Finanças

Varejo divide pagamento de cartão sem juros

Segundo estudo da CNC, o volume de vendas que utilizam vendas nessa modalidade soma R$ 1,5 trilhão anualmente.
Varejo divide pagamento de cartão sem juros
O cartão de crédito é a principal modalidade de compras da população | Crédito: Alessandro Carvalho

São Paulo – Quase 90% do varejo brasileiro faz pagamentos parcelados sem juros no cartão de crédito, segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O estudo consultou, no mês de julho, 6.000 empresas de diferentes segmentos e portes situados nas 26 capitais do país e no Distrito Federal.

No total, o volume de vendas que utilizam essa modalidade de pagamento soma R$ 1,5 trilhão anualmente. O estudo aponta que mais de 1 milhão de estabelecimentos, ou 47,1% do setor, tem até metade das suas comercializações parceladas sem juros.

Para 29,3% dos varejistas, as vendas nessa modalidade representam entre 50% e 80% de seu faturamento, totalizando R$ 929 bilhões por ano. Para outros 13,2%, as vendas parceladas são superiores a 80%, o que representa R$ 418 bilhões anuais. Cerca de 10% dos entrevistados não souberam informar essa porcentagem.

Segundo a CNC, a pesquisa foi entregue ao Ministério da Fazenda na semana passada, e reforça o posicionamento da entidade, que defende a manutenção do parcelamento sem juros.

A confederação também é favorável a um limite de juros do rotativo do cartão de crédito, tal como previsto no projeto de lei do Desenrola, programa de renegociação de dívidas do governo aprovado pelo Senado na última segunda-feira (2).

“Essas são medidas importantes para equacionar o problema do endividamento e da inadimplência.

Segundo a última Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, apurada mensalmente pela CNC, a proporção de famílias que não tem condições de pagar suas dívidas atingiu 12,7%, um recorde da série histórica do indicador, iniciada em janeiro de 2010”, diz a entidade.

A polêmica começou há cerca de dois meses, quando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendeu taxar o parcelamento de compras com cartão. Segundo ele, à época, a medida seria uma forma de combater as dívidas do cartão de Mas logo após a fala de Campos Neto, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse em uma entrevista que o fim do parcelamento sem juros não seria uma saída para acabar com as altas taxas de juros do rotativo.

“Não podemos perder de vista o varejo. Porque as compras são feitas assim no Brasil, então não pode mexer nisso”, afirmou Haddad durante o podcast Reconversa, com o jornalista Reinaldo Azevedo e o advogado Walfrido Warde.

Consenso

Segundo a economista Izis Ferreira, responsável pelo estudo da CNC, é preciso buscar um consenso entre consumidores, bancos, varejistas e órgãos reguladores para continuar garantindo condições de consumo favoráveis à realidade do Brasil, e que fomentem o crescimento econômico do País.

“Na hipótese do fim do parcelamento sem juros, diversos produtos e serviços simplesmente deixarão de ser consumidos pela maior parte da população, que depende de prazo para as compras”, argumenta a especialista. (Stéfanie Rigamonti)

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