Centrão tende a fazer aliança com Alckmin
Brasília – O bloco dos partidos do Centrão adiou para próxima semana o anúncio de quem o grupo apoiará nas eleições 2018. As siglas se aproximaram ontem de uma aliança com o tucano Geraldo Alckmin, que possui preferência no bloco formado por DEM, PP, PR, PRB e Solidariedade. Em público, porém, o discurso é de que existe uma divisão equilibrada com o pedetista Ciro Gomes, mas dirigentes do PP afirmaram que o acordo com o tucano já foi fechado. Até a semana passada, antes da adesão do PR, Ciro tinha mais força e a preferência de pelo menos dois presidentes dos partidos. Porém, recentes declarações polêmicas de Ciro provocaram desgaste e receio nos partidos, como um xingamento a uma promotora de Justiça, na ação movida por injuria racial em declaração crítica ao vereador paulistano Fernando Holiday, do DEM. Além disso, há resistência a propostas econômicas do pedetista. O presidente do PR, Marcos Pereira, disse que em conversa no último sábado, em São Paulo, Ciro se comprometeu a aceitar sugestões na área econômica e a não interferir na pauta legislativa em questões de costumes importantes para o partido, como aborto ou questões homoafetivas. “Mas aí vem essa bomba que está em toda imprensa, essa carta para a Embraer”, disse Pereira. Na última quarta-feira, Ciro divulgou carta enviada aos presidentes da Boeing e da Embraer em que sugere a dissolução do acordo fechado entre as duas companhias por meio do qual a norte-americana assumirá o controle da divisão de aviação comercial da Embraer através da criação de uma joint venture de US$ 4,75 bilhões. Ciro Gomes está em Brasília, mas os principais integrantes do bloco viajaram a São Paulo para conversar com Alckmin. Mais cedo, Alckmin desmarcou de última hora compromissos que tinha no interior de Minas Gerais e permaneceu na capital paulista para a reunião. O tucano recebeu na última quarta-feira (18) indicativo de aliança formal do PTB, partido que está no cerne do escândalo do Ministério do Trabalho, mas evitou críticas e defendeu que bons quadros de todos os partidos participem do governo – discurso que agrada aos dirigentes do Centrão. A chegada do PR ao grupo também favoreceu Alckmin. Há a possibilidade de adesão ainda de partidos menores ao bloco, como PHS e Avante (antigo PTdoB) – parlamentares dos dois partidos foram ao encontro matinal na residência oficial do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). “É possível (a adesão)”, disse o presidente do DEM, ACM Neto, também prefeito de Salvador. Os partidos adiaram a decisão sob justificativa de que cada legenda irá realizar consultas internas nos próximos dias para anunciar publicamente uma decisão comum na semana que vem. Os tucanos foram avisados de que o prazo seria a próxima quinta-feira. “Progressistas, PR, PRB, Democratas e Solidariedade reafirmam a união e o compromisso de construir um projeto comum para as eleições deste ano. O momento é de ponderar, em conjunto, o melhor caminho para o futuro do Brasil. Ciente dessa responsabilidade e do papel que o Centro Democrático vai desempenhar nesta eleição, cada partido vai realizar consultas internas nos próximos dias com o propósito de anunciar publicamente uma decisão comum na semana que vem”, diz a nota conjunta. Josué Gomes – Em jantar na noite da última quarta-feira, o grupo reafirmou a união no bloco e indicou o empresário Josué Gomes (PR-MG), da Coteminas, como pré-candidato a vice-presidente e representante dos partidos. O presidente do PRB, ex-ministro Marcos Pereira (Indústria), disse que não houve consenso no grupo, nem avanço na articulação Ele também descartou um acordo nessa semana em prol do tucano ou do pedetista: “Sem consenso, vai longe ainda”. Também estiveram no café da manhã os deputados Marcelo Aro (PHS-MG), Luís Tibé (Avante-MG), Bebeto (PSB-BA), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Paulinho da Força (SD-SP), o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o ex-deputado Valdemar Costa Neto (PR).
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