Em um ano de retomada de produção na siderurgia e de aumento da demanda do setor aeroespacial, a Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração (CBMM) anunciou crescimento de 64% na receita líquida em 2021 ante o ano anterior, somando R$ 11,4 bilhões.
Com o desempenho positivo, o lucro líquido da empresa, que tem sede em Araxá, no Alto Paranaíba, atingiu R$ 4,5 bilhões, incremento de 78% na mesma base de comparação. Os resultados do ano passado são recordes.
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Para Minas Gerais, os resultados da empresa em 2021 representaram um incremento de R$ 4 bilhões na receita pública. Os valores foram pagos por meio de impostos arrecadados pela comercialização dos produtos vendidos pela empresa e uma parcela de R$ 1,5 bilhão para a Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig), que tem participação societária na CBMM.
Os resultados são os melhores do ponto de vista financeiro da empresa, que desde 1960 atua com a extração de nióbio e a produção de insumos advindos desse tipo de minério, conforme afirma o CEO da CBMM, Eduardo Ribeiro. O executivo acrescenta que 2021 não superou apenas os números do mercado, já que o pico do nióbio ocorreu em 2019, ano anterior à pandemia da Covid-19.
O desempenho da empresa também está demonstrado por meio do lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização da empresa (Lajida) ou Ebitda – sigla que remete ao indicador em inglês, que somou R$ 7,6 bilhões no ano passado, valor 47% superior ao registrado em 2020.
Fatores
A CBMM atribui os resultados positivos do ano passado, além do fenômeno de retomada mundial, fatores como o aumento do preço do nióbio em cerca de 10% em 2021 e os esforços pela descarbonização que pautam a agenda de empresas. O fator surpresa, segundo Eduardo Ribeiro, foi a demanda mais aquecida do que o esperado do mercado de aeronaves, já que o mesmo se manteve com a frota fortemente parada no primeiro ano de pandemia e teve uma recuperação além daquela projetada pela CBMM em seu planejamento.
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“O preço do nióbio é determinado pela oferta e demanda. E, no ano passado, foi observado esse aumento. Mas todo esse movimento para diminuir a pegada de carbono e que envolve a geração de energia elétrica limpa ou verde passa pelo armazenamento. Para você utilizar bem a energia elétrica, você precisa armazenar quando não há consumo. O nióbio e os produtos dele têm papel fundamental para o desenvolvimento de baterias cada vez melhores”, afirma Ribeiro.
Vale ressaltar, porém, que 90% do nióbio e produtos comercializados pela CBMM são destinados à indústria siderúrgica, sendo que os 10% restantes são incorporados às indústrias aeroespaciais, de mobilidade, elétrica e de tecnologia para equipamentos hospitalares.
Produção física e futuro
A CBMM vendeu 85 mil toneladas de nióbio no ano passado. O incremento foi de 17% quando comparado ao exercício anterior. Segundo dados da empresa, a China seguiu como principal mercado, sendo responsável pela absorção de 40% do volume de vendas e do material produzido. Japão, Coreia do Sul e Índia representaram uma fatia de 22% do mercado, acompanhados pelos países europeus (19%). No somatório, as Américas, principalmente EUA e Brasil, totalizaram 14% do mercado da empresa. Por fim, o Oriente Médio e a África representaram os 5% restantes.
A CBMM almeja, para 2030, que a empresa tenha o dobro dos resultados de 2021. Somente neste ano, as expectativas já são para um fechamento otimista. “O nosso crescimento em 2022 deve ser de 20% a 30%. Nós projetamos esse crescimento principalmente na siderurgia, em aço para a construção civil. Produtos na área médica e também espaciais devem ter crescimento. E o que a gente vê é que vamos crescer em todos os segmentos nos próximos anos, mas o que vai crescer mais é a bateria”, aponta Eduardo Ribeiro.
Pesquisa e tecnologia
Em busca de suprir as necessidades do mercado de baterias, o CEO da CBMM afirmou que, hoje, a empresa está concentrando esforços no desenvolvimento de óxidos e na mistura de nióbio, componentes fundamentais para as baterias. Neste momento, a empresa segue em fases de testes para avançar na cadeia de suprimentos do mercado de baterias, movimento que, segundo Ribeiro, é uma forma de também agregar mais valor a Minas Gerais. Ele descartou, no entanto, a produção direta de baterias.
Para ajudar o mercado a tornar as baterias cada vez mais seguras, produtivas e rápidas, a empresa investe em startups para a aceleração do desenvolvimento de tecnologias para o equipamento. Em 2021, o volume de vendas de produtos de nióbio para o atendimento ao mercado de baterias foi de 50 toneladas. Já para 2022, a expectativa é que o número seja 10 vezes maior, alcançando as 500 toneladas.