BC mantém taxa de juros em mínima histórica, porém retira forward guidance

21 de janeiro de 2021 às 0h15

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Sede do Banco Central em Brasília | Crédito: Adriano Machado/Reuters

Brasília – O Banco Central manteve a taxa básica de juros na mínima histórica de 2% ao ano ontem, mas, em meio a pressões inflacionárias, retirou do seu comunicado o forward guidance, com o qual mantinha o compromisso de não elevar os juros desde que algumas condições estivessem satisfeitas.

“O forward guidance deixa de existir e a condução da política monetária seguirá, doravante, a análise usual do balanço de riscos para a inflação prospectiva”, afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado, reiterando que a suspensão da orientação não implica “mecanicamente” uma elevação da taxa de juros.

Com o forward guidance (orientação futura), adotado em agosto, o Copom se comprometeu a não elevar os juros até que as expectativas e projeções de inflação se aproximassem das metas no horizonte considerado relevante para a política monetária (até 2022) e contanto que o governo mantivesse seu regime fiscal.

“Em vista das novas informações, o Copom avalia que essas condições deixaram de ser satisfeitas já que as expectativas de inflação, assim como as projeções de inflação de seu cenário básico, estão suficientemente próximas da meta de inflação para o horizonte relevante de política monetária”, afirmou o Copom ontem.

Em sua última reunião de 2020, em dezembro, o Copom já tinha afirmado que as condições para o forward guidance poderiam não estar mais satisfeitas “em breve”, mas ressaltou que a retirada da orientação não implicaria mecanicamente uma elevação da taxa de juros.

Na última semana, o diretor de Política Monetária do BC, Bruno Serra, disse, por outro lado, que não haveria impedimento a uma elevação dos juros logo após a retirada do forward guidance e que considerava “natural” uma discussão sobre a normalização da Selic.

Esta foi a quarta reunião seguida em que o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa de juros estável.

Em pesquisa Reuters, todos os 32 economistas consultados esperavam a manutenção da Selic, mas, em meio a pressões inflacionárias, a maioria indicou que o viés para os juros é de alta.

“Nossa avaliação é de que o Banco Central deve iniciar a trajetória de normalização da política monetária a partir de agosto de 2021. A retirada do forward guidance neste momento pode antecipar esse início de normalização da política monetária”, afirmou José Márcio Camargo, economista-chefe da Genial Investimentos. (Reuters)

 Setores comemoram decisão, mas futuro preocupa

A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) avaliou ontem como positiva a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central, pela manutenção da taxa Selic em 2% ao ano.

“A federação entende que, tendo em vista a transitoriedade inflacionária recente e o elevado grau de ociosidade da economia brasileira, sobretudo do setor de serviços, a medida é acertada. Esse cenário deixa claro que a economia brasileira ainda apresenta uma série de fragilidades e que a retirada do estímulo monetário, por meio de um aumento da taxa de juros, impactaria negativamente a recuperação em curso”, destacou a entidade por meio de nota enviada à imprensa.

Para o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, mesmo com a taxa em baixo patamar, o acesso ao crédito, importante para a economia, continua sendo um entrave e preocupa o setor.

“(…) o cenário se desenha com elevação de juros para o ano de 2021. De acordo com o boletim Focus do dia 15 de janeiro, a expectativa é de que os juros básicos cheguem a 3,25% no decorrer do ano. E para o comércio, essa é uma péssima notícia. Afinal, juros em patamares baixos ajudam as famílias e as empresas a se organizarem financeiramente, a recuperarem o crédito e retornarem ao mercado de consumo, estimulando a economia”, ponderou o dirigente em nota.

O presidente da Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), José Anchieta, também comentou sobre a relevância da manutenção da Selic no atual patamar para o estímulo da economia por meio de um crédito mais barato. “Essa oferta é importante para dar sobrevida às empresas brasileiras mediante a execução de novas ações governamentais de isolamento social”, destacou. (Da Redação)

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