Gastronomia

Restaurante Arequipa é ‘pedacinho’ do Peru em BH; conheça o milho roxo e outras iguarias

Bastante cultivado e consumido em terras peruanas, o chamado "maíz morado" na língua nativa possui grãos maiores e bem escuros
Restaurante Arequipa é ‘pedacinho’ do Peru em BH; conheça o milho roxo e outras iguarias
Bebida é vendida a R$ 30 o litro | Crédito: Dione AS/ Arquivo Diário do Comércio

Milho azul, milho branco, milho vermelho. São diversos os tipos deste cereal encontrados na América Latina para além do milho verde popularmente cultivado no Brasil. O alimento, base fundamental na cultura alimentar dos povos originários das Américas, ganhou diversas formas de cultivo e preparo ao longo do tempo. No Peru, por exemplo, predomina o consumo do milho roxo, uma iguaria tipicamente usada para o preparo de doces e sucos por seu sabor mais adocicado. 

A boa notícia é que já é possível variar os sabores do cereal e degustar o milho roxo ao modo peruano em Belo Horizonte. O Arequipa Culinária Peruana, instalado há cerca de sete meses no bairro Carlos Prates, região Noroeste da Capital, é comandado pelo chef Ricardo Gabriel. Ele trouxe de Arequipa, sua cidade natal que dá nome ao empreendimento, a gastronomia típica peruana

O milho roxo certamente é um dos produtos que mais chamam a atenção por sua cor e aparência. Bastante cultivado e consumido em terras peruanas, o chamado “maíz morado” na língua nativa possui grãos maiores e bem escuros. A bebida feita a partir desse tipo de milho e servida tanto no Peru como no Arequipa, em BH, é chamada de chicha.

Bebida de milho roxo
A bebida refrescante feita com o suco do milho roxo é uma das estrelas do Arequipa | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Dione AS

“O milho roxo cresce na região dos Andes (cadeia de montanhas que costeia a América do Sul). A cultura peruana tem a sua cozinha baseada em culturas ancestrais, que domesticaram o milho, e a chicha é uma bebida que tem muita variedade. Em cada país na América do Sul e até na América Central tem um tipo diferente de chicha. A bebida pode ser feita com vários tipos de grãos de milhos, frutas e cereais. Em alguns países, tem certo grau alcoólico. O Peru também tem uma variedade de chichas que se faz com esse milho ou com o milho branco”, pontua o chef Ricardo Gabriel.

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No restaurante Arequipa, a refrescante chicha é servida ao preço de R$ 30 o litro, e é preparada com frutas, dentre elas, maçã verde e limão.

Para além da bebida, o milho roxo também é utilizado para o preparo de outras receitas típicas, como a mazamorra morada, que é uma sobremesa. A receita é preparada com mingau de suco de milho roxo temperado com frutas ácidas, canela e cravo, e também leva amido de milho, ameixas, damascos secos e arroz doce.

Mazamorra morada é preparada com o suco de milho roxo e é servida com arroz doce | Crédito: Divulgação/ Arequipa Culinária Peruana

No Brasil, o milho roxo pode ser encontrado com mais facilidade por fornecedores na cidade de São Paulo, em lugares como o Mercado Municipal, cartão-postal da capital paulista, pelo preço médio de R$ 35 o quilo. Por lá, o cereal também pode ser adquirido na versão em grãos ou em pó.

Em Minas Gerais, a espiga dificilmente é encontrada, mas a reportagem flagrou, no último dia 21 de maio, um vendedor ambulante comercializando o quilo do produto também a R$ 35 no entorno do Mercado Novo, no Centro da Capital.

O milho roxo é comercializado em São Paulo, mas também foi encontrado em BH pela reportagem, em uma rua no Centro da cidade | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Dione AS

Empreender no Brasil

O chef Ricardo Gabriel, que coleciona 12 anos de experiência na gastronomia, afirma que o milho é peça-chave no menu dos restaurantes por onde tem atuado. Antes, ele trabalhava para uma rede de restaurantes peruanos no Brasil até que decidiu empreender no segmento da gastronomia.

