Política

Lula não desiste de ser candidato

São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou em manifesto divulgado ontem o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), por decisões monocráticas em pedidos feitos por sua defesa na Corte e reafirmou sua candidatura à Presidência da República na eleição de outubro. Lula está preso em Curitiba desde abril cumprindo pena por corrupção e lavagem de dinheiro no caso envolvendo o apartamento triplex no Guarujá, um processo ligado à Operação Lava Jato. Fachin, que é relator da Lava Jato no Supremo, decidiu remeter o julgamento de um pedido de liberdade do ex-presidente para apreciação do plenário do Supremo – e não para a Segunda Turma da corte. Os advogados de Lula contestaram a decisão dele e tentaram, sem sucesso, que o caso fosse apreciado pela Segunda Turma. Pela segunda vez, Fachin rejeitou. Defensores de Lula consideravam que em um julgamento por esse colegiado menor – composto por cinco dos 11 ministros – haveria chances de vitória do petista. “As decisões monocráticas têm sido usadas para a escolha do colegiado que momentaneamente parece ser mais conveniente, como se houvesse algum compromisso com o resultado do julgamento. São concebidas como estratégia processual e não como instrumento de Justiça”, afirmou Lula no manifesto, lido pela presidente nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), durante reunião da Executiva do partido. “Tal comportamento, além de me privar da garantia do juiz natural, é concebível somente para acusadores e defensores, mas totalmente inapropriado para um magistrado, cuja função exige imparcialidade e distanciamento da arena política. Não estou pedindo favor; estou exigindo respeito”, acrescentou o petista. Lula lidera as pesquisas de intenção de voto para a Presidência na eleição de outubro, mas pode ficar impedido de entrar na disputa por causa da Lei da Ficha Limpa, que torna inelegíveis condenados por órgãos colegiados do Judiciário. Ainda assim, Lula reafirmou ser inocente e disse que sua candidatura será registrada até o dia 15 de agosto, como determina a Justiça Eleitoral. “Se não querem que eu seja presidente, a forma mais simples é ter a coragem de praticar a democracia e me derrotar nas urnas”, escreveu o petista. “Não cometi nenhum crime. Repito: não cometi nenhum crime. Por isso, até que apresentem pelo menos uma prova material que macule minha inocência, sou candidato a presidente da República. Desafio meus acusadores a apresentar esta prova até o dia 15 de agosto deste ano, quando minha candidatura será registrada na Justiça Eleitoral”, ressaltou Lula. “Tudo isso me leva a crer que já não há razões para acreditar que terei justiça, pois o que vejo agora, no comportamento público de alguns ministros da Suprema Corte, é a mera reprodução do que se passou na primeira e na segunda instâncias”, escreveu o ex-presidente da República no documento, lido pela presidente nacional da sigla, senadora Gleisi Hoffmann, durante reunião da Executiva Nacional do PT, em Brasília, Lula destacou: Manobra – Citando nominalmente o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Suprema Corte, o ex-presidente reclamou que o magistrado retirou da Segunda Turma o julgamento do habeas corpus e o remeteu para o plenário. “Tal manobra evitou que a Segunda Turma, cujo posicionamento majoritário contra a prisão antes do trânsito em julgado já era de todos conhecido, concedesse o habeas corpus”, disse. “Cabe perguntar: por que o relator, num primeiro momento, remeteu o julgamento da cautelar diretamente para a Segunda Turma e, logo a seguir, enviou para o plenário o julgamento do agravo regimental, que pela lei deve ser apreciado pelo mesmo colegiado competente para julgar o recurso?”, questionou Lula. PT DEFINE COORDENAÇÃO DE CAMPANHA No mesmo dia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou carta dizendo que já não tem razões para acreditar que terá “justiça”, o PT confirmou a incorporação de novos nomes à coordenação da campanha presidencial da sigla. Reunida ontem em Brasília, a Executiva Nacional petista informou que o ex-presidente da Petrobras Sergio Gabrielli assumirá como coordenador-geral da campanha. O ex-ministro Ricardo Berzoini vai coordenar as finanças da candidatura petista. Além deles, os ex-ministros Luiz Dulci e Gilberto Carvalho e o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, também foram indicados para a compor a equipe. O ex-prefeito da capital paulista Fernando Haddad, tido como “plano B” do PT para a disputa presidencial, continua como coordenador do programa de governo. Recentemente, Haddad se integrou à equipe de advogados do ex-presidente, o que lhe dará acesso livre ao petista na prisão. As indicações para a coordenação da campanha foram atribuídas ao próprio Lula. Todos os nomes apresentados já vinham participando de reuniões do chamado “conselho político”, montado para conduzir a estratégia eleitoral da legenda. A Executiva do PT também aprovou um calendário de mobilizações em defesa da liberdade do ex-presidente e do direito de ele ser candidato ao Planalto. O partido promete organizar uma “marcha” em Brasília para marcar, no dia 15 de agosto, o registro da candidatura de Lula no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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