além disso, a temática abordada pelo Prêmio José Costa nesta edição de 90 anos do jornal funciona como uma identificação natural com o que a SaveCerrado se propõe. Chega de pesquisas, estudos e ideias. O que é propositivo agora é trazer ações práticas. E é isso que o DC e a SaveCerrado fazem”, conclui.
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