“Já passei por São Paulo, Salvador, Curitiba, Cuiabá e, agora, há sete meses em Belo Horizonte. Neste local atual do Arequipa, temos quatro meses. Posso dizer que gostei muito do Brasil e vi uma oportunidade de instalar a culinária peruana por aqui. Mas empreender no Brasil exige que tenhamos um bom capital, conhecimento do País, das pessoas, da cultura. O País é conhecido muito pelo samba lá fora. Já o Peru, é pela comida. Aquela comida raiz, preparada à lenha, tudo feito na hora, com amor, e servido aos amigos”, comenta, se referindo a uma cultura gastronômica também muito semelhante à de Minas Gerais.

Ricardo Gabriel é natural de Arequipa, cidade que dá o nome ao seu restaurante em Belo Horizonte | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO / Dione AS

Tendo passado por várias regiões do Brasil, foi em Belo Horizonte que ele decidiu ficar para difundir a culinária peruana. Ricardo Gabriel revela que os mineiros têm gostado da experiência, ainda mais numa Capital que carece de estabelecimentos especializados na culinária peruana.

O empreendedor também declara que se sentiu atraído pela gastronomia brasileira. “Gosto muito da culinária do Brasil. Os mineiros, aliás, têm uma gastronomia muito parecida com a nossa. Gostam de temperos, sabores, carne de porco que também é muito utilizada no Peru. Aqui, utilizamos, além do porco, frutos do mar, peixe, frango e ingredientes típicos como grãos, cereais, frutas e pimentas peruanas”, observa.

Muitas das bebidas da drinqueria do bar também são peruanas, como o famoso Pisco Sour, um dos drinks mais típicos do Peru.

Pisco Soeur no Arequipa Bar peruano
O Pisco Sour é feito com a bebida pisco, à base de uva e típica do Peru, açúcar, limão e clara de ovo. Na imagem, o drink mais rosado também foi acrescido de suco de milho roxo | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO/ Juliana Baeta

Riquezas da cozinha peruana

Predomina na cozinha do chef, assim como no Peru, diversos tipos de preparo do milho, além de frutos do mar, porco e frango. Os ceviches, por exemplo, são outra especialidade da casa, e servidos em variedade. Conheça algumas das estrelas do menu:

  • ceviche peruano: é preparado com cortes de filé de tilápia ao molho de leite de tigre, com limão, coentro, cebola roxa, e acompanhado de pipoca de milho peruano, batata doce especial, milho verde e pimenta dedo de moça.
  • ceviche misto: leva iscas de file de peixe e misto de frutos do mar ao molho de leite de tigre, acompanhado de batata doce e pipoca de milho peruano.
  • ceviche de salmão: dadinhos de salmão ao molho de leite de tigre, cebola roxa, coentro, acompanhado de batata doce da casa, milho verde, pipoca de milho e chips de banana da terra
Tradicional ceviche peruano | Crédito: DIÁRIO DO COMÉRCIO/ Dione AS

No Arequipe Culinária Peruana o mineiro também pode experimentar outras iguarias como o polvo ao molho anticuchero feito com tentáculos de polvo marinado ao molho feito de pimentas peruanas e outros temperos, acompanhado de batatas e vegetais grelhados ao molho de chimichurri.

O restaurante também faz uma homenagem ao Estado, com o arroz chaufa mineiro, preparado com linguiça suína defumada, linguiça calabresa, barriga de porco com torresmo, pimentão e cebolinha, acompanhado de omelete e palha de massa crocante.

Os pratos são servidos no quintal do restaurante, que conta com uma decoração especial inspirada na cidade de Arequipa e nos costumes peruanos, com muitas cores e símbolos do país. Há ainda música típica ambiente e atendimento personalizado.

O Arequipa funciona diariamente para almoço e jantar, entregas em delivery, e aos finais de semanas com atendimento até as 22h. Ele está localizado na rua Lagoa Santa, nº 106, no bairro Carlos Prates, em BH.

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