Economia

Plano estratégico quer indústria mais produtiva, inovadora e verde em 10 anos

Mapa Estratégico 2023-2032 define metas de sustentabilidade, diversidade, melhoria do ambiente de negócios e aumento da inclusão social
Plano estratégico quer indústria mais produtiva, inovadora e verde em 10 anos
Mapa Estratégico da indústria traz metas referentes a sustentabilidade, diversidade, melhoria do ambiente de negócios e aumento da inclusão social | Crédito: Adobe Stock

Um futuro mais digital e verde está no plano estratégico da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para a próxima década da indústria brasileira. Os diagnósticos, soluções e metas para o Brasil ter uma nova indústria, levam em conta a maior inserção do setor nacional no mundo, além de um País mais inclusivo, igualitário e com um setor público mais eficiente. Para isso, o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032, lançado pela CNI, traz projetos e visão de longo prazo.

O documento reúne ações concretas em oito fatores-chave, que consideram o potencial do País de aumentar a eficiência energética, modernizar a infraestrutura de rodovias e ferrovias e alcançar o desempenho médio nas provas de matemática e ciências dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

  1. Ambiente de negócios
  2. Ambiente econômico
  3. Baixo carbono e recursos naturais
  4. Comércio e integração internacional
  5. Desenvolvimento humano e trabalho
  6. Desenvolvimento produtivo, tecnologia e inovação 
  7. Educação
  8. Infraestrutura

Estruturado em formato de mandala e disponível em plataforma digital, o plano estratégico para a indústria pode ser permanentemente atualizado, para se adequar aos desafios para o planejamento a longo prazo. Além disso, o mapa possui flexibilidade para remover fatores de competitividade que não sejam mais considerados prioritários e tem a capacidade de se adaptar para incluir novos fatores que se tornem relevantes para a indústria. 

O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, destaca a agenda ESG e garante que as questões sociais, ambientais e de governança são prioridade na pauta do setor. “Temos importantes desafios para os próximos anos, que incluem o que podemos fazer dentro das empresas para o aumento da produtividade e da inovação, além da agenda de Estado, como a reforma tributária e o imperativo da descarbonização, que impulsiona a corrida pelo domínio das rotas tecnológicas verdes. Somados a isso, há o cenário externo, com o acirramento de conflitos geopolíticos, que acelera movimentos de reorganização de cadeias globais de valor. Temos muito trabalho pela frente”, avalia.

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Para ele, conhecer os desafios e elaborar estratégias adequadas para enfrentá-los é o caminho para o o desenvolvimento econômico e social do Brasil e que pode trazer o futuro esperado para as empresas. O presidente da CNI destaca que as agendas de descarbonização e digitalização são oportunidades de protagonismo do Brasil no mercado internacional.

Nesse sentido, o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032 apresenta caminhos que precisam ser percorridos, com ações concretas ao longo dos anos para que as metas estabelecidas sejam alcançadas. Isso é feito por meio de uma breve descrição do problema a ser enfrentado, sugestões de possíveis soluções e os benefícios esperados ao seguir na direção recomendada. São elencados objetivos dentro de cada tema prioritário, com indicadores e metas para 2032, que direcionam para onde a indústria gostaria de ver esses indicadores evoluindo ao longo da década.

Educação é fundamental para o sucesso da competitividade

Na quarta edição do documento desde seu lançamento, em 2007, ações em temas como produtividade, inovação, internacionalização e capacitação de colaboradores e gestores foram desenvolvidas levando em consideração que nenhum fator-chave pode ser visto de forma isolada e as empresas também têm um dever de casa a cumprir. 

Um exemplo dessa visão sistêmica está no fator-chave educação. O plano estratégico da indústria considera que educação é fundamental para o sucesso dos demais. Sem educação básica, profissional e superior adequadas, com foco em ganhos de produtividade, é impossível garantir o processo de descarbonização e a convergência para um modelo circular; a engenharia necessária à construção da infraestrutura de que o país precisa; a implementação de boas práticas regulatórias e processos adequados de governança e compliance públicos e privados; a inovação e o desenvolvimento produtivo; e a capacidade de as empresas operarem em um mercado global extremamente competitivo.

Equidade de gênero nas empresas

A indústria colocou como meta reduzir em 36% o índice de desigualdade de gênero do Brasil até 2032, o que equivale a uma queda de 4% ao ano. Entre as ações recomendadas estão: estimular ações que incentivem a maior participação das mulheres no mercado de trabalho, além da promoção e a ascensão de mulheres em cargos de liderança.

Além disso, o Mapa Estratégico da Indústria 2023-2032 também prevê o fortalecimento de mecanismos e políticas que promovam a diversidade, equidade e inclusão, em âmbito público e privado, além do incentivo à construção de ambientes de trabalho mais receptivos às diferenças, com reflexos socioeconômicos positivos para toda a sociedade.

Conheça as metas do plano estratégico nos oito temas principais

1. Ambiente econômico

  • Desemprego: reduzir para 7,5% da população economicamente ativa;
  • Inflação: manter o IPCA próximo do patamar de 3%;
  • Juros: reduzir o spread bancário a 7,7%, redução de 1,97 ponto percentual ao ano;
  • Dívida pública: convergir para o patamar anterior à pandemia (74,4% do PIB);
  • IRPJ: alcançar a alíquota média sobre a renda corporativa dos países da OCDE, de 23,6%.

