Alckmin vai depor em inquérito sobre doação da Odebrecht
São Paulo – O ex-governador de São Paulo e pré-candidato à Presidência pelo PSDB, Geraldo Alckmin, afirmou ontem que ainda não foi notificado sobre o pedido de depoimento feito pelo Ministério Público do Estado no inquérito civil que investiga doações de R$ 10,3 milhões da Odebrecht nas campanhas de 2010 e 2014. O inquérito, que corre sob sigilo de Justiça, foi aberto com base nas delações da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. A data foi marcada para o próximo dia 15, último dia de inscrição das chapas na Justiça eleitoral. “Não fui notificado, não tive nenhuma informação sobre isso, mas prestarei todas as informações”, disse Alckmin, acrescentando também entender que a notícia “não atrapalha” a campanha em andamento. Esta é a primeira vez que o pré-candidato do PSDB à Presidência é chamado a depor em São Paulo sobre as delações da Odebrecht no âmbito da Operação Lava Jato. Alckmin já prestou depoimento por escrito sobre o mesmo fato em outro inquérito que tramitava no Superior Tribunal de Justiça (STJ) e foi remetido para a Justiça Eleitoral paulista em abril, depois que ele renunciou ao governo para disputar a eleição e perdeu o foro privilegiado. O inquérito civil em São Paulo foi instaurado no dia 20 de abril pela Promotoria do Patrimônio Público. Além de Alckmin, são alvo da investigação Adhemar César Ribeiro, cunhado do tucano, e o ex-secretário e ex-tesoureiro da campanha de Alckmin em 2014, Marcos Monteiro. Segundo dois delatores da Odebrecht, Ribeiro e Monteiro foram os responsáveis por receber os supostos pagamentos durante as campanhas de 2010 e 2014, quando o tucano se elegeu e reelegeu governador do Estado. Campanha – O tucano afirmou também que haverá espaço para os partidos do Centrão na coordenação da campanha e na elaboração do programa de governo. Alckmin disse que o ex-governador de Goiás Marconi Perillo continua na coordenação de campanha, mas que ela será feita de forma colegiada. “Outros partidos vão participar do conselho político, do programa de governo, das propostas, na campanha, do governo”. Apesar de confirmada nos bastidores a negativa do empresário Josué Gomes de ser vice na chapa de Alckmin, o tucano não quis confirmar em público o teor da conversa. “Vice é construção coletiva, gostei quando me indicaram o nome de Josué. Se for ele o nome, ótimo. Se não for, vamos buscar outro”, disse o ex-governador, após participar de encontro promovido pela Amcham em São Paulo. “Josué já está na nossa campanha, se vai ser vice ou não, vamos ver”. O pré-candidato à Presidência pelo PSDB negou, no fiml da noite da última segunda-feira (23), que tenha concordado com a volta do imposto sindical, que foi extinguido pela reforma trabalhista aprovada no governo do presidente Michel Temer. “Não há hipótese de voltar o imposto sindical. Imposto sindical, esquece”, disse o tucano, durante entrevista no programa Roda Viva, da TV Cultura. “Os trabalhadores é que vão se organizar. Se vai ter ou não contribuição, é uma questão dos trabalhadores”, afirmou. Após atrito com dirigentes do Solidariedade, partido que compõe o Centrão e defende a volta da contribuição, Alckmin se reuniu no fim de semana com o presidente do partido, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, e dirigentes sindicalistas, para discutir uma proposta sobre o tema. A proposta em discussão permite que negociações trabalhistas aprovadas em assembleia gerem uma contribuição sindical a ser descontada de todos os trabalhadores beneficiados pelo acordo. Para o Solidariedade, as assembleias teriam de ter a presença de ao menos 20% dos trabalhadores da categoria.
Ouça a rádio de Minas