O desemprego em Minas Gerais bateu recordes no primeiro trimestre deste ano, atingindo 13,8%, o que corresponde a 1,48 milhão de desocupados no Estado. O percentual é o mais alto da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), iniciada em 2012.
Os números da entidade também revelam que o resultado dos três primeiros meses deste ano representa um aumento de 1,6 ponto percentual (p.p.) em relação ao último trimestre do ano passado. Na comparação com o primeiro trimestre de 2020, a elevação foi de 2,3 p.p. Além disso, havia também, no mesmo período em Minas Gerais, 503 mil pessoas desalentadas.
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Analista do IBGE, Alexandre Veloso destaca que a alta do desemprego em Minas Gerais e no Brasil é um reflexo da pandemia da Covid-19 e de todas as suas consequências. Ele salienta que, quando houve a diminuição dos números relacionados à propagação da doença, houve também uma pequena recuperação dos empregos. Entretanto, com uma nova onda, os postos de trabalho voltaram a ser extintos em um ritmo maior.
“Houve um crescimento expressivo da taxa de desocupação em Minas Gerais, ainda que inferior à média nacional”, salienta ele. No Brasil, o desemprego chegou a 14,7%.
Os dados divulgados pelo IBGE também mostram que a informalidade no Estado no primeiro trimestre deste ano atingiu 38,4% da população ocupada. O número é um pouco menor do que a média nacional (39,6%).
“A informalidade, em épocas de crise, é diferente do verificado em outros períodos, quando a economia vai bem”, diz Veloso. De acordo com ele, enquanto em outros momentos a informalidade geralmente é algo transitório, em situações como a atual, para muitas pessoas é a única opção e com menor expectativa de mudança em curto prazo.
Setores
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Nesse cenário, Veloso salienta que as atividades que mais contribuíram para a elevação do desemprego em Minas Gerais foram justamente aquelas mais afetadas pelas medidas de distanciamento social.
Na comparação entre o primeiro trimestre deste ano com o primeiro trimestre do ano passado, segundo os dados que foram divulgados pelo IBGE, a maior queda no número total de ocupados no Estado, em termos absolutos, foi verificada em alojamento e alimentação (menos 152 mil pessoas).
Posteriormente, também com quedas expressivas, vêm outros serviços (menos 137 mil), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (menos 127 mil) e indústria geral (menos 124 mil).
Diante de todo o quadro atual, Veloso afirma que o mercado de trabalho continua dependendo da resolução da situação sanitária. Segundo ele, há uma relação direta entre os números relacionados à pandemia da Covid-19 e o desemprego em Minas Gerais e no Brasil.
“A piora da situação, o isolamento social, o abre e fecha, tudo isso impacta o mercado de trabalho. A gente vê que, enquanto a situação sanitária não melhorar, as perspectivas são de que os patamares continuem elevados, mas não se pode afirmar que vão subir ou estabilizar”, diz ele.