BNP Paribas revisa projeção de crescimento

16 de maio de 2019 às 0h03

São Paulo – O BNP Paribas cortou a estimativa de crescimento para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano a 0,8%, de 2% antes, num cenário que abrirá espaço para o Banco Central levar a Selic a 5,75% no fim do ano, apesar de uma inflação ligeiramente mais alta por causa do dólar mais forte.

Em fevereiro, o BNP já havia cortado a previsão para a alta do PIB em 2019 de 3% para 2%, citando a herança estatística do ano anterior.

O prognóstico para o PIB de 2020 foi reduzido agora de 3% para 2,5%. O cenário considerado pelo BNP é pior que o do mercado e do governo.

Segundo o economista Gustavo Arruda, a revisão para baixo do PIB decorreu de uma sequência de dados decepcionantes, que indicam declínio de 0,3% da atividade no primeiro trimestre sobre os três meses anteriores.

“Enquanto do lado da oferta os setores industrial e de serviços se mostraram mais fracos que o antecipado, do lado da demanda os investimentos continuaram fraquejando”, diz Arruda em relatório.

Uma combinação de “vários ventos contrários” explica o frágil começo de 2019 para a economia brasileira, diz o economista. No front externo, a queda nos preços e volumes de exportação – diante da desaceleração global causada pela fricção comercial entre China e Estados Unidos -, bem como a profunda recessão na Argentina golpearam a economia brasileira.

A restrição fiscal aos estados e municípios e o rompimento da barragem de Brumadinho (MG), da Vale, em janeiro, também impactaram a atividade no primeiro trimestre. “Para o segundo trimestre, indicadores antecedentes até agora sugerem crescimento positivo, mas fraco”, diz Arruda.

Inflação – O economista elevou a inflação projetada para 2019 a 4%, de 3,5%, argumentando que a depreciação cambial, alguns preços mais altos para importados e riscos relacionados à peste suína na China mais do que compensam, no IPCA, o efeito da atividade mais débil.

Para 2020, o BNP manteve cenário de inflação de 4%, citando três fatores. O centro da meta de inflação para 2029 é 4,25% e cai para 4% em 2020.

Para o economista do BNP, o Banco Central retomará flexibilização monetária no segundo semestre de 2019, com perspectiva de hiato do produto negativo por mais tempo e de núcleos de inflação ainda rodando abaixo da meta.

A Selic terminará o ano em nova mínima recorde de 5,75%, dos atuais 6,50%, nas contas de Arruda. “Olhando apenas inflação e crescimento, já vemos espaço para cortes nas taxas de juros. No entanto, achamos que o Copom provavelmente esperará pela aprovação da reforma previdenciária antes de agir”, disse o economista do BNP, que vê um “custo” na estratégia do BC.

O cenário de economia mais fraca que ampara juros mais baixos é consistente com a avaliação da equipe de estratégia do BNP Paribas de que a curva de DI carrega atualmente excessivo prêmio de risco. (Reuters)

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