A história da mulher na sociedade é marcada por muita luta e resiliência. De forma lenta e gradual, as mulheres foram conquistando seu espaço no mercado de trabalho e em locais antes ocupados somente por homens. No entanto, quando se fala em cargos de liderança apenas 37,4% são ocupados por mulheres, segundo dados do IBGE. Por isso, debater sobre como o público feminino pode alcançar esses espaços é fundamental para que possa haver mais diversidade no mercado de trabalho.

Pensando nisso, a Câmara Americana de Comércio em Belo Horizonte (Amcham-BH) promoveu o webinar “Fórum de Mulheres 2022 – Liderança de Influência”, visando compartilhar experiências e desafios que as mulheres enfrentam no meio corporativo. A atividade, que obteve a participação de mais de mil pessoas, contou com o benchmarking de líderes da empresa de sapatos, bolsas e acessórios, Luiza Barcelos, da Forno de Minas e da Kinross Brasil Mineração.

Um dos grandes debates da atividade foi a importância da representatividade que uma mulher em papel de liderança tem. “Há ainda um longo caminho no contexto do setor privado para que a conquista do espaço das mulheres seja ainda maior nos próximos anos. Por esta razão, tivemos no Fórum convidadas que representam empresas de diversas nacionalidades, portes e setores de atuação. Essas mulheres também têm histórias de vida muito diferentes e conseguem compartilhar o sucesso em um País de cultura ainda muito conservadora e em competição com os homens”, destaca a CEO da Amcham Brasil, Deborah Vieitas.

O encontro procurou apresentar as habilidades e os atributos que a mulher proporciona ao desempenhar um papel de liderança. “Cuidamos da empresa como se cuida da família e isso nos faz ter uma visão de empresa mais humanizada. O que eu mais faço é cuidar das pessoas e acredito que temos essa capacidade mais aflorada de ouvir e ter empatia, o que faz toda diferença”, afirma a diretora criativa do grupo que leva seu nome, Luiza Barcelos.

Outro ponto importante é que o trabalho funciona como uma extensão da vida pessoal e, com isso, muito dos valores individuais são levados para o campo profissional. “Se você não é feliz na sua vida pessoal, você não consegue ser produtivo no trabalho. Temos esse cuidado e respeito para entender os problemas de cada colaborador. Essa forma de liderança é um valor que as mulheres trazem e é algo positivo para a sociedade”, destaca a diretora de RH e Gestão Estratégica da Forno de Minas, Hélida Mendonça.

Machismo e maternidade

Sabe-se que uma liderança feminina tem muito a acrescentar no ambiente corporativo, mas um grande dificultador para que as mulheres ocupem mais espaços é a falta de oportunidades em profissões onde a maioria é ocupada por homens. “Entrei no setor de mineração por acaso e fiquei por escolha. É um ambiente em sua maioria pouco acolhedor para as mulheres. Para mudar isso é necessária uma mudança na cultura, algo que é difícil no longo prazo. Tem que ter um trabalho de métricas e de mudança na mentalidade para melhorar esse ambiente”, afirma a diretora de Relações Governamentais e Responsabilidade Social na Kinross Brasil Mineração, Ana Cunha.

No setor de tecnologia, o cenário é parecido: por muito tempo foi uma área dominada por homens, mas hoje muitas mulheres conseguem conquistar o seu espaço.

Além disso, uma dúvida que aparece para grande parte das mulheres na sua jornada profissional é a maternidade, pois grande parte do mercado ainda acredita ser impossível conciliar carreira e filhos.

Ainda são muitos os desafios que a mulher enfrenta em sua carreira profissional. Mas, vendo exemplos inspiradores, o público feminino pode almejar e se inspirar para conquistar melhores espaços. “Como afirmou Lisiane Lemos, uma ativista da causa da mulher negra, ‘a pessoa precisa olhar para o topo e ver alguém como ela lá em cima’”, destaca a CEO Deborah Vieitas.