Que tal fundar um clube de leitura na sua empresa?
Mania nacional, os clubes de leitura (sobretudo de prosa de ficção) têm se multiplicado com impressionante rapidez, tanto em Minas quanto no Brasil. Sua estrutura é simples e barata. Os encontros ocorrem, geralmente, uma vez por mês. Ou na residência de um de seus membros, ou em algum restaurante, ou em algum espaço comunitário, de acesso público. Os livros são selecionados pelos organizadores ou, em alguns casos, escolhidos pelos próprios integrantes. Há clubes em que só se lê literatura de autoria feminina, ou de autoria negra, ou de determinado estilo (clássico, policial, de fantasia…). A programação do ano, na maioria dos casos, é definida com bastante antecedência, para dar a todos o tempo necessário à compra e à leitura da obra. Em janeiro, já se tem a lista do que será lido pelo clube até dezembro.
Com duração aproximada de duas horas, as reuniões têm na figura do mediador a chave do seu sucesso. Ele deve ser uma figura habilidosa e de grande poder de comunicação e diálogo. Alguém que saiba como conduzir uma conversa agradável e inteligente num grupo grande – impedindo os falastrões de monopolizarem a fala e ajudando os tímidos a se manifestarem. O mediador também precisa conhecer de modo consistente o livro a ser debatido – para que seja capaz de identificar a sua coluna vertebral, o seu eixo de sustentação, seus temas centrais, o modo como a narrativa se constrói e evolui, a forma como os personagens se comportam. Só assim, ele será capaz de montar um bom roteiro para a discussão coletiva, um percurso que dê conta, de fato, das reflexões que a obra propõe. E que entenda que os participantes estão ali não para encontrar nenhuma suposta ‘verdade’ ou ‘a moral da história’, mas tão somente para dividir com os colegas as impressões e sentimentos que tiveram no curso da leitura, explorando possíveis e múltiplos sentidos para a trama na qual mergulharam.
Tida como atividade essencialmente individual (ou até solitária), a leitura também pode ser uma experiência socialmente partilhada, como provam os clubes. Conheço alguns, como o liderado por Kika Gontijo, que existe há quase vinte anos. Berços de amizades para a vida toda, provam o poder da literatura para promover o encontro com o outro. Canais para a difusão da arte literária, são oportunidades incríveis para a gente falar melhor, conversar melhor, escutar melhor. Pensar melhor.
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