Mineiros 50+ brilham no mercado de trabalho

Sueli Regina de Oliveira Barbosa tem 52 anos e há 9 meses é funcionária do Banco Mercantil. José Maria Moreira, de 74 anos, trabalha há 7 meses no Supermercado Verdemar. Ereniza Ferreira, de 69 anos, tem o segundo grau completo, trabalhou em outras empresas do segmento de varejo e, hoje, é funcionária do Assaí Atacarejo, em Belo Horizonte. Todos são exemplos de que um profissional 50+ tem, sim, espaço no mercado de trabalho.
Sueli Regina de Oliveira Barbosa atua como escriturária, fazendo empréstimos consignado e pessoal, abertura e fechamento de conta, portabilidade e atendimento ao público para auxílio em saques e pagamentos no autoatendimento.
Ela conta que teve grande dificuldade de se recolocar no mercado de trabalho, justamente em função da idade. Antes de chegar à instituição financeira, trabalhou por 12 anos no comércio de eletrodomésticos.
“Algumas empresas alegam que mulheres acima de 50 anos não têm capacitação suficiente para trabalhar e ainda demandam mais gastos. Na verdade, essas empresas desconhecem o valor da experiência que temos”, diz.
O conteúdo continua após o "Você pode gostar".
A escriturária também fala sobre o conflito de gerações, já que, nem sempre, os mais jovens estão dispostos a dividir as tarefas com o público 50+. “Não queremos emprego para prejudicar ninguém, e sim para somar. Muitos ainda não me aceitam, mas estou me capacitando e desde que entrei, figuro entre o 1º e o 2º lugar no ranking de produtividade. Quero provar a todos que sou capaz”, revela.

Sueli Barbosa se mantém no mercado de trabalho por uma série de motivos, entre eles, a necessidade financeira. Porém, ela ressalta que a inspiração que vem do marido também é um impulsionador de sua carreira. “Ele é engenheiro mecânico aposentado. Tem 65 anos e atua como professor de matemática e física. Foi ele que me fez enxergar que com garra e força de vontade é possível”, comenta.
Ela é bacharelada em Teologia pela Faculdade Batista e possui curso técnico em contabilidade. Agora, segue se aperfeiçoando com outros cursos na área financeira. “Concluí o curso superior já com quase 50 anos. Ou seja, é possível buscarmos conhecimento, capacitação e oportunidade no mercado de trabalho após 40 ou 50 anos. Quando estou no banco me sinto viva. O trabalho me edifica e me traz saúde”, resume.
José Maria Moreira, de 74 anos, trabalha há 7 meses no Supermercado Verdemar. Antes de aposentar, atuou por anos na construção civil e em grandes obras em Belo Horizonte. Até que a idade chegou, juntamente com a aposentadoria, mas Moreira não pode se dar o luxo de parar de trabalhar.
“A empresa me acolheu, porque o valor que recebo de aposentadoria é muito baixo. Sou embalador de frente de caixa e todos me tratam muito bem. Os mais jovens me respeitam pela experiência que trago”, diz.
Experiência em varejo contou como diferencial para recolocação no mercado de trabalho
Já Ereniza Ferreira tem 69 anos e trabalha como Operadora de Caixa da Cafeteria e Padaria do Assaí Santa Efigênia, em Belo Horizonte. Integrante do time da rede de supermercados há mais de um ano, ela conta que já é aposentada, mas trabalhar lhe dá maior independência.
“Não gosto de ficar parada. Fiquei um ano em casa quando me aposentei, em 2016, mas não me acostumei e fui procurar emprego. Todo lugar que eu ia, sentia dificuldade de me recolocar no mercado de trabalho por conta da idade. Era difícil. Então, surgiu a oportunidade no Assaí e estou muito feliz em fazer parte desse time”, diz.
Ereniza Ferreira tem o segundo grau completo e trabalhou em outras empresas do segmento de varejo, como Operadora de loja e Líder de equipe e Caixa. Ela já estava habituada com o serviço em supermercados, o que foi mais um facilitador para sua contratação.
Sobre a convivência com os colegas mais jovens, ela assegura que é “muito boa, mesmo com a diferença de idade”. “Vou na onda do pessoal mais novo, não é porque sou mais velha que fico de fora dos momentos de descontração. Coloco eles para a frente também na hora de pegar pesado. E eles me ajudam nas funções mais desafiadoras. Um vai ensinando o outro. É um aprendizado de via de mão dupla”, conclui.
Essa é a atual realidade do Brasil. Com o aumento da idade de aposentadoria (62 anos para mulheres e 65 anos para homens) e uma expectativa de vida cada vez maior, as pessoas vão precisar ficar mais tempo no mercado de trabalho.
E a reflexão que fica diante tantos dados, discursos e depoimentos é: você, profissional, até quando pretende exercer sua profissão e seguir com sua carreira? Já olha para o futuro com perspectivas de continuidade na profissão? E você, empresário ou executivo, o que tem feito como contribuição para uma sociedade mais justa e equilibrada? Sua empresa pratica a complementariedade de gerações? Tem espaço para isso? Que tal criar? Pode estar aí a virada de chave que seu negócio precisa e que o mundo espera para ser melhor para todos nós.
Ouça a rádio de Minas