Política

PT cogita ?preposto? do ex-presidente

São Paulo – Se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva for impedido de disputar a eleição presidencial de outubro, o substituto, seja ele quem for, será um “preposto” do ex-presidente, disse um dos coordenadores do programa de governo petista, Márcio Pochmann, que acrescentou que o nome escolhido sairá das fileiras do partido. Pochmann reforçou, em entrevista à Reuters, a estratégia do PT de registrar a candidatura de Lula ao Planalto no dia 15 de agosto e lutar “até o fim” para que ele possa ser candidato. Mas disse que, se o ex-presidente for inviabilizado, o nome escolhido para a disputa será como se fosse o próprio Lula. “Alguém do PT”, disse Pochmann quando questionado qual seria o melhor nome para substituir Lula na eventualidade de ele ser barrado pela Lei da Ficha Limpa e se o partido poderia apoiar alguém de outra legenda. “Esse alguém vai ser uma espécie de preposto do Lula, se não você não tem o repasse de votos. Quer dizer, não sou eu, não sou o Paulo, o João, eu sou o Lula”, acrescentou. Lula está preso desde abril cumprindo pena de 12 anos e um mês de prisão no caso do triplex no Guarujá, litoral de São Paulo. Ele deve ficar inelegível pela Lei da Ficha Limpa, que barra a candidatura de condenados por órgãos colegiados da Justiça. O petista nega qualquer irregularidade e se diz alvo de uma perseguição política para impedi-lo de se candidatar. O PT tem afirmado que oficializará Lula candidato na convenção do partido, marcada para 4 de agosto, e registrará, posteriormente, a candidatura dele no dia 15 de agosto, limite do prazo legal. A sigla tem rejeitado, ao menos publicamente, a discussão sobre um eventual “plano B”, embora os nomes do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e do ex-governador da Bahia Jaques Wagner sejam apontados como possíveis substitutos. “Só fala em plano B quem não está no PT. É Lula até o final. É tudo ou nada”, disse Pochmann. Indagado, no entanto, sobre um cenário em que Lula seja impedido de disputar o pleito pela Justiça Eleitoral, ele apontou a necessidade de o PT manter o capital político de Lula, líder nas pesquisas de intenção de voto para o Planalto, e afirmou que o ex-presidente gravou material para ser usado na campanha antes de ser preso. “Quem está com este contingente de indicadores de voto, trocar agora para quê? Ao contrário, o PT vem mantendo e crescendo suas indicações de voto”, disse. O PT ainda não fechou qualquer aliança na disputa presidencial. De acordo com Pochmann, há conversas com PSB, PCdoB e Pros, este último, de acordo com ele, em estágio mais avançado. A presença de Lula na urna eletrônica ou a transferência de votos para aliados preocupam os mercados financeiros, que não o veem como alguém comprometido com o ajuste fiscal necessário para reequilibrar as contas públicas. Embraer – Na entrevista, Pochmann também disse que o recente acordo entre Embraer e Boeing e eventuais vendas de ativos da Eletrobras e da Petrobras que saírem do papel serão revistos num governo do PT a partir de 2019 por questões estratégicas, ao mesmo tempo que um fundo com parte das reservas internacionais será montado para financiamento de projetos de infraestrutura. Pochmann definiu o acordo entre as duas gigantes da aviação como “inviável”. “O acordo com a Boeing significa o desaparecimento da Embraer, não tem garantia alguma que ela vai ficar no Brasil, pelo contrário, e toda a tecnologia militar tende a desaparecer”, afirmou o economista.

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