Opinião

Novos paradigmas bélicos

Novos paradigmas bélicos
Crédito: Manoel Evandro

Carlos Perktold*

Minha geração viveu a vida imaginando que o risco de destruição em massa, se houvesse uma nova guerra mundial, seria com bombas atômicas ou de hidrogênio, várias vezes mais poderosas que aquelas de Hiroshima e Nagasaki. Elas cairiam no Ocidente e Oriente, em trocas que dizimariam a civilização.

A corrida bélica que vimos entre capitalistas versus comunistas era tão grande quanto o incalculável dinheiro gasto para manter o medo entre os governantes e habitantes deste Planeta Azul. É o mesmo que faz hoje o ditador da Coreia do Norte: prejudica o povo, empobrece o país e aumenta o narcisismo do governante ameaçador. Para nossa surpresa, nada disso é importante mais e toda a dinheirama gasta nos projetos bélicos da ex-futura III guerra mundial foi inútil frente a um micro-organismo visível apenas em microscópio eletrônico.

Descobriu-se um novo paradigma bélico. De grandes bombas e foguetes teleguiados, capazes de arrasar o planeta, passamos a um diminuto ser, algo inimaginável que não precisa de soldados, nem trincheiras, nem canhões, nem bombas ou lança-chamas para vencer uma guerra. Basta ele, um ser minúsculo criado em laboratório.

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O novo campo de batalha está em qualquer lugar do planeta. O novo vírus faz de cada cidade, bairro ou casa um potencial inimigo e faz de todos nós um soldado agindo involuntariamente em nome do inimigo. Os minúsculos organismos se transformam em bilhões de soldados invisíveis dentro de nossa própria casa. Tornamo-nos todos um fogo-amigo, transmitindo algo mais perigoso que a bomba. Enquanto esta é devastadora e deixa registros de dolo, aqueles não deixam rastros.

Como no passado recente quando o avião Enola Gay arrasou as duas cidades japonesas, o atual também vem dessa forma, carregado por agentes que nem sabem o que trazem na bagagem. Ele passa literal e rapidamente de mão em mão, levando o pânico aos países, destruindo fábricas e comércio, fechando escolas e dizimando gente.

É um micro-organismo capitalista nascido em país comunista: destrói as pessoas e preserva as propriedades. Com sua chegada a população para, o preço das ações negociadas em bolsa de valores cai pela metade e as grandes empresas se tornam presas fáceis para qualquer inimigo interessado em nossa economia. Tudo sob a égide da legalidade. De agora em diante veremos a repetição da história de David e Golias: os micro- organismos substituirão as bombas e canhões.

Prefeitos e governadores brasileiros interessados em suas próprias carreiras, determinaram o fechamento de tudo e agora perceberam que é inútil e comprometedor uma guerra política com o governo federal. Perceberam o óbvio: é o giro que mantém o equilíbrio da economia.

Interesses políticos pessoais devem ser deixados de lado em momento que devemos pensar no País e no nosso povo: eles nos levam à autodestruição e que “fechar tudo” tem um duplo sentido: fechamos o País junto e todos perdem.

*Psicanalista, advogado e escritor

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