A Agência de Promoção de Investimentos e Comércio Exterior de Minas Gerais (Indi), vinculada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), aposta na atração e fortalecimento de cadeias produtivas diversas no Estado como forma efetiva de diversificar a economia mineira. Setores como fármaco, automotivo, logístico, metal-mecânico, aeroespacial e de energias renováveis estão entre as principais promessas para os próximos anos.
A informação é do diretor-presidente do Indi, Thiago Toscano, que participou do painel “Nova mineração e diversificação econômica: utopia, necessidade ou oportunidade”, durante o III Encontro Nacional dos Municípios Mineradores.
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“Por muitos anos, falou-se sobre a importância de se diversificar a economia de Minas Gerais, mas pouco se fez efetivamente. A diversificação econômica é uma necessidade e uma oportunidade. Resta saber quais são os esforços para promovê-la. Por isso, agora estamos, de fato, partindo para a ação e já começamos a colher os primeiros resultados”, disse em entrevista ao DIÁRIO DO COMÉRCIO.
O mais recente exemplo do trabalho, conforme Toscano, diz respeito ao evento “#Vempraminas – Fármacos e Medicamentos”, realizado pelo órgão há algumas semanas, em uma iniciativa de atrair investimentos para acelerar crescimento da indústria farmacêutica e de medicamentos e suas cadeias produtivas em Minas. De acordo com o diretor, desde então, treze empresas já procuraram o governo do Estado com intenção de investir em Minas Gerais, seja implantando operações ou expandindo sua atuação.
“A ideia é fortalecer outras cadeias produtivas que tenham potencial competitivo e que vislumbrem essa atuação conjunta em Minas Gerais. Iniciamos os trabalhos pelo setor de fármacos e o próximo será o automotivo”, revelou.
A indústria extrativa representa cerca de 25% da produção industrial do Estado. E já não é de hoje que se alerta para a exaustão da reserva mineral em algumas regiões e a necessidade de uma maior diversificação da economia com intuito de promover uma menor dependência das receitas de um único setor.
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De acordo com o consultor de assuntos institucionais da Associação de Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), Waldir Salvador, um levantamento da entidade realizado em 2008 revelou que embora Minas Gerais e o Pará representassem, naquela época, mais de 80% do setor extrativo mineral do País, cerca de 75% dos fornecedores das mineradoras instaladas nesses estados estavam fora dessas regiões. “Dez anos se passaram e pouca coisa mudou”, alertou.
Itabira – O caso mais próximo e claro de dependência da mineração e de exaustão mineral com data prevista é o do município de Itabira, na região Central do Estado. Conforme já confirmado pela mineradora Vale, as reservas de minério de ferro da mineradora no município irão exaurir em 2028. Depois disso, a empresa pretende utilizar as usinas de beneficiamento para tratar o minério de ferro produzido em outras cidades do Quadrilátero Ferrífero.
De acordo com o prefeito de Itabira, Ronaldo Magalhães, isso indica que da mesma maneira como a cidade foi pioneira na extração mineral, será também a primeira a passar pelo esgotamento da exploração e já trabalha com alternativas de receitas para o município.
“A principal delas diz respeito à expansão do campus local da Universidade Federal de Itajubá (Unifei) e à construção do Parque Científico e Tecnológico da cidade (Itabira). São estimados investimentos da ordem de R$ 100 milhões e previsão de operações no período de um ano”, afirmou.
Os projetos proporcionarão novo horizonte à economia de Itabira. Para se ter uma ideia, conforme a prefeitura, a expansão do campus local da Unifei eleva os atuais 2.500 alunos para dez mil na construção de todo o complexo. Além disso, estudos de impacto financeiro estimam que os gastos da comunidade universitária na cadeia de serviços da cidade saltarão de R$ 52 milhões para R$ 260 milhões por ano.
Já o Parque Científico e Tecnológico de Itabira (PCTI) tem terreno disponibilizado de 380 mil metros quadrados, a três quilômetros da Unifei. A estrutura contemplará prédios para incubadoras de empresas e módulos tecnológicos, aprimorando a região para atrair novos investimentos.
Acordo – Para Magalhães, discussões sobre diversificação econômica são pertinentes e deveriam ser feitas em todo o País.
“Minas possui pelo menos sete décadas de exploração, e algumas cidades, como Itabira, até mais, e já começa a lidar com as primeiras minas a serem fechadas. Mas o mesmo vai acontecer com outros estados e com o Pará. Por isso, é interessante que já iniciem um trabalho efetivo paralelamente à mineração”, opinou.
Nesse sentido, o prefeito destacou o acordo de cooperação técnica assinado com o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) no primeiro dia do III Encontro Nacional dos Municípios Mineradores. Trata-se de uma iniciativa que buscará somar forças para a construção de uma mineração mais segura e justa para todos, na busca pelo desenvolvimento equilibrado e ético, com resultados concretos para a sociedade. O documento prevê, entre outras iniciativas, a criação de um grupo para tratar especificamente da diversificação econômica das regiões minerárias do País.