Governo inicia adoção de medidas e peso encerra semana com valorização de 8,97%
6 de outubro de 2018 às 0h04
Buenos Aires – O peso argentino subiu, na sexta-feira (5), devido às vendas privadas de dólares em função do diferencial de curto prazo representado pelas taxas domésticas, no âmbito de um novo programa monetário destinado a conter a galopante inflação. O peso fechou em alta de 1,32%, a 37,90 por dólar, terminando a semana com um crescimento de 8,97%.
O banco central argentino implementou, desde segunda-feira (1º), um sistema de controle da base monetária e uma faixa flutuante para o peso, entre outras medidas.
A autoridade monetária vendeu 104,831 bilhões de pesos (US$ 2,77 bilhões) em títulos de sete dias, chamados de “Leliq”, com um rendimento médio de 73,314% ao ano.
Enquanto as altas taxas para as Leliq acalmaram a volatilidade cambial, economistas externaram preocupação sobre a sustentabilidade da estratégia no longo prazo.
A autoridade monetária do país disse que vai manter a taxa de juros acima dos 60% até dezembro, em uma aposta para combater a crescente alta de preços na economia. A expectativa é de que a inflação fique acima dos 44% em 2018, de acordo com a pesquisa mais recente do BC argentino.
Acordo com FMI – Os ganhos desta semana vieram após a revisão de um acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), anunciada semana passada, para aumentar a linha de crédito ao país para US$ 57 bilhões, ante US$ 50 bilhões anteriormente.
Recorrer ao FMI foi um passo sensível politicamente para o presidente argentino, Mauricio Macri, que concorrerá à reeleição no próximo ano. Vários eleitores culpam o FMI pela crise econômica do país em 2002, que jogou milhões de argentinos da classe média na pobreza. Com a taxa de juros alta sufocando o crédito, a expectativa é de que a economia continue em retração em 2019.
Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, sinalizou suporte para aumentos da taxa de juros graduais, que podem, provavelmente, redirecionar investimentos que estavam na Argentina e outros mercados frágeis de países emergentes. O peso argentino perdeu cerca de metade de seu valor contra o dólar em 2018. (Reuters)