VLI destina recursos para projetos de apoio à agricultura sustentável

A VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), já investiu cerca de R$ 6,7 milhões em projetos que visam contribuir para a recuperação de terras degradadas e para uma agricultura mais sustentável e com maior produtividade. Dentre as iniciativas que estão sendo apoiadas está o projeto para a utilização do pó de rocha (ou pó de basalto) como fertilizante natural para o solo, em Uberaba, que já recebeu cerca de R$ 2,7 milhões. Também foi firmado um convênio com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Cerrados (Embrapa Cerrados), onde serão investidos R$ 4 milhões em pesquisas.
O objetivo é contribuir para dinamizar e estimular a cadeia de produção no entorno da FCA. Além do benefício para produtores e para o desenvolvimento das regiões e sociedade, a iniciativa também vai impulsionar a demanda por transporte de cargas feito pela FCA.
“Entendemos o projeto como uma iniciativa de desenvolvimento territorial sustentável. É um projeto em rede, com parceiros que têm interesses convergentes, ou seja, desenvolver tecnologias, sistemas produtivos agrícolas sustentáveis para dar suporte ao crescimento e utilização de áreas degradadas no entorno das ferrovias que a VLI opera. Vamos olhar para territórios distintos, como Tocantins, Leste do Goiás, Noroeste e Triângulo (em Minas), assim como o Vale do Paranaíba. São regiões conectadas e por onde passam nossas ferrovias”, explicou o gerente de Fomento da VLI, Edson Zacarias.
Ainda segundo Zacarias, a iniciativa de desenvolvimento territorial tem como foco o aumento da resiliência de dois cultivos prioritários, soja e milho. A ideia é reduzir os riscos de produção, produzir mais em menos áreas e com menos impacto ambiental.
“A iniciativa que extrapola as fronteiras convencionais de atuação do nosso negócio. Somos uma empresa prestadora de serviços, uma concessionária de transporte ferroviário de cargas que está atuando para ajudar a fortalecer o segmento que é o produtor. O protagonista é o produtor agrícola, para ele que estamos olhando soluções concretas para os desafios da produção, sejam eles ligados às mudanças climáticas ou do desenvolvimento de sistemas agrícolas mais aderentes aos territórios”.
Para que o projeto funcione em rede, já foram firmadas duas parcerias, uma com a Embrapa Cerrados, de Brasília, e outra com o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais (BDMG).
Ainda segundo Zacarias, os remineralizadores fazem parte de um novo sistema produtivo sustentável, que ajuda a agricultura a ter outras alternativas para aumentar a eficiência do uso do sistema de fertilização tradicional, o NPK.
A VLI tem apoiado ensaios de eficiência agronômica no polo de basalto de Uberlândia, no Triângulo, o Polo Agromineral Verde, primeiro do Brasil. Neste projeto já foram aportados R$ 2,7 milhões nos últimos três anos.
“A gente tem visto que é, de fato, uma alternativa para reconstrução de solos pobres e para aumentar a capacidade de produção de solos que foram degradados ao longo do tempo”.
Cerrado
Em 2022, também foi firmada uma parceria com a Embrapa Cerrados, onde foram aportados mais R$ 4 milhões. Os estudos que estão sendo feitos com o pó de basalto passam a compor as disciplinas da Embrapa Cerrados. O acordo de cooperação técnica também engloba outros sistemas como o de correção de solo, adubação verde e bioinsumos.
“Temos um plano de trabalho robusto com este projeto, o LabCerrado, que traz para baixo do guarda-chuvas dele as iniciativas de fertilidade a partir dos remineralizadores, utilização de bioinsumos e novos formatos de adubação verde. A gente complementa os dois orçamentos e vamos adiante, buscando parceiros para continuar o financiamento da iniciativa, que deve durar, a princípio, cinco anos”.
Com todas as iniciativas, sendo que algumas já estão sendo levadas aos produtores, é esperado aumento da produção de grãos nas regiões, o que vai demandar mais transporte.
“A gente entende que o Lab Cerrado vai apoiar a execução de novas cargas, de novas movimentações dentro das ferrovias. Então, a renovação da concessão da VLI é fundamental para a sustentação do programa lá na frente. A tramitação está em marcha e acreditamos que está em fase de concretização nos próximos meses”.
Áreas degradadas
Mapeamento feito pela VLI identificou que entre Minas Gerais, Leste de Goiás e Tocantins existem de 7 milhões a 10 milhões de hectares degradados que podem ser recuperados com as pesquisas e iniciativas que estão sendo financiadas. O espaço pode ser utilizado para a produção de soja, na primeira safra, e milho na segunda safra.
“Hoje, no Noroeste de Minas, por exemplo, somente 20% da área utilizada para a soja na primeira safra é convertida para o milho na safrinha. O Brasil tem, hoje, quase 40% dessa área de soja sendo convertida.Temos visto o aumento da demanda e a necessidade do Brasil elevar a produção de alimentos nos próximos anos, dado o crescimento da população mundial e as mudanças de hábitos. Então, ajudar a converter áreas degradadas para áreas produtivas é muito importante para a segurança alimentar”, disse Zacarias.
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