Endividamento das famílias sobe pela 3ª vez consecutiva em BH

27 de abril de 2021 às 0h30

img
O cartão de crédito está sendo mais utilizado para pagar itens essenciais de consumo na Capital, como os combustíveis | Crédito: Alisson J. Silva/Arquivo DC

Em meio a altos e baixos durante a pandemia da Covid-19, o endividamento das famílias da capital mineira avançou em março, pela terceira vez consecutiva, chegando a 69,4%.

O número representa um aumento de 0,7 ponto percentual (p.p.) na comparação com fevereiro. O uso do cartão de crédito para realizar compras de bens essenciais foi um dos principais responsáveis pelo incremento.

Os dados pertencem à Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), feita pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Minas Gerais (Fecomércio MG), com os dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).

“Uma das razões do aumento do endividamento está diretamente ligada cada vez mais ao uso do crédito, principalmente do cartão de crédito, para se fazer compras de bens essenciais, por exemplo alimentos e combustíveis. Então, existe uma tendência cada vez maior de as famílias terem sua renda reduzida, principalmente nesse período de pandemia, e usar as suas fontes de crédito para conseguirem consumir coisas básicas”, destaca a economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins.

Os números da pesquisa de endividamento também revelam que, quando o assunto é o cartão de crédito, esse meio de pagamento é utilizado por 85,5% dos moradores de Belo Horizonte. O segundo lugar é ocupado pelos carnês, que atingem 10,7% das famílias da capital mineira. Posteriormente vêm financiamento de carro (10,6%), financiamento imobiliário (7,7%), cheque especial (7,6%), crédito consignado (6,5%) e crédito pessoal (5,2%).

Tendência – Por ora, em médio prazo, o endividamento das famílias belo-horizontinas deve continuar crescendo, de acordo com Gabriela Martins, principalmente por causa da redução da renda no período de pandemia.

“Com essa redução da renda, as pessoas buscam cada vez mais as fontes de crédito, como cartão de crédito, cheque especial, entre outros, para conseguir fazer compras de bens essenciais, o alimento, o combustível, entre outras coisas”, destaca ela.

Entretanto, explica a economista da Fecomércio MG, no longo prazo, a tendência deverá ser inversa.

“No longo prazo, a gente espera uma tendência ao contrário, a gente espera uma redução do endividamento. No longo prazo, principalmente no cenário pós-pandemia, a gente espera que a renda e o emprego voltem aos níveis iniciais, aos níveis pré-pandemia. Ou seja, com mais renda e mais emprego, obviamente, as pessoas conseguem consumir sem se endividar”, afirma ela.

Endividamento e os impactos da pandemia

Gabriela Martins afirma que é possível acompanhar três ciclos de impacto da pandemia no endividamento. No primeiro ciclo, de março a julho do ano passado, houve um aumento do endividamento,  explicado sobretudo pela diminuição grande e repentina da renda das famílias.

Já de agosto a dezembro, afirma ela, pôde ser visto um ciclo de diminuição do endividamento. Um dos fatores que levaram a esse cenário foi a falta de confiança dos consumidores no futuro. Dessa forma, eles pararam de comprar por conta da incerteza em relação ao pagamento das dívidas. O auxílio emergencial também contribuiu para a redução do endividamento nesse período, explica Gabriela Martins, uma vez que as pessoas puderam consumir mais à vista.

“Em janeiro, a gente já começa a ver um terceiro ciclo de endividamento, que é um ciclo de aumento, novamente causado pela redução da renda das famílias, que vem sendo um problema, uma constante durante toda a pandemia. Também agora, sem o auxílio emergencial no início do ano, as pessoas voltam a ter que consumir a prazo para ter seus bens essenciais na mesa, na sua vida”, diz ela.

Tags:
Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

Siga-nos nas redes sociais

Comentários

    Receba novidades no seu e-mail

    Ao preencher e enviar o formulário, você concorda com a nossa Política de Privacidade e Termos de Uso.

    Facebook LinkedIn Twitter YouTube Instagram Telegram

    Siga-nos nas redes sociais

    Fique por dentro!
    Cadastre-se e receba os nossos principais conteúdos por e-mail