Política

Brasil não precisa de uma nova Constituição, avalia Cármen Lúcia

Ministra do Supremo Tribunal Federal descarta necessidade de mudanças no texto original da “Carta Magna” promulgada em 1988
Brasil não precisa de uma nova Constituição, avalia Cármen Lúcia
Durante participação virtual em seminário realizado pela ACMinas, a ministra Cármen Lúcia, que é presidente do TSE, afirmou que o sistema eleitoral brasileiro é eficiente | Foto: Ton Molina / STF

O Supremo Tribunal Federal (STF) é considerado o “guardião” da Constituição, conforme definido no artigo 102 da “Carta Magna”. Para falar sobre “O papel do STF na Democracia Brasileira”, a ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Cármen Lúcia, se reuniu de forma on-line na quarta-feira (25) com representantes da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas). “A Constituição é um garante da democracia”, destacou.

Ela observou que a sociedade não é estática e passa por transformações. Durante o evento, que faz parte do 28º ciclo do Seminário Permanente da Reforma do Estado Brasileiro, a ministra ressaltou a importância de construir uma sociedade livre, justa e solidária, que é um dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil, previsto no artigo 3º da Constituição Federal.

Para a mineira Cármen Lúcia, a transformação da sociedade passa pelo investimento na educação e destacou a importância da leitura, que deveria ser estimulada pela viabilização de bibliotecas nos municípios. Ela também ressaltou o papel das entidades na promoção das mudanças, já que o “Estado brasileiro não dá conta de tudo”.

Redes sociais

Antes da palestra promovida pela ACMinas, a ministra votou a favor da responsabilização civil das plataformas que operam as redes sociais pelas postagens ilegais feitas por seus usuários. Com o voto de Cármen Lúcia, a Corte formou placar de 8 votos a 2 pela inconstitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet (Lei 12.965/2014), norma que estabeleceu os direitos e deveres para o uso da internet no País.

Citando o exemplo do Marco Civil da Internet, que é uma lei de 2014, a ministra explicou que o que muda é a interpretação da lei, já que a tecnologia bem como a sociedade mudam. No entanto, ela frisou que não é necessária uma nova Constituição, mesmo que o texto original seja de 1988. “Uma Constituição nova vem quando há ruptura”, disse.

O Brasil teve sete cartas constitucionais. A constituição de 1988, em vigor, é a sétima adotada no País, as anteriores são de: 1824, 1891, 1934, 1937, 1946 e 1967.

Das sete constituições, quatro foram promulgadas por assembleias constituintes (1891, 1934, 1946 e 1988), duas foram outorgadas – uma por D. Pedro I (1824) e outra por Getúlio Vargas (1937) – e uma aprovada pelo Congresso por exigência do regime militar (1967). A Constituição Federal pode ser “atualizada” por meio de uma proposta de emenda à constituição (PEC).

Ela acrescentou que a Constituição dos Estados Unidos é a mesma, atualizada por meio das jurisprudências (conjunto de decisões, interpretações e aplicações de leis feitas pelos tribunais ao longo do tempo). Escrita em 1787, ratificada em 1788 e em vigor desde 1789, a Constituição dos Estados Unidos é a carta de governo escrita mais antiga do mundo.

Cármen Lúcia também destacou a eficiência do sistema eleitoral brasileiro e falou sobre a importância do meio ambiente. “A água é um bem finito, só que eu nunca vi uma campanha educativa sobre o seu uso adequado”, criticou.

Seminário Permanente da Reforma do Estado Brasileiro é promovido pela ACMinas

A palestra da ministra fez parte de uma iniciativa da ACMinas, que já contou com quase 40 palestrantes. A entidade, desde março de 2024, iniciou uma série de debates que fazem parte do Seminário Permanente da Reforma do Estado Brasileiro. A finalidade é ouvir palestrantes dos mais variados segmentos, assim como sua própria comunidade de associados, no sentido de formalizar, dentro do que seja o senso comum, de forma propositiva, sugestões de mudança no Estado brasileiro, na construção do Brasil que a sociedade empresarial deseja criar, sob a perspectiva de um futuro melhor.

O projeto da associação se destaca não apenas pelo diagnóstico, mas também pela busca de soluções concretas. A entidade tem a ambição de produzir um documento final que reflita o pensamento coletivo do setor empresarial, com críticas, sugestões e propostas para transformar o Brasil em um País mais justo, eficiente e competitivo.

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