Endividamento na Capital tem maior nível em 2 anos

31 de agosto de 2021 às 0h27

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Alto desemprego pode agravar inadimplência em BH | Crédito: Charles Silva Duarte/Arquivo DC

O endividamento das famílias de Belo Horizonte atingiu o maior patamar nos últimos dois anos, alcançando 84,8% da população em agosto. O resultado indica alta de 2,7 pontos percentuais em relação a julho, de 7,1 sobre o mesmo mês de 2020 e de 5,7 pontos frente ao mesmo período de 2019. A variação é seguida pela quantidade de famílias com contas atrasadas, que alcançou 36,3% da população. Já o número de consumidores que não terão condições de quitar suas dívidas somou 17,9%.

Os dados integram a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG), com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A pesquisa retrata o comprometimento da renda familiar e a capacidade de pagamento dos consumidores.

Na avaliação da economista da Fecomércio MG, Gabriela Martins, três fatores regem o cenário e preocupam para os próximos meses: o nível elevado do desemprego, a alta inflação e o achatamento da renda das pessoas.

“Não só o endividamento está subindo, mas a inadimplência. Porque o endividamento elevado, por si só, indica aumento do consumo, mas quando combinado com a alta inadimplência e diante de um cenário negativo, mostra preocupação. Principalmente, porque para tentar controlar a inflação, o Banco Central (BC) também está aumentando a taxa básica de juros (Selic) e as dívidas vão ficar mais caras daqui para frente”, explica.

Segundo ela, a combinação destes fatores poderá levar a uma reação negativa em cadeia. “Quando a pessoa está inadimplente, ela não tem acesso ao crédito e não volta a consumir. A falta de consumo afeta a economia, que deixa de girar”, completa.

A pesquisa apontou que as principais modalidades de dívida dos consumidores da Capital sofreram oscilações, como é o caso do cartão de crédito, que saiu de 81,9% em julho para 83,5% em agosto. A tendência foi seguida pelos carnês (de 17,5% para 19,1%); financiamento de carro (de 7,6% para 8,8%); crédito pessoal (de 6,9% para 7,3%); cheque especial (de 6,7% para 7,8%); crédito consignado (de 4,8% para 5,6%) e cheque pré-datado (de 1,3% para 1,6%). Apenas o financiamento de imóveis registrou queda de 6,6% para 5,8%.

Segundo a economista, as pessoas têm tentado, de alguma maneira, recompor suas rendas. No entanto, o perfil da dívida dos consumidores indica que também há gastos com bens duráveis. “No caso do cartão de crédito, sabemos que, hoje, os consumidores pagam contas com cartão, e muitos o utilizam para as compras do mês. Mas também vemos modalidades referentes a bens duráveis. Por isso, é importante que tenham atenção e se planejem para não perder o controle do orçamento”, alerta.

Pesquisa 

De acordo com a pesquisa, ao todo, 84,8% dos consumidores de Belo Horizonte possuem algum compromisso financeiro, sendo que 44,6% se consideram pouco endividados. Dos endividados, 42,9% ainda não conseguiram honrar seus compromissos e estão com dívidas em atraso. Além disso, 17,9% acreditam que não terão condições de pagar os compromissos financeiros em atraso. 

Entre as famílias com contas pendentes, 52% afirmam que o período devido é de acima de 90 dias. A pesquisa também mostrou que as dívidas estão atrasadas, em média, há 65,4 dias.

O tempo médio de comprometimento de renda das famílias é de 6,8 meses. As dívidas comprometem mais de 10% da renda familiar em 82% dos casos, sendo que 23,6% envolvem mais de 50% do orçamento mensal. Em média, as dívidas comprometem 31,7% do orçamento do mês. Para famílias com renda acima de dez salários mínimos, esse percentual é de 31,7%.

Setor de serviços está mais otimista

Rio – O Índice de Confiança de Serviços, divulgado ontem pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), subiu 1,3 ponto, ficando em 99,3 pontos em agosto, no maior nível desde setembro de 2013, quando o indicador estava em 101,5 pontos. Na comparação com agosto de 2020, a alta foi de 14 pontos e em médias móveis trimestrais o índice avançou 3,7 pontos, a quarta alta consecutiva.

O economista do FGV/Ibre, Rodolpho Tobler, explicou que esse é o quinto avanço seguido. Com isso, a confiança dos serviços se consolida em patamar acima do nível pré-pandemia e próximo ao nível neutro.

“Ao contrário do que foi observado nos últimos meses, a alta foi mais influenciada pela melhora no volume de serviços no mês, enquanto as expectativas ficaram estáveis. A combinação sugere que a recuperação do setor vem avançando em paralelo às flexibilizações na pandemia. Vale ressaltar que o cenário para os próximos meses ainda depende da recuperação da confiança do consumidor e carrega muita incerteza, especialmente associados aos riscos da variante delta”, destacou Tobler.

Segundo o Instituto, o resultado da confiança dos serviços do mês foi influenciado principalmente pelo Índice de Situação Atual, que subiu 2,6 pontos, para 93,0 pontos, ficando no maior nível desde junho de 2014, quando o indicador alcançou 94,3 pontos. Já o Índice de Expectativas cresceu 0,1 ponto, para 105,7 pontos, patamar mais alto desde novembro de 2012 (106,2 pontos).

Seguindo a tendência positiva, o saldo do emprego previsto tem demonstrado recuperação contínua, com médias móveis trimestrais em alta pelo terceiro mês consecutivo, ficando em 10,4 pontos em agosto, maior resultado desde maio de 2014. O saldo se refere ao percentual de empresas que planejam aumentar seu quadro de funcionários nos próximos meses, menos o percentual que planejam reduzir. No pico da pandemia, em junho do ano passado, no pico da pandemia, o indicador ficou negativo em 35 pontos. (ABr)

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