Endividamento das famílias chega a 80,2% em junho na capital mineira

16 de julho de 2020 às 0h19

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Crédito: Marcos Santos/USP Imagens

A crise econômica provocada pela pandemia do Covid-19 está causando o aumento da inadimplência e do endividamento das famílias.

A edição de junho da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG), mostra que o número de famílias com contas atrasadas em Belo Horizonte cresceu 1,9 ponto percentual (p.p.), atingindo 41,1% no sexto mês.

Seguindo a mesma trajetória, o número de famílias endividadas voltou a subir na cidade, alcançando 80,2%, o resultado mais elevado desde 2018.

O economista-chefe da Fecomércio-MG, Guilherme Almeida, explica que o endividamento representa os compromissos financeiros assumidos pelas famílias e, por si só, não é um dado negativo. O problema é quando não há capacidade de honrar com o compromisso.

“O endividamento precisa ser bem administrado pelas famílias. O que estamos percebendo é que, com a pandemia, o número de famílias endividadas está crescendo, com o índice saindo de 71,7% em fevereiro, último mês antes das restrições de funcionamento das atividades para controle do Covid-19, para 80,2% em junho. Isso indica que mais famílias estão recorrendo ao crédito e ao parcelamento para pagamento dos compromissos. Quando administrado, esse endividamento não é negativo”, avaliou.

Outro índice que apresentou alta foi a inadimplência. Segundo Almeida, com as medidas impostas para controle da pandemia, o que suspendeu a atividade de diversos setores econômicos, houve aumento do desemprego e queda da renda das famílias, que passaram a não conseguir quitar os compromissos.

“Quando olhamos as contas em atraso, percebemos que a inadimplência vem crescendo desde fevereiro, quando o índice estava em 28,1% e agora em junho chegou a 41,1%. É um aumento considerável. As pessoas não estão conseguindo honrar os pagamentos até a data de vencimento. Seja pelo desemprego ou pela redução dos salários”, explicou.

Em relação ao mês de julho, cerca de 19,4% das famílias sinalizaram que não terão condições de quitar os compromissos adquiridos.

“O aumento da inadimplência é ruim para todos. Por um lado, o consumidor que não consegue quitar as contas fica com restrição ao crédito e deixa de consumir bens duráveis, que exigiriam um financiamento, por exemplo. Para o setor produtivo, também é negativo, já que perde o consumidor”, destacou.

A tendência, devido às incertezas, é de que a inadimplência continue em alta, uma vez que o controle efetivo da pandemia dependeria de uma vacina, por exemplo. De acordo com Almeida, a pandemia potencializou um cenário de inadimplência que já era sentido no primeiro trimestre, que geralmente acontece devido ao pagamento de vários tributos obrigatórios. Porém, já em março, com o início do distanciamento social, a inadimplência aumentou.

“É um cenário preocupante, mas é preciso que as famílias façam um planejamento, evitem gastos e deem prioridade a quitar as dívidas que têm os juros mais altos, como as dos cartões de crédito. É difícil falar isso para famílias que estão inadimplentes, mas é necessário planejar para que as dívidas não se transformem em uma bola de neve. A situação é muito delicada, ainda não se sabe quando acabarão as medidas de distanciamento, com isso, empresas estão fechando, demitindo e a tendência é de aumento da inadimplência”, explicou.

Economia – O economista, professor e coordenador do curso de Administração do Ibmec-BH, Eduardo Coutinho, também reforça que a queda da inadimplência depende da retomada das atividades econômicas e da economia.

Segundo Coutinho, enquanto houver restrições de funcionamento das atividades econômicas, a tendência é de aumento do desemprego, queda da renda das famílias e maior inadimplência.

“Enquanto houver medidas de restrição das atividades econômicas e da circulação, a situação continuará se agravando. Não tem como melhorar com a economia parada. Teremos mais desemprego, mais pessoas vivendo na miséria e maior inadimplência”, afirmou.

Ainda segundo Coutinho, mesmo após a retomada das atividades econômicas, a recuperação das empresas e dos postos de trabalho será lenta.

