EDITORIAL | Nióbio pede mais atenção

11 de junho de 2021 às 0h23

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Crédito: Divulgação/CBMM

Não é difícil imaginar que os Estados Unidos tenha o planeta bem mapeado, com indicação dos pontos que, considerados seus interesses, tem maior importância estratégica, econômica ou militar. Algo elementar, certamente copiado por outras potências e, no caso, objeto de um vazamento de documentos oficiais que nunca foi desmentido. E com um detalhe de suma importância, na perspectiva dos brasileiros: em nosso País existe um único alvo – e sabe-se lá para que exatamente – nessas condições, a cidade de Araxá, em Minas, ou mais especificamente suas reservas de nióbio, que são as maiores de todo o mundo.

Esse fato, repetimos, sem nunca ter sido desmentido, define, no limite, a importância do nióbio, utilizado sobretudo na produção de ligas especiais de aço e na indústria de alta tecnologia, com importância crescente. E Araxá aparece nesse contexto porque na cidade estão as minas e a unidade de processamento da Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM), que explora reservas pertencentes (51%) ao governo mineiro e responde por mais de 90% da oferta mundial do produto, vendido a mais de 50 países onde é crescente a percepção de que seu uso atual de suas potencialidades. Estamos falando de indústrias de alta tecnologia e, sem exageros, muito provavelmente de produtos que ainda nem chegaram ao mercado.

Há que refletir sobre a questão, sobre o incremento da produção do nióbio no Brasil a partir de outros empreendimentos, tudo isso numa perspectiva de futuro em que, entendemos também, privatizar as reservas hoje controladas pelo Estado e exploradas como resultado de um acordo que vence em 2032, não é questão que possa ser tratada com o imediatismo de quem pensa apenas em reforçar os esvaziados cofres mineiros. E também sem perder de vista que o modelo atual, que vem de 1973 e renovado em 2002, pode bem ser apontado como um modelo vitorioso.

Em termos diretos e bem objetivos, talvez repetindo os estrategistas de Washington, que enxergam o futuro a partir de conhecimentos que evidentemente não são partilhados, renunciar ao nióbio será do ponto de vista de Minas Gerais, um passo em falso. E disso deve saber muitíssimo bem o governador Romeu Zema, por coincidência nascido na mesma Araxá, membro de uma família de fortes e bem-sucedidos empresários, a quem não pode escapar o valor do nióbio ou do modelo que viabiliza sua extração e produção, sem que o Estado, nesse caso pelo menos, fique na fila dos perdedores.

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