Um dos ativos mais seguros, o ouro está valorizado no mercado e a tendência é de que se mantenha em alta. Opção segura para períodos de crises, o metal precioso viu sua cotação avançar de forma significativa desde o início da pandemia. Se, no início de 2020, o grama do ouro era negociado, em média, próximo a R$ 195, hoje, o mesmo volume está avaliado em torno de R$ 330 e pode alcançar R$ 340 a R$ 345 nas próximas semanas. Além da demanda alta pelo ouro, a variante de Covid-19 Ômicron tem trazido incertezas e contribuído para elevar o preço do metal precioso.
Nos últimos 12 meses, o valor do ouro recuou quase 4%, uma vez que os aportes na bolsa de valores voltaram a ser interessantes, com o maior controle da pandemia e a maior oferta de empresas. O grama encerrou o dia 21 de dezembro a R$ 330. Em primeiro de dezembro, porém, o grama estava cotado próximo a R$ 326, o que representa uma variação positiva de 1,1% no período do mês.
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O diretor de câmbio da Ourominas, Mauriciano Cavalcante, explica que o mercado do ouro, tanto interno como externo, tem apresentado uma oscilação muito grande, mas sempre com viés de alta.
“As previsões para a economia global se deterioraram um pouco por conta da Ômicron, e, com essa crise da Covid-19, a tendência é que o ouro venha a se valorizar mais ainda, como vem acontecendo nos últimos dias”.
Ainda segundo Cavalcante, o preço do grama chegou, esta semana, a R$ 332. “A tendência é de que o preço continue nessa volatilidade muito grande, tendendo a buscar os R$ 335 a R$ 340 o grama. Isso em prazo curto de uma semana. Mas é muito difícil saber o que pode acontecer. As projeções estão neste patamar por conta da nova variante”, explicou.
No mercado interno, além da valorização do metal precioso, a do dólar também contribui para a alta dos preços. “Internamente nós temos o problema político econômico, onde o governo não está mostrando força para aprovar as reformas necessárias. Outro viés em cima do ouro é o dólar, que ajuda na volatilidade interna. O dólar comercial vem batendo recordes nos últimos meses, chegando a R$ 5,75”, disse Cavalcante.
Fatores diversos
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O analista financeiro da Skilling para Latam, Ramón Morell, ressalta que os preços dos metais preciosos não estão totalmente relacionados às notícias da variante da Covid.
“Tem a ver com a aversão ao risco, o valor de seu preço base que é o dólar e a necessidade para a fabricação de componentes básicos em várias indústrias. O ouro é um ativo porto-seguro, portanto, se houver preocupações sobre uma nova onda da pandemia, seu preço pode ser elevado devido à sua atração nessas circunstâncias”.
Ainda segundo Morell, é esperado novas valorizações nos preços do ouro. “Nos últimos dias, o preço recuperou e, daqui em diante, pode-se esperar níveis mais altos. O preço do ouro perdeu 3,78% de seu valor nos 12 meses, mas se os mercados de ações mantiverem a correção atual, podemos ver o ouro se movendo para a casa dos US$ 2.000 por onça novamente. No entanto, as projeções são difíceis devido ao ambiente atual e à quantidade de resultados imprevisíveis”, disse.
O economista Igor Lucena explica que, desde 2019, o ouro vem apresentando alta nos preços. Além da demanda maior, a desvalorização da moeda brasileira frente à americana tem impulsionado a cotação. “A grama do ouro em 2019 era vendida em torno de R$ 150 e hoje está variando entre R$ 320 a R$ 330. Levando em consideração o dólar, a desvalorização do real tornou os preços da commodity ainda mais caros”.
No ano, Lucena explica que existe uma retração de quase 4% no preço interno. “Tivemos muitos IPOs, com várias economias se abrindo. Este fator faz com que as pessoas busquem mais rentabilidade. Então, elas retiram o dinheiro de ativos como ouro. Mas o ouro, em momento de crise, é importante e seguro para investidores no mercado interno e externo”.
Em relação a novas ondas da pandemia da Covid-19, Lucena explica que a tendência é de novas oscilações na cotação do metal precioso.
“Se tivermos novas ondas, a possibilidade é de novas variações. Na América Latina, a população tem sido mais receptiva à vacina e uma quarta onda pode ter menos impactos. Já na Ásia, Europa e Estados Unidos, a variação tende a ser maior, por uma parcela maior da população não querer vacinar e pode ter uma onda mais forte. É uma situação complexa”, concluiu.