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Forno de Minas avança no Norte e Nordeste

Empresa, que nasceu no Estado em 1990, tem também superado metas de vendas na região Centro-Oeste do Brasil
Forno de Minas avança no Norte e Nordeste
Símbolo da mineiridade, o pão de queijo conquistou novos mercados com a Forno de Minas | Crédito: Divulgação

É impossível falar de Minas Gerais sem pensar em pão de queijo. E é impossível falar de pão de queijo sem pensar em Forno de Minas. Sinônimo de mineiridade, com produtos cheios de sabor, a marca nasceu no Estado em 1990, tendo apenas a mais tradicional iguaria mineira no portfólio. O diferencial era a união entre uma receita caseira típica do Estado e a praticidade que toda dona de casa buscava: levar o produto do freezer direto para o forno.

Foi assim que Dona Dalva, junto de seus filhos, Helder e Hélida Mendonça, criou a empresa e levou o sabor de Minas para o Brasil e o mundo. O negócio cresceu, mudou de mãos, voltou à sua origem e segue ganhando novos mercados a cada dia. Dos brasileiros que moram fora aos estrangeiros que não resistem aos produtos de origem tupiniquim. No varejo e no food service, cujos produtos têm ganhado cada vez mais notoriedade junto também às grandes redes, entre elas, Subway, Starbucks e Burger King.

Esta é a Forno de Minas. De Minas para o Brasil. Do Brasil para o mundo. E é por isso que a empresa é hoje o tema central da Mineiridade. A série do DIÁRIO DO COMÉRCIO que conta histórias e apresenta negócios originalmente mineiros que, além de terem dado certo, geram emprego, renda e movimentam a economia do Estado e do País.

“Minha mãe transformou uma receita caseira familiar em negócio. Desde o início tivemos boa aceitação, porque pão de queijo é um produto difícil de fazer. Na época, além de uma receita diferente da região Noroeste de Minas, também agradava o fato de trabalharmos com ingredientes naturais e sem conservantes”, recorda a sócia-fundadora, Hélida Mendonça.

Hélida Mendonça: minha mãe transformou uma receita caseira familiar em negócio. Desde o início tivemos boa aceitação | Crédito: Divulgação/Forno de Minas

A empresa nasceu dentro de um shopping center em Belo Horizonte. Depois, com o crescimento, mudou-se para Contagem, na região metropolitana. Inicialmente funcionava em galpões alugados, até que chegou o momento da grande expansão. Em 1993 compraram um terreno no bairro Nacional e construíram a própria fábrica. As atividades na unidade tiveram início em 1995. E, neste mesmo ano, a Forno de Minas arrendou um laticínio em Conceição do Pará, na região Centro-Oeste do Estado.

Segundo a empresária, na época, o fornecimento da principal matéria-prima, o queijo, era um grande gargalo em termos de qualidade, volume e custo. “Percebemos que se não passássemos a fabricar nosso próprio queijo, não conseguiríamos aumentar a produção. Foi então que demos início ao Laticínio Forno de Minas e iniciamos uma nova fase, levando nosso produto para além das fronteiras do Estado. Para o Rio de Janeiro, São Paulo, cidades do Centro-Oeste e até os Estados Unidos”, diz.

Pão de queijo despertou o interesse dos americanos

O crescimento foi tamanho que a empresa despertou o interesse da americana General Mills e, em 1999, a multinacional adquiriu a fábrica e a marca da família Mendonça.  “Esta foi a primeira fase da Forno. O laticínio continuou conosco e passamos a fornecer os queijos para a General Mills. Foi uma grande oportunidade. Permanecemos nessa condição por 10 anos e, neste período, empreendemos em outros negócios”, afirma.

Mas outra oportunidade surgiu em 2008, quando a General Mills resolveu encerrar as operações da Forno de Minas e comunicou à família. Segundo Hélida Mendonça, era uma nova oportunidade, que ainda envolvia paixão. “Recomeçamos do zero, pois a marca não estava sendo bem-vista no mercado, em função da queda de qualidade, do relacionamento com clientes e com os próprios fornecedores. Além disso, no período em que ficamos fora, várias marcas de pão de queijo nasceram e cresceram no Brasil. Por isso, o recomeço foi tão árduo”, admite.

A família voltou à liderança do negócio em maio de 2009 e, desde então, vem lutando pela retomada do mercado. Para se ter uma ideia, na primeira fase, a empresa chegou a ter 70% de market share. E, hoje, possui 50%. As exportações também voltaram a todo vapor e, atualmente, os produtos da Forno de Minas já são enviados para 18 países, sendo que o principal mercado continua sendo os Estados Unidos.

Mas a empresária entende que ainda há outras barreiras a serem rompidas. Seja de protecionismo no que se refere a países da Europa ou de novas aberturas no próprio Brasil. Por isso, o foco ainda é o mercado interno. Hoje, 90% da produção é comercializada no próprio País e 10% enviada ao mercado internacional.

“Temos crescido muito no Norte e no Nordeste e superado metas no Centro-Oeste. Antes éramos muito voltados para o Sudeste e o Sul e, nos últimos anos, chegamos a outras regiões. Tanto na indústria quanto no comercial do varejo”, explica.

Isso porque, durante a pandemia, enquanto o segmento de food service apurou perdas em função do fechamento de cafés, lanchonetes, cantinas de escolas, etc, o varejo encontrou uma nova veia de crescimento País afora.

Complexo fabril da Forno de Minas localizado em Contagem possui capacidade de produção de 53 mil toneladas por ano | Crédito: Divulgação/Forno de Minas

A chegada de outro gigante internacional

Antes disso, porém, em 2018, a Forno de Minas passou parte do negócio a uma gigante do setor alimentício, a McCain, principal empresa na área de processamento e vendas de batatas pré-fritas congeladas no mundo, que passou a ter 49% de participação na empresa mineira. Os demais 51% das ações permaneceram com a gestão atual da fabricante pioneira na comercialização de pão de queijo congelado.

Por falar em pão de queijo, a iguaria segue como o carro-chefe da Forno de Minas. Tamanha importância do produto que a empresa também ampliou as opções, desenvolvendo diferentes tamanhos, recheios, assados e até no formato de waffle. Ao todo são 128 diferentes produtos disponíveis no portfólio da marca, que inclui ainda lasanha e coxinha.

Dentro do food service, outro nicho que tem crescido, conforme Hélida Mendonça, é o atendimento a grandes redes. Hoje a Forno de Minas fornece produtos para Subway, Starbucks e Burger King, por exemplo.

Para atender tamanha demanda, o complexo fabril localizado em Contagem possui capacidade de produção de 53 mil toneladas por ano, enquanto o laticínio processa 60 milhões de litros de leite em pó anualmente, bem como diferentes tipos de queijos. Já os funcionários chegam a 1.260.

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