2. Ambiente de negócios

  • Qualidade regulatória: subir 48 posições no ranking de Procedimentos administrativos conduzidos sem atrasos injustificados. Sair da 93º para a 45ª posição;
  • Segurança jurídica: elevar em 2,4% ao ano o índice de segurança jurídica para 0,6 até 2032;
  • Governança pública: aumentar em 3,5% ao ano o índice de eficácia do governo brasileiro;
  • Governança corporativa: aumentar o índice de governança corporativa em 2,6% ao ano até 2032;
  • Desburocratização: aumentar o índice de desenvolvimento do Governo Eletrônico à nota máxima;
  • Segurança pública: reduzir pela metade o nível de roubo de cargas, uma queda de 6,1% ao ano.

3. Baixo carbono e recursos naturais

  • Bioeconomia: aumentar em 0,5% ao ano o número de notificações da indústria de transformação no Sistema Nacional de Gestão do Patrimônio Genético e do Conhecimento Tradicional Associado (SisGen);
  • Descarbonização: a reduzir a intensidade das emissões de CO2 equivalente pela indústria em relação ao PIB industrial para 0,183 Mton/R$ trilhão;
  • Eficiência energética: aumentar a eficiência energética por meio da redução (de 0,24 ponto percentual por ano) da intensidade energética para 9,8%;
  • Energias de fontes renováveis: elevar em 1,3 ponto percentual ao ano o nível de uso de fontes renováveis na matriz energética da indústria, para 75% em 2032;
  • Economia circular: aumentar a taxa de recuperação de resíduos para 12,8%.

4. Comércio e integração internacional

  • Crédito para exportação: elevar para 55% o valor exportado que conta com crédito à exportação. Aumento de 2,9 pontos percentuais ao ano;
  • Tempo para exportar e importar: reduzir o tempo médio de liberação das cargas via transporte marítimo para até 96 horas nas importações e para até 60 horas nas exportações;
  • Acordos internacionais: ampliar a rede de acordos comerciais do Brasil para 41,2% da importação mundial, com a entrada em vigor de acordos com União Europeia, Canadá, EFTA, México e Reino Unido;
  • Subsídios ilegais: realizar 4 investigações de subsídios ilegais e distorcivos em terceiros mercados no Brasil;
  • Investimento externo: ampliar a rede brasileira de Acordos de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFIs) para alcançar 80% do estoque de investimentos brasileiros no exterior.

5. Desenvolvimento humano e trabalho

  • Relações do trabalho: alterar a posição do Brasil no ranking de países em que a legislação trabalhista não prejudica a atividade empresarial (de 57º para 45º, em um ranking de 59 países);
  • Saúde e segurança: diminuir a mortalidade prematura para 20% do total de mortes por doenças crônicas não transmissíveis. Queda de 1,85 ponto percentual ao ano;
  • Previdência: promover queda de 6,3% ao ano a incidência média anual de afastamentos;
  • Diversidade e inclusão: reduzir em 36% o índice de desigualdade de gênero do Brasil;
  • Acesso à cultura: aumentar de 30% para 40% o percentual de municípios com museus; de 23% para 33% com teatro ou sala de espetáculo; e de 40% para 50% os que contam com centros culturais.

6. Desenvolvimento humano e trabalho

  • Produção industrial: alcançar o nível 0,7 no índice de complexidade econômica. O maior nível é o 1,0, do Japão;
  • Valor adicionado: alcançar a taxa de 19% de valor adicionado pela indústria de transformação em relação ao PIB;
  • Inovação: elevar o nível de investimento em pesquisa e desenvolvimento (P&D) em percentual do PIB para 1,8%. Crescimento de 0,06 ponto percentual ao ano;
  • Produtividade: aumentar a produtividade do trabalho na indústria em pelo menos 2% ao ano até 2032;
  • Transformação digital: ampliar para 45% as empresas que usam a tecnologia Internet das Coisas. Crescimento de 3,1 pontos percentuais ao ano.

7. Educação

  • Educação básica: alcançar desempenho médio em matemática e ciências observado em países da OCDE (notas 492 e 495, respectivamente, no PISA de 2018);
  • Ensino médio: elevar o percentual de matrículas no ensino médio articulado com educação profissional para 40% até 2032. Aumento de 2,4 ponto percentual ao ano;
  • EJA: elevar para 30% o percentual de matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA) integradas à educação profissional. Crescimento de 2,7 ponto percentual ao ano;
  • Digitalização nas escolas:  garantir que 100% das escolas tenham internet banda larga e pelo menos 75% contem com computadores, notebooks ou tablets para uso dos alunos e também com projetores multimidia ou lousas digitais;
  • Educação profissional e superior: aumentar a proporção de graduados em cursos da área de STEM para 25% até 2032. Crescimento de 0,67 ponto percentual no ano;
  • Força de trabalho: aumentar o número de trabalhadores na indústria com nível técnico e superior (tecnologia e engenharia) em relação ao total de trabalhadores na indústria.

8. Infraestrutura

  • Energia: reduzir o custo de energia elétrica para clientes industriais para 0,09 US$/kwh até 2032. Queda de 4,3% ao ano;
  • Transporte e Logística: elevar investimento total em transportes para 1,98% do PIB até 2032 e modernizar a infraestrutura de rodovias e ferrovias;
  • Mobilidade urbana: elevar o investimento total em mobilidade urbana para 0,12% do PIB até 2032;
  • Saneamento: aumentar a participação privada nos serviços de saneamento e alcançar 35,2% dos municípios atendidos por prestadoras privadas;
  • Infraestrutura digital: aumentar em 25% o total de acessos per capita a serviços de acesso à internet de banda larga até 2032;
  • Infraestrutura espacial: reduzir a dependência brasileira de satélites estrangeiros, com acesso a 27 satélites, sendo 22 independentes.

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