A produção industrial de Minas Gerais apresentou queda de 15,9% em abril na comparação com o mês de março, na série com ajuste sazonal. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e são reflexo da pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Os números mostram, inclusive, que 13 dos 15 locais pesquisados pela entidade apresentaram retração no quarto mês do ano.
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Conforme destaca a supervisora de pesquisa econômica do IBGE, Claudia Pinelli, abril foi justamente o mês em que as ações de isolamento social, medidas de enfrentamento ao novo coronavírus (Covid-19), foram mais intensas.
“Muitas unidades produtivas foram fechadas, o que contribuiu para que a queda fosse dessa magnitude”, ressalta ela.
Em outras bases de comparação, os números continuam se mostrando bastante negativos. Em relação a abril do ano passado, por exemplo, a retração na produção industrial do Estado foi de 20,4%. Já no acumulado do ano, de janeiro a abril, o recuo foi de 11,4% e de 7,9% no acumulado de 12 meses.
No entanto, quando se analisa 2019 e este ano, conforme destaca Claudia Pinelli, houve uma mudança do perfil de queda em Minas Gerais.
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“No ano passado, houve uma queda muito grande na indústria extrativa, como consequência do rompimento da barragem de Córrego do Feijão, em Brumadinho. Hoje, a situação nesse setor já está diferente. Por outro lado, a indústria da transformação sofreu um impacto maior devido às medidas de isolamento social”, destaca ela.
Os dados do IBGE mostram que as retrações mais elevadas, quando se compara abril deste ano com igual período de 2019, partiram da fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-94,2%), fabricação de máquinas e equipamentos (-49,6%), fabricação de bebidas (-45,7%) e fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-40,2%).
Já no acumulado do ano de 2020 em comparação ao acumulado de 2019, de janeiro a abril, os destaques negativos foram para fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-33,9), indústrias extrativas (-24,8) e fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-22,2%).
Por outro lado, três atividades apresentaram crescimento em abril deste ano na comparação com igual período de 2020. Foram elas: fabricação de produtos alimentícios (15,9%), fabricação de produtos do fumo (5,3%) e fabricação de outros produtos químicos (41%).
Já quando a comparação é feita entre o acumulado deste ano com igual período de 2019, um número maior de atividades apresentaram avanços. O maior deles foi registrado em fabricação de produtos têxteis (13%), seguido por fabricação de produtos alimentícios (8,9%), fabricação de outros produtos químicos (7,3%), fabricação de produtos de fumo (7%) e fabricação de celulose, papel e produtos de papel (2%).
Projeções – Pouco a pouco, as atividades econômicas estão retomando. A capital mineira, por exemplo, já experimenta a abertura de determinados estabelecimentos comerciais. Há, ainda, discussões acerca do retorno de outros negócios que ainda se encontram fechados.
No entanto, como afirma Claudia Pinelli, o cenário é incerto e não dá para ter certeza de uma recuperação em curto prazo.
“Vamos ter de aguardar os próximos períodos, verificar como se dará o processo de abertura das atividades. Também será preciso verificar como vai ocorrer o lado da demanda, aguardar para ver como as famílias vão reagir, uma vez que a renda está prejudicada”, salienta.