Opinião

Polarização nunca mais

Polarização nunca mais
Crédito: Pixabay

Tilden Santiago*

Passamos um bom tempo numa polarização entre Estados unidos e União Soviética: a Guerra Fria. E sobrevivemos, superando o Nazismo e o Stalinismo. Mas, a inexorabilidade das crises cíclicas, que o capitalismo dominado pela obsessão do mercado livre impôs e gerou a cumulação do dinheiro e das riquezas, sufocando não só as estruturas da sociedade.

Mas a consciência, as mentes e os corações da maioria de banqueiros, financistas, estrategistas, homens de poder e de negócios e intelectuais inescrupulosos.
A inteligência humana tem-se mostrado incapaz de construir um novo projeto libertador e pacificador. Intelectuais, cientistas e uma elite pensante mostram-se inertes diante de milhões de pobres na miséria e/ou sem emprego.

Quanto a estes (os pobres), só lhes resta tentar sobreviver face a uma alternativa caótica, única e verdadeira, que começa a lhes ser oferecida: a “Civilização“ ou a “Barbárie”. Estamos correndo o risco de um retrocesso histórico e mundial.

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Mas no Brasil esse impasse está se dando, após a superação do golpe de 1964, a anistia, ainda que relativa, o Movimento das Diretas-já e a Constituinte de 1988. Esqueço o governo Collor que não deixou nenhuma marca profunda na história política contemporânea.

O foco na análise do atual impasse e risco, a barbárie, deve ser dirigido a outra polarização, essa nacional e não mundial. Como foi a polarização da Guerra Fria, uma raiz inegável e responsável historicamente pela “détresse” atual: a bipolarização PSDB X PT que durou quase 20 anos.

Sendo nascido em 1940, este escriba se sente filho de uma geração de jovens frustrada por ter contribuído para o fim do golpe e fracassado na construção de um novo Brasil democrático, a serviço de toda a Nação, em especial dos pobres do Oiapoque ao Chuí.

Como sacerdote itinerante, congregando com os anglicanos, tenho orado frequentemente em dezenas de templos evangélicos fundamentalistas, especialmente pentecostais, nas vilas e favelas da Grande BH. O povo está órfão, ovelhas abandonadas dos pastores da Nação – face à elite política, econômica e intelectual, que se considera civilizada e civilizadora. Será?

Na Europa, são considerados bárbaros pelos letrados, políticos e homens de negócio, os refugiados pobres, os nativos vindos da África e do Oriente. E ainda pensam que só eles têm pendor civilizatório. Talvez a sociedade pensada e embalada por eles é que incorpora já, sementes da barbárie que se inicia, tendo como vítimas milhões de pobres excluídos.

Se refletirmos sobre as três polarizações – EUA X URSS, PT X PSDB e Civilização X Barbárie, descobriremos que vale a pena lutar por um mundo civilizado, unificado na justiça, na paz, na solidariedade, impedindo o advento de mais uma polarização. Civilização X Barbárie. Polarização nunca mais: Unidade na pluralidade sempre.

*Jornalista, Embaixador e Sacerdote Anglicano

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