Editorial

Para ficar na história

Força das manifestações populares contra a PEC da Blindagem e possível encontro entre Lula e Trump reacenderam a esperança no Brasil
Para ficar na história
Crédito: Adobe Stock

A semana que está terminando foi, para o Brasil e para os brasileiros, preenchida por acontecimentos marcantes, acerca dos quais a história guardará devido registro. No domingo (21), e nas principais cidades do País, manifestações populares que ganharam intensidade e consistência, deixando devidamente assinalada o mais evidente repúdio aos desvios no campo político, em particular proposições como anistia para líderes e participantes da tentativa de golpe em 2023 e a infame “PEC da Blindagem”, que, se aprovada, levaria aos píncaros e à mais absoluta impunidade delitos praticados no âmbito das casas legislativas. E na segunda-feira (22), em Nova York, na sede das Nações Unidas, o breve encontro entre os presidente Lula e Trump, com o segundo registrando que desse momento resultou “uma química” que pode ajudar a apagar equívocos que vêm marcando a relação, se não entre os dois países, certamente entre seus atuais governos.

Como está dito acima, dois movimentos até certo ponto inesperados e, assim, envoltos em alguma dose de surpresa, mas objetivamente da maior importância.

E com resultados imediatos. O Senado rapidamente cuidou de apagar – e sepultar – a vergonhosa tentativa de blindagem de parlamentares, que se bem-sucedida seria o coroamento da impunidade e assim convite a abusos numa escala impensável. Na sequência e, provavelmente, com algum tipo de correlação entre os dois movimentos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, cumprindo, como presidente do Brasil, a tradição que vem de 1947, abriu a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU). E com um discurso de grande impacto firmando a posição brasileira diante dos grandes temas da atualidade, além de denunciar firmemente a desmontagem do multilateralismo, além de pressões e tentativas de intervenção patrocinadas pelo governo dos Estados Unidos. Mereceu aplausos sete vezes ao longo de sua fala.

Conforme o protocolo, falou em seguida o presidente Donald Trump, com críticas contundentes à própria ONU, defesa de sua administração e novas críticas ao Brasil, no roteiro já conhecido. E com uma grande surpresa ao interromper o discurso lido para, de improviso, relatar o encontro que tivera um pouco antes com o “líder” do Brasil. E dizer que gostou daquele homem simpático, registrando uma boa “química” entre eles e assim anunciar a possibilidade de um encontro que deve acontecer ainda no decorrer desta semana.

Poderá ser o fim das maiores tensões entre os dois países ou pelo menos de sua pior parte, abertas as portas para o tão necessário diálogo. Pontos para nosso presidente, que não se curvou e claramente mostrou a sua força.

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