Editorial

Diante da tentativa de golpe, é preciso apagar páginas que não lustram nossa história

Investigações da Polícia Federal revelam uma “tentativa de abolição do Estado de Direito" gestada bem antes do que se imaginava
Diante da tentativa de golpe, é preciso apagar páginas que não lustram nossa história
Crédito: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Conforme divulgado na última semana, investigações da Polícia Federal sobre aquilo que no jargão jurídico é chamado de “tentativa de abolição do Estado de Direito”, revela maquinações que começaram bem antes. Uma ação contínua, articulada e um tanto desinibida, conforme suficientemente demonstrado em reunião do alto escalão do governo anterior, presente então o presidente da República, em que a busca do que foi chamado de “alternativa” para eventual derrota nas urnas, foi abertamente discutida. Conhecida a realidade, que absolutamente não há como ser confundida com “narrativas” interessadas e enviesadas, cabe aguardar que o devido processo legal tenha prosseguimento, que as denúncias sejam acolhidas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e na sequência encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal para julgamento dos indiciados.

Cabe também, e independentemente do que ainda está por acontecer, tirar conclusões, aprender e assim definitivamente apagar para o futuro páginas que não lustram nossa história. Ou, como também tem sido dito e repetido, assegurar compromisso universal com a liberdade e a democracia, impedindo que ideias à margem desses parâmetros possam novamente encontrar espaço para prosperar. Eis porque é preciso compreender bem as entranhas do movimento fracassado, por exemplo, a ênfase dada às atividades de desinformação.

Para assim lembrar que as maquinações golpistas tiveram início e ganharam fôlego com ações visando desacreditar o sistema eleitoral, as urnas, e assim possibilitar o questionamento do resultado da eleição. Tudo isso e muito mais, para além do inquérito que agora apresenta suas primeiras conclusões, num esforço que tinha como núcleo o tal “Gabinete do Ódio”, que gestava e divulgava mentiras, fake news sem o mínimo traço de escrúpulos, tendo como principal arma para isso as ditas redes sociais. Este é o ponto que, para a frente, e permanentemente, deve ser foco de absoluta atenção, no entendimento de que esta continua sendo, verdadeiramente, a maior das ameaças.

Lembrando também que não há como ou porque entender que mentiras possam ter abrigo ou meramente confundidas com liberdade de expressão, ficando as ações de contenção com a pecha de censura. Absolutamente não é assim que nos ensinam os fatos agora conhecidos. Eis porque a regulamentação das redes sociais, mais amplamente da própria internet, que não pode continuar sendo terra sem dono e sem lei, precisa mais do que no passado ser entendida como garantia de valores que não podem ser negociados.

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