Preços dos combustíveis podem aumentar 12% até o fim do ano

25 de novembro de 2021 às 0h30

img
Em menos de um mês, o preço médio da gasolina comum subiu 2,7% em Minas Gerais, indica pesquisa da ANP | Crédito: REUTERS/Pilar Olivares

As combinações de oferta e demanda, da inflação e dos cenários econômicos nacional e mundial ainda podem elevar os preços dos barris de petróleo, da gasolina e do diesel no Brasil em até 12%. É o que estima o professor da Fundação Dom Cabral (FDC) e membro da Comissão de Tecnologia e Inovação do Instituto Brasileiro de Petróleo, Hugo Tadeu. 

A análise considera projeções realizadas com o auxílio da Plataforma Forecasting, da FDC, uma metodologia que, por meio de dados macro e microeconômicos, é responsável por apontar cenários de diversos setores da economia, como é o caso do petróleo e gás. As explicações para o cenário estão relacionadas, principalmente, às mudanças causadas pela pandemia da Covid-19, cenário que mudou a relação de oferta e demanda por combustíveis no Brasil, conforme explica o professor Hugo Tadeu. 

“Nós precisamos lembrar que durante a pandemia tudo parou. As pessoas ficaram sem usar carro. Então, não havia demanda alta por combustíveis para o abastecimento. A produção industrial também se manteve parada por um tempo. E agora, todo mundo voltou para o mercado. E a gente (a Petrobras) não tem capacidade de refinar isso tudo. A Petrobras está precisando importar diesel”, pontuou o professor da FDC.

Ainda segundo Hugo Tadeu, os aumentos de 12% consideram apenas o ano de 2021. Contudo, o especialista chama a atenção para a entrada do período eleitoral com a chegada de 2022, o que pode trazer flutuações acima da projeção já sinalizada pela Plataforma Forecasting.

Outro ponto salientado pelo professor da Fundação Dom Cabral é que a própria constituição dos preços dos combustíveis que saem das refinarias brasileiras tem, para além dos custos de produção, aqueles relacionados aos riscos políticos e ao Risco Brasil. 

Altas dos preços em Minas Gerais

Em Minas Gerais, os custos  dos combustíveis nas últimas quatro semanas apresentam variações significativas e que têm preocupado os donos de postos pelas margens que estão ficando mais apertadas. 

Conforme levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pesquisados entre 24 de outubro e 20 de novembro deste ano, o preço médio da gasolina comum no Estado saiu de R$ 6,837 na primeira semana da pesquisa para R$ 7,023 no último 20 de novembro, uma variação positiva de 2,7%. Vale lembrar que, no início do ano, o preço médio da gasolina comum estava em R$ 4,729 nas bombas. 

A variação do etanol e do diesel também são registradas nos levantamentos feitos junto a postos de combustíveis do Estado, sendo que, no caso do etanol hidratado, o preço subiu de R$ 5,193 para R$ 5,544, enquanto o diesel teve aumento de R$ 5,285 para R$ 5,367. 

Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais (Minaspetro), Carlos Guimarães, os preços nas bombas estão assustando não somente os consumidores, mas os próprios donos dos postos de combustíveis. “A sociedade como um todo está muito assustada, porque o combustível está muito caro. Nós, donos de postos, concordamos que está caro. Mas não é porque nós repassamos isso ao consumidor. Na Região Metropolitana de Belo Horizonte, por exemplo, a margem do posto de gasolina está em torno de 5%. Ou seja, temos 30 centavos por litro para o posto”, afirma Guimarães. 

O presidente do Minaspetro avalia, ainda, que há a percepção de que as vendas estão caindo nos postos de gasolina e ressalta a sensibilidade das altas dos combustíveis, uma vez que o Brasil é um país que realiza o transporte de suas cargas majoritariamente em modal rodoviário, o que, para ele, significa que teremos reflexos na sociedade em demais produtos e serviços que chegam aos brasileiros. 

Petrobras vai investir US$ 68 bi até 2026

Rio de Janeiro e São Paulo – A Petrobras prevê investir US$ 68 bilhões entre 2022 e 2026, um aumento expressivo em relação ao plano de negócios plurianual anterior, à medida que reforça aportes para ampliar a produção de petróleo no pré-sal, segundo fato relevante divulgado ontem.

No plano anterior, anunciado no ano passado, a Petrobras havia projetado US$ 55 bilhões entre 2021 e 2025, realizando naquela oportunidade uma redução de 27% na estimativa de aportes plurianuais para preservar caixa diante da pandemia de Covid-19.

A pandemia, contudo, impactou os planos de produção de petróleo da Petrobras para 2022, e a empresa revisou a projeção para o ano que vem a 2,1 milhões de barris de óleo por dia em média –considerando uma variação de 4% para mais ou para menos. Os desinvestimentos também afetaram a projeção.

No plano anterior, a Petrobras havia previsto produção média de 2,3 milhões de barris de petróleo por dia entre 2022 e 2025, com os números sendo afetados por desinvestimentos em campos de petróleo e gás naquela oportunidade.

Nos próximos anos, entretanto, a expectativa é de um aumento na produção de petróleo, à medida que os investimentos feitos no pré-sal apresentam resultados.

Para 2023, a previsão é de produção de petróleo de 2,2 milhões de barris por dia, volume que sobe para 2,4 milhões em 2024, 2,5 milhões em 2025 e 2,6 milhões de barris por dia em média em 2026.

“A curva de produção considera a entrada de 15 projetos com novas plataformas no período 2022-2026, sendo nove afretadas e seis próprias”, disse a petroleira, que projeta produção total de 3,2 milhões de barris e equivalente (incluindo gás) em 2026, versus 2,7 milhões de boed em 2022.

A companhia informou que, dos investimentos totais previstos no horizonte do plano, 84% vão ser alocados na exploração e produção de petróleo e gás natural (E&P), um montante de US$ 57 bilhões, versus US$ 46,5 bilhões no plano anterior.

E do capex total do E&P em 2022-2026 cerca de 67% serão destinados para os ativos do pré-sal, com reservas de classe mundial com alta produtividade que têm sido o foco da Petrobras nos últimos anos.

O montante dos investimentos e o foco no pré-sal ficaram em linha com reportagem da Reuters, que a semana passada havia apontado um aumento dos aportes, para um intervalo entre US$ 60 bilhões e US$ 70 bilhões.

A produção do pré-sal representará 79% do total da companhia no final do quinquênio.

“Em linha com o foco estratégico da companhia, as atividades de E&P estão concentradas em águas profundas e ultraprofundas no Brasil, representando 92% da sua produção total em 2022, com perspectiva de chegar a 100% em 2026.”

Os investimentos totais da companhia no próximo ano foram estimados em US$ 11 bilhões, que subirão para US$ 15 bilhões em 2023, 2024 e 2025, antes de caírem para US$ 12 bilhões de dólares em 2026.

Desinvestimentos – A empresa também projeta desinvestimentos relevantes no período do plano – de US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões – “o que contribuirá para melhorar a eficiência operacional, o retorno sobre o capital e a geração de caixa necessária para manter a dívida em patamar adequado”. Parte das refinarias da companhia deverá ser vendida. Mais sobre o setor energético na página 7. (Reuters)

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail