Após 123 Milhas, ViagensPromo é tema de audiência pública na ALMG

A Comissão de Defesa do Consumidor e do Contribuinte realizou, nesta terça-feira (29), uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para debater os supostos prejuízos provocados pela empresa ViagensPromo a turistas e agências de turismo. O debate, solicitado pelo deputado Professor Cleiton (PV), abordou a situação da empresa que atua como intermediária na venda de passagens aéreas e reservas de hospedagem para agências de viagens.

Atualmente, a ViagensPromo enfrenta uma grave crise financeira que resultou no cancelamento em massa de reservas e em prejuízos para consumidores. No último dia 13 de fevereiro, a operadora comunicou “instabilidade no fluxo operacional e financeiro”. No mesmo dia, a União Nacional dos Agentes de Viagens (Unav), grupo formado por mais de 1.300 agências, manteve contato com o diretor-geral e sócio-fundador da empresa, Renato Kido, e emitiu nota ao mercado afirmando que a ViagensPromo “não dispunha de recursos para honrar as reservas com embarques futuros que ainda não foram quitados”.

Com base nesses fatos e após receber diversas reclamações por parte de representantes do setor durante a audiência, foram aprovados vários requerimentos em busca de soluções para este problema. Entre eles, uma tentativa de costurar no Congresso Nacional, via lei federal, ações para resguardar esses empresários do setor de turismo do País.

O deputado Professor Cleiton pediu que as informações sejam encaminhadas ao Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e à Delegacia de Polícia de Defesa do Consumidor (Decon) em Belo Horizonte pedindo providências durante a audiência para que seja promovida a investigação com o objetivo de apurar a responsabilidade criminal dos dirigentes da ViagensPromo.

“Queremos a apuração ante o fato de ter tal empresa lesado diversas agências de viagens e consumidores. Também queremos que seja encaminhado ao Ministério Público de Minas Gerais as notas taquigráficas dessa reunião extraordinária. E que seja encaminhado ao Banco Central do Brasil pedindo providências para apurar se as instituições financeiras fiscalizadas por essa autarquia estão procedendo ao reembolso solicitado à empresa ViagensPromo em benefício dos consumidores que tiveram desacordo comercial firmados pelo operador turístico”, enumera.

O deputado também reforçou a necessidade de constituir uma comissão extraordinária “para acompanhar, debater e tomar providências no tocante aos prejuízos sofridos pelos consumidores mineiros e por agências de viagens que amargam a falta de pagamento e com o não cumprimento de obrigações por parte da empresa ViagemPromo”, destaca.

Entenda a trajetória da ViagensPromo que repete o que aconteceu com a 123 Milhas

Criada em 2018 por Renato Kido, a ViagensPromo cresceu rapidamente e conquistou uma posição de destaque no mercado. A empresa chamou a atenção dos consumidores por oferecer voos fretados para destinos nacionais principalmente o Nordeste. Além disso, a ViagensPromo pagava comissão alta aos agentes de viagens e lançava promoções exclusivas com preços bem abaixo dos praticados no mercado.

A situação envolvendo a ViagensPromo, que gerou a audiência publica nesta terça-feira, tem semelhanças com o caso da empresa 123 Milhas, que teria lesado cerca de 700 mil consumidores em todo o País no final de 2023.  Os indícios de que algo estaria errado com a empresa surgiram em novembro do ano passado quando teriam começado os atrasos de pagamentos e cancelamentos de serviços. Ainda em 2024, a empresa se desvinculou da Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav).

A reportagem do Diário do Comércio procurou a ViagensPromo, mas não conseguiu contato com a empresa por meio de seus canais oficiais.