“É uma situação que, para ser resolvida, demandará tempo, não se resolve rapidamente. Vínhamos de um período em que a economia estava em queda ou com pequena alta. A pandemia veio para agravar uma situação que já não era boa. Com muitas atividades econômicas proibidas de funcionar, na hora que voltar, não teremos um comércio cheio de uma hora para outra. Muitas cadeias produtivas foram desarticuladas e a recuperação não será simples. Além disso, tem uma série de regras trabalhistas que dificultam a recontratação e, por isso, será importante flexibilizar para facilitar a retomada”, concluiu.

Energisa doa R$ 1,9 mi a Estímulo 2020

O Grupo Energisa, por meio do movimento Energia do Bem, doou R﹩ 1,9 milhão à iniciativa Estímulo 2020, que oferece crédito barato e facilitado às micro e pequenas empresas de Minas Gerais. Lançado em junho, o projeto já está disponível para as 77 cidades atendidas pela Energisa na Zona da Mata e no Sul do Estado, como Cataguases, Muriaé, Leopoldina, Ubá, Manhuaçu, Extrema e Cambuí.

Depois de São Paulo, o Estímulo 2020 chegou a Minas Gerais como uma parceria com a Fiemg (Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais), que mantém a cooperativa de crédito Sicoob Credfiemg.

Ao todo, serão R﹩ 100 milhões oferecidos às PMEs mineiras, recursos que são fruto de doações de empresas e pessoas físicas e têm como objetivo oferecer capital de giro de fácil acesso. Para cada real doado, o Sicoob Credifiemg aplica mais R﹩4.

“Neste momento adverso, nosso papel não deve ser apenas de distribuidora de energia, mas de aliada dos nossos clientes. Nesse sentido, as micro e pequenas empresas são as mais impactadas pela crise, justamente as que geram mais empregos, o que torna ainda mais urgente o nosso apoio”, afirma o CEO do Grupo Energisa, Ricardo Botelho.

“Esse é um movimento de apoio ao empreendedor brasileiro. Sabíamos das dificuldades que todos estão enfrentando e não poderíamos ficar de braços cruzados. Agora, pouco mais de dois meses depois do lançamento, temos ainda mais certeza da necessidade de programas como o Estímulo 2020. É fundamental que os recursos cheguem à ponta, que sejam depositados na conta do empresário que passa por dificuldades. Não basta que o recurso esteja disponível, ele precisa ser efetivamente desembolsado. No Estímulo 2020, graças à tecnologia e ao esforço de nossos inúmeros parceiros, temos conseguido fazer isso, de forma simples, rápida e sem burocracia”, afirma Eduardo Mufarej, fundador do RenovaBR e do fundo de investimento de impacto GK Ventures, que mobilizou sua equipe para viabilizar o projeto.

Em uma plataforma totalmente digital, o crédito poderá ser acessado no valor equivalente a até um mês de faturamento das empresas, dividido em duas parcelas mensais.

Os juros são de 0,53% ao mês e 6,55% ao ano, com carência de 3 meses e pagamento em até 15 vezes. Serão atendidas empresas viáveis, com no mínimo 2 anos de atividade, bom histórico e faturamento anual entre R﹩ 360 mil e R﹩ 4,8 milhões.

“Somos uma empresa mineira, fundada há 115 anos em Cataguases, que nasceu com a missão de gerar desenvolvimento para a região. Esta parceria reafirma nosso compromisso em atuar junto à nossa comunidade, desta vez com foco nos pequenos empreendedores que precisam, mais do que nunca, de crédito em condições especiais para manterem os seus negócios”, completa Ricardo Botelho.

“Graças ao engajamento das empresas e empresários parceiros pudemos colocar essa iniciativa de pé. E nós não vamos parar por aqui, queremos ampliar nossa atuação para apoiar empresas Brasil afora. Por exemplo, outros estados e empresas estão desde já convidados a desenvolver seus próprios modelos usando nossa plataforma tecnológica”, afirmou Pedro Faria, sócio da Tarpon, outra importante apoiadora do Estímulo 2020.

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