Mercado imobiliário da Capital fecha 2020 com retração de 6,5%

19 de fevereiro de 2021 às 0h30

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Crédito: Prodabel

A pandemia de Covid-19 afetou fortemente o mercado imobiliário de Belo Horizonte. De acordo com levantamento do Instituto Data Secovi, da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG), foram comercializadas 19.718 unidades na capital mineira no decorrer do ano passado, baixa de 6,5% na comparação com as 20.992 vendidas um ano antes.

Este foi o segundo recuo consecutivo do setor, uma vez que em 2019 foi apurada queda de 0,8% na comparação com 2018. O exercício passado, no entanto, foi marcado por diferentes comportamentos do setor entre o primeiro e o segundo semestre. É o que explica o diretor da CMI/Secovi-MG e responsável pelo Instituto Data Secovi, Leonardo Matos.

“Foi um ano bem atípico em que, embora o resultado consolidado tenha sido negativo, a segunda metade do ano indicou recuperação do mercado imobiliário. Já o primeiro semestre foi fortemente impactado pelas medidas de distanciamento social. Para se ter uma ideia, em março, abril, maio e junho, as quedas nas vendas de imóveis foram superiores a 25%, com destaque para abril e maio, que apresentaram retração de mais de 50%”, explicou.

Outro destaque do exercício, segundo o dirigente, é que, quando analisado apenas o segmento apartamentos residenciais, que representa dois terços do mercado, mesmo com a pandemia, o desempenho de 2020 superou o registrado em 2019. Para Matos, o motivo está na ressignificação da importância do imóvel na vida das pessoas, assim como outros fatores.

“A percepção das