Materiais de construção estão escassos e mais caros

23 de setembro de 2020 às 0h18

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O consumidor formiguinha contribuiu na alta das vendas de materiais de construção | Crédito: Manoel Evandro

Assim como a construção pesada está enfrentando dificuldades com abastecimento e preços dos materiais, a construção civil também tem lidado com o mesmo problema. A combinação do aquecimento da demanda com a paralisação de algumas linhas de produção na indústria, a falta de insumos e a variação cambial tem elevado os preços dos insumos e até levado à escassez de alguns itens.

A informação é do presidente da Associação do Comércio de Materiais de Construção de Minas Gerais (Acomac-MG), Flávio Alves Gomes. Segundo ele, alguns materiais já registraram elevação de até 40% nos últimos meses, enquanto mais de 70% dos fornecedores estão com atraso nas entregas e dificuldades na aquisição de matéria-prima.

“É um efeito em cadeia. Com a chegada do novo coroavírus no Brasil, a indústria esperava uma paralisação geral no País, e o movimento natural foi desacelerar e suspender linhas produtivas. Ainda em março nós, da construção, conseguimos convencer as autoridades da essencialidade da atividade. Entretanto, além da retomada da indústria ser mais lenta, os fabricantes dos insumos ainda tiveram que lidar com efeitos extras, o que dificultou ainda mais a volta da produção”, explicou Gomes.

Ele se refere não apenas aos processos em si, que são mais lentos, mas também à variação cambial, uma vez que muitos insumos são taxados em dólar, e à própria paralisação dos setores produtivos em outros países.

“É uma pandemia. Afetou o mundo inteiro. E, por mais que tenhamos conseguido retomar os negócios por aqui, os materiais importados continuaram duplamente prejudicados: pelo alto valor do dólar e pela baixa produção nos outros países”, ressaltou o presidente da Acomac-MG.

Assim, a elevação dos preços tornou-se inevitável. Os aumentos variaram de 15% a 40%. Entre os principais materiais de construção que sofreram impactos estão os produtos que dependem de resina, plástico e outros insumos importados.

Acomodação – De toda maneira, Gomes acredita que é apenas uma questão de tempo para a situação se acomodar. O dirigente lembrou que a elevação dos custos nem a extensão dos prazos foram provocadas pela inflação ou elevação dos juros, mas sim, pela relação entre oferta e demanda. “É um processo natural do mercado. A situação vai se normalizar, mas ainda não sabemos quando”, ponderou.

Enquanto isso, o setor permanece aquecido. Para se ter uma ideia, nos últimos meses foi observado aumento de 46% nas vendas do setor. Conforme o presidente da entidade, o desempenho positivo pode ser relacionado à maior presença das pessoas em casa, em virtude das medidas de distanciamento social, e ao auxílio emergencial pago pelo governo federal nos últimos meses, por exemplo.

“Com a pandemia, as pessoas passaram a dar mais valor às suas moradias e estão fazendo mais obras também. O aquecimento das vendas de materiais não veio apenas das construtoras, mas do consumidor formiguinha, que compra item por item e faz pequenas reformas nos imóveis”, ressaltou.

Por fim, ele disse que ainda não é possível precisar como o setor vai encerrar o exercício. E que isso vai depender de alguns fatores, como o equilíbrio dos preços, a retomada das entregas e até mesmo os incentivos do governo federal, por meio de programas destinados à moradia da população brasileira. “Mas acredito que esta é uma filosofia que veio para ficar. O brasileiro aprendeu a valorizar o que tem valor, como seu próprio imóvel”, concluiu.

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