A Mineração Usiminas (Musa) está prestes a concluir a implantação do método Dry Stacking na unidade de Itatiaiuçu, na região Central do Estado, visando o fim do ciclo de uso das barragens no processo de beneficiamento de minério de ferro por parte da subsidiária da Usinas Siderúrgicas de Minas Gerais (Usiminas).
Com investimentos próximos de R$ 200 milhões, a planta de empilhamento a seco estava prevista para entrar em operação no primeiro semestre deste ano, mas sofreu alguns pequenos atrasos em função da pandemia de Covid-19 e agora o start está programado para novembro.
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Os aportes contemplam a construção de uma planta de filtragem, bem como as estruturas necessárias para conectar o novo sistema ao processo de beneficiamento da mineradora. O montante também engloba a preparação da área que irá receber os rejeitos, formando uma pilha, e o transporte do material entre os dois pontos. A Musa será uma das primeiras mineradoras do País a utilizar a tecnologia.
De acordo com o CEO da Mineração Usiminas, Carlos Rezzonico, o investimento marca uma nova etapa para a companhia, com maior segurança e cuidado com o cliente, uma vez que a tecnologia oferece menos riscos ao meio ambiente e não requer utilização de barragens.
Ele destaca que o projeto é resultado de um trabalho iniciado em 2016, com os primeiros estudos, para alinhamento das operações da Musa às novas tecnologias e padrões de excelência nacionais e internacionais que gerassem mais conforto e segurança para a população da região.
Em 2018, a companhia protocolou o pedido de licenciamento ambiental na Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Supram) do governo do Estado. Na época, a empresa informou que o objetivo do projeto era aprimorar técnica e ambientalmente a destinação dos rejeitos do processo produtivo do minério de ferro da unidade, por meio de um método já utilizado em outros países.
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Por isso, conforme Rezzonico, o investimento por parte da companhia não está diretamente ligado aos trágicos eventos ocorridos em Minas Gerais, em decorrência do rompimento das barragens da Samarco (2015) e da Vale (2019).
“Na verdade, nossa única barragem disponível – a Samambaia – já estava com sua vida útil próxima do fim e precisávamos de uma nova solução. Ou licenciávamos uma nova barragem ou operávamos com empilhamento a seco, a partir da adoção de novas tecnologias“, explica.
O projeto contempla também o cumprimento da pauta ESG estabelecida pela empresa. Uma das metas sustentáveis reforça justamente a migração da disposição de rejeitos do método convencional para a filtragem acompanhada pela descaracterização das barragens da Musa construídas pelo método a montante, até o primeiro bimestre de 2022.
Em 2020 houve a conclusão da descaracterização da barragem Somisa, validada pelos órgãos de fiscalização em janeiro de 2021. Para o início de 2022 está prevista a descaracterização da Barragem Central, finalizando a eliminação das barragens a montante. Já a barragem Samambaia, construída no método a jusante e ainda em operação, será descaracterizada a partir de 2023.
“As barragens Somisa e Central já não estão em operação há alguns anos. Investimos em uma planta de flotação, em vistas de aproveitar os rejeitos dessas estruturas. Em dezembro próximo terminamos o consumo do material da barragem Central. Essa planta de flotação gera um produto concentrado de muita boa qualidade que hoje é vendido no mercado internacional, especialmente na China”, explica.
A capacidade da barragem Central era de 7,5 milhões de metros cúbicos de rejeitos. Já a Somisa possui capacidade maior, de 12,5 milhões de metros cúbicos, e vai começar a ser esvaziada em janeiro de 2022. Por fim, a Samambaia, cuja capacidade é de 7,5 milhões de metros cúbicos também, concentra rejeito de teor diferente e precisará de uma tecnologia diferente para reaproveitamento do minério.
Desempenho Mineração Usiminas
A produção da Mineração Usiminas atingiu 2,2 milhões de toneladas no segundo trimestre de 2021, alta de 9,9% quando comparada com o trimestre anterior e o volume de vendas também seguiu em alta.
Foram comercializadas 2,1 milhões de toneladas de minério de ferro no período, com alta de 5,4% na comparação com os três primeiros meses do ano. O Ebitda Ajustado dessa unidade de negócio alcançou R$ 1,5 bilhão no segundo trimestre, nova máxima histórica de Ebitda em um trimestre.
Rezzonico avalia que a empresa tem conseguido aproveitar o momento favorável que vive a mineração, com preços históricos e alta demanda. Especificamente sobre a cotação do minério de ferro no mercado internacional, o executivo cita que os US$ 230 por tonelada atingidos no pico caíram para cerca de US$ 130 a tonelada atualmente e que devem se manter neste patamar nos próximos meses.
“Esses US$ 130 podem chegar a US$ 135 em algum momento, mas não devem ficar muito diferente disso. Temos um mercado com maior abundância de minério ao mesmo tempo em que a retomada da economia nos Estados Unidos e na Europa está elevando a demanda”, conclui.