Diante da tentativa de golpe, é preciso apagar páginas que não lustram nossa história

Conforme divulgado na última semana, investigações da Polícia Federal sobre aquilo que no jargão jurídico é chamado de “tentativa de abolição do Estado de Direito”, revela maquinações que começaram bem antes. Uma ação contínua, articulada e um tanto desinibida, conforme suficientemente demonstrado em reunião do alto escalão do governo anterior, presente então o presidente da República, em que a busca do que foi chamado de “alternativa” para eventual derrota nas urnas, foi abertamente discutida. Conhecida a realidade, que absolutamente não há como ser confundida com “narrativas” interessadas e enviesadas, cabe aguardar que o devido processo legal tenha prosseguimento, que as denúncias sejam acolhidas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e na sequência encaminhadas ao Supremo Tribunal Federal para julgamento dos indiciados.
Cabe também, e independentemente do que ainda está por acontecer, tirar conclusões, aprender e assim definitivamente apagar para o futuro páginas que não lustram nossa história. Ou, como também tem sido dito e repetido, assegurar compromisso universal com a liberdade e a democracia, impedindo que ideias à margem desses parâmetros possam novamente encontrar espaço para prosperar. Eis porque é preciso compreender bem as entranhas do movimento fracassado, por exemplo, a ênfase dada às atividades de desinformação.
Para assim lembrar que as maquinações golpistas tiveram início e ganharam fôlego com ações visando desacreditar o sistema eleitoral, as urnas, e assim possibilitar o questionamento do resultado da eleição. Tudo isso e muito mais, para além do inquérito que agora apresenta suas primeiras conclusões, num esforço que tinha como núcleo o tal “Gabinete do Ódio”, que gestava e divulgava mentiras, fake news sem o mínimo traço de escrúpulos, tendo como principal arma para isso as ditas redes sociais. Este é o ponto que, para a frente, e permanentemente, deve ser foco de absoluta atenção, no entendimento de que esta continua sendo, verdadeiramente, a maior das ameaças.
Lembrando também que não há como ou porque entender que mentiras possam ter abrigo ou meramente confundidas com liberdade de expressão, ficando as ações de contenção com a pecha de censura. Absolutamente não é assim que nos ensinam os fatos agora conhecidos. Eis porque a regulamentação das redes sociais, mais amplamente da própria internet, que não pode continuar sendo terra sem dono e sem lei, precisa mais do que no passado ser entendida como garantia de valores que não podem ser negociados.
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