Cibersegurança: ataques digitais ameaçam operações de empresas em Minas

Antes pontuais e amadores, os ataques digitais agora são conduzidos por grupos organizados que paralisam sistemas e inviabilizar operações de empresas. A escalada das ameaças segue impulsionando investimentos em segurança digital no País, com Minas Gerais em destaque, especialmente nos setores de mineração e siderurgia.
Um levantamento realizado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) comprova os avanços de negócios brasileiros no que tange à segurança digital. Em 2018 o Brasil foi classificado como o sexto país nas Américas em comprometimento a Agenda Global de Segurança Cibernética da UIT, e em 2024 saltou para a segunda posição.
A presença no indicador indica uma evolução do País, que agora prioriza estruturas cada vez mais sólidas nas organizações. Dentre as ações citadas no estudo, estão a incorporação de medidas técnicas, novas estruturas de governança, além da capacitação, conscientização e esforços em cooperação internacional.
Apesar dos avanços, as invasões seguem crescentes e cada vez mais robustas, especialmente em setores ainda fragilizados. Nos últimos meses, Minas Gerais tornou-se alvo recorrente de ataques digitais, que afetaram órgãos públicos.
Em Carmópolis de Minas, Serro, Ribeirão Vermelho, Presidente Juscelino e Luz, os prejuízos somados atingiram R$ 5,8 milhões. Já em Belo Horizonte, um esquema criminoso foi capaz de desviar R$ 107 milhões de uma instituição bancária, resultando na prisão de duas pessoas.
O CEO da empresa de cibersegurança TI Safe, Marcelo Branquinho, alerta para o potencial dos ataques digitais, capazes de levar negócios à falência. “Empresas de grande porte, como siderúrgicas, mineradoras, podem paralisar a produção, além de gerar acidentes, perdas de vidas e danos ao meio ambiente. Tudo isso é possível com um ataque cibernético”, pontua.
Para o executivo, a periculosidade de invasões aos sistemas dos principais motores da economia de Minas Gerais levaram o setor a investir cada vez mais em segurança digital. “São atividades que têm muito a perder e por isso possuem uma maior consciência do risco”, ressalta.
Além da própria produção, Branquinho chama atenção para a importância do investimento em segurança cibernética em toda a cadeia produtiva do negócio. Ele cita um caso real em que a fabricação de carros de uma montadora foi paralisada porque uma empresa que fornece volante foi atacada e não conseguiu produzir. “Não adianta proteger só a empresa e sim toda a cadeia produtiva que está abaixo dela”, reforça.
No segmento de energia, uma norma da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) obriga desde 2021 as empresas a implementarem 24 tipos de soluções de segurança cibernética. A obrigatoriedade, segundo o executivo, é o principal caminho para a ampliação do debate no setor público e eleva o nível de maturidade da prestação de serviços.
O movimento também começa a se expandir para outros segmentos, como a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), que está implementando uma norma específica de segurança digital, enquanto a Anatel avança com regras voltadas a equipamentos de telecomunicação. Já no campo financeiro, Branquinho detalha que o Banco Central já exige que todas as instituições que operam o Pix comprovem a adoção de medidas robustas de proteção digital.
“Pouco a pouco, o setor público vem criando normas que passam por auditorias e trazem um nível maior de organização ao tema. É assim que o assunto começa a andar”, avalia o executivo.
Por outro lado, no agronegócio, a segurança cibernética ainda é avaliada como imatura, especialmente em negócios marcados pelo uso inicial de tecnologias. Com a incorporação de novas ferramentas, como a internet das coisas (IOT), tratores autônomos, drones para irrigação e sistemas de controle para envazamentos, a expectativa é que o risco de ataques digitais cresçam, bem como a percepção de risco dos agricultores.
IA defensiva é apontada como solução contra ataques avançados
Com o avanço da tecnologia, criminosos passaram a usar a inteligência artificial (IA) para criação de códigos maliciosos capazes de burlar sistemas de defesa e sofisticar golpes com o intuito de roubar informações pessoais. Muito mais que o acesso a um sistema privado, a IA já é capaz de gerar deepfakes de voz e vídeo avançadas, alertando ainda mais para a necessidade de proteção.
Para o executivo, a resposta contra as novas ameaças precisa ser tão tecnológica quanto os ataques. A sofisticação dos ataques, segundo ele, chegou a um ponto em que não é mais possível enfrentar a inteligência artificial apenas com processos tradicionais de segurança.
Como solução, a TI Safe agora desenvolve a Plataforma Safer, voltada exclusivamente à cibersegurança. A ferramenta personalizada será lançada em janeiro de 2026 ao mercado.
“Nossa missão é desenvolver e aplicar IA defensiva, que permita às organizações detectar atividades suspeitas com rapidez, mitigar riscos de ataques digitais e preservar a continuidade operacional. A cibersegurança sozinha não resolve, mas aliada à educação e à conscientização, pode ser decisiva na proteção da sociedade”, conclui.
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