Sociedade, governos e empresários devem se unir por um futuro sustentável

Um dos principais motores para a inovação, a produtividade e o bem-estar organizacional é a colaboração no ambiente de trabalho que vai muito além de um simples conceito corporativo.
Katia Raphael, professora da Fundação Dom Cabral (FDC), ex-diretora de estratégia da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRHMG) e CEO na Graphos Consultoria Empresarial, nos convida, em sua entrevista, para uma reflexão sobre como o trabalho colaborativo nas empresas, entre elas e na sociedade contribui diretamente para a Agenda 2030.
O que é, na prática, o trabalho colaborativo?
No ambiente corporativo, colaboração significa muito mais do que compartilhar informações ou trabalhar em equipe. Trata-se de construir relações baseadas em confiança, respeito à diversidade de ideias e objetivos comuns. É, precisamente, a atuar de forma integrada, com menos barreiras hierárquicas e focado nas trocas de conhecimento em prol do resultado que é sucesso coletivo.
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Quais os benefícios dessa metodologia para as empresas?
Empresas que incentivam a colaboração criam um ambiente mais saudável, reduzindo o estresse e promovendo um senso de pertencimento ou até mesmo um sentimento de dono. Os impactos positivos vão desde um melhor clima organizacional até ganhos tangíveis em produtividade, inovação e retenção de talentos.
Como esse modelo de trabalho colaborativo nas empresas se conecta? E o que isso tem a ver com os ODS?
Os ODS foram estabelecidos pela ONU para guiar governos, empresas e a sociedade civil rumo a um futuro mais equilibrado e sustentável. Muitos deles estão diretamente ligados ao conceito de colaboração no ambiente de trabalho:
ODS 8 – Trabalho Decente e Crescimento Econômico
Empresas que promovem ambientes colaborativos garantem melhores condições de trabalho, fortalecem a diversidade de pensamento e criam oportunidades de crescimento para todos.
ODS 9 – Indústria, Inovação e Infraestrutura
Ambientes colaborativos favorecem a experimentação de novas ideias e soluções, e incentivam a busca por melhorias contínuas, o que impulsiona o desenvolvimento de infraestruturas mais eficientes e sustentáveis.
Ambientes colaborativos favorecem a experimentação de novas ideias e soluções, e incentivam a busca por melhorias contínuas, o que impulsiona o desenvolvimento de infraestruturas mais eficientes e sustentáveis.
ODS 10 – Redução das Desigualdades
Investir em diversidade e inclusão cria espaços mais equitativos e promovem a redução das desigualdades dentro e fora do ambiente corporativo. Isso gera reputação e lucro, pois o respeito à diversidade é uma demanda de parte significativa da sociedade.
ODS 12 – Consumo e Produção Responsáveis
A colaboração também contribui para práticas empresariais mais sustentáveis. Quando as equipes trabalham juntas para otimizar processos, reduzir desperdícios e buscar alternativas ecológicas, o impacto ambiental da empresa é reduzido significativamente.
ODS 17 – Parcerias e Meios de Implementação
Esta ODS reforça a importância da cooperação entre diferentes setores para alcançar um desenvolvimento sustentável. Estreitar laços entre os stakeholders – empresas, governos, ONGs e comunidades são a chave para lucros e soluções conjuntas que impactam positivamente a todos.
Qual o papel das lideranças no fomento da colaboração?
É fundamental que os líderes promovam e incentivem uma cultura participativa, inclusiva e colaborativa. Algumas estratégias incluem:
- Fomentar a comunicação aberta e transparente para que todos acessem informações e possam contribuir com ideias
- Valorizar a diversidade onde diferentes vozes e perspectivas sejam ouvidas e respeitadas
- Incentivar o aprendizado contínuo, por meio de treinamentos e trocas de conhecimento entre equipes
- Substituir a cultura da competição predatória pela cooperação e crescimento coletivo
- Adotar tecnologias colaborativas, como plataformas de gestão de projetos e ferramentas digitais que facilitem o trabalho em equipe.
Como promover a colaboração para atuação organizada da sociedade?
Empresas adotam essa mentalidade já contribuem diretamente para os ODS e, consequentemente, para uma sociedade mais justa e próspera porque se torna multiplicadora em todo o ecossistema que atua.
Focar naquilo que realmente agrega valor e evita o desperdício pode ser uma estratégia também em nossas casas?
Claro! Utilizando essa mesma lógica podemos aplicar ao dia a dia em casa. Ao invés de descartar objetos que não usamos mais, por que não doá-los? Brechós, grupos de trocas e bancos de alimentos são exemplos de colaboração sustentável e a economia colaborativa veio para ficar.
A solidariedade é um caminho?
Todos precisamos uns dos outros e somos, por natureza, empáticos ao outro. Sabemos atuar frente a tragédias. Veja o que aconteceu no Rio Grande Sul, a “comoção de colaboração”. Precisamos é usar a sororidade e colaboração como prática para solução das urgências do dia a dia. Além disso, o conceito de lifelong learning (aprendizado contínuo) pode ser um diferencial para 2025 em corporações e indivíduos. Quando aprendemos a nos adaptar a novos contextos, tornamo-nos mais resilientes e prontos para mudanças. O aprendizado não precisa ser apenas técnico. Desenvolver empatia, organização e inteligência emocional pode ser tão ou mais valioso quanto qualquer outra habilidade.
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