EDITORIAL | Muito mais a ser feito

15 de junho de 2021 às 0h23

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Crédito: Paulo Whitaker / Reuters

De longa data é dito que o Brasil reúne as melhores condições para ser o grande produtor de alimentos do planeta, da disponibilidade de terras passando pelas condições climáticas favoráveis, disponibilidade de mão de obra e, mais recentemente, da tecnologia de ponta que sustenta o milagre do agronegócio brasileiro. Próximo de alcançar uma posição de liderança, o que já vale, por exemplo, para as proteínas animais, sem que seja necessário apontar o tradicional café, o País se apresenta em condições de se colocar num outro patamar.

Dele nos fala com muita pertinência Grazielle Parenti, uma das vice-presidentes do grupo BRF, um dos gigantes do mercado mundial de carnes e com mais de cem mil colaboradores. Com muita propriedade, e de certa forma lembrando comentário publicado recentemente neste espaço, ela lembra que o Brasil já é reconhecido como próximo de alcançar a posição de celeiro do mundo e já deveria pensar, na realidade, em ser o supermercado do mundo. Numa palavra, partir das vantagens que já conquistou para oferecer, além de commodities, produtos beneficiados e industrializados, de maior valor agregado e maior estabilidade nos mercados globais.

Dona de marcas tão conhecidas e importantes como Sadia e Perdigão, a empresa reúne todas as condições para se posicionar neste mercado, o que significa também enfrentar e vencer lobbies poderosos, que disfarçadamente ou não fazem do protecionismo uma vantagem, ao mesmo tempo em que tiram partido da falta de habilidade dos negociadores brasileiros, quando a construção de parcerias – e negócios – depende de intervenção governamental. Por razões óbvias, entre as quais a própria delicadeza, a executiva não coloca a questão em termos assim contundentes, como se apresentam os fatos. Mas sem querer, ou querendo, aponta o caminho.

Fala de soma de esforços, de verdadeira sinergia entre produtores, negociadores e consumidores, todos voltados para ações intencionais, reguladas, orientadas e reforçadas a partir da esfera pública, da diplomacia primacialmente. Fato é que o Brasil se mostrou em poucas décadas capaz de produzir um milagre no campo, multiplicando sua produção pela tecnologia e inovação, não raro superando produtores de tradição secular. Tudo isso, todo esse esforço, não para ser o celeiro e sim, como aponta corajosamente a executiva Grazielle Parenti, para se transformar no supermercado do mundo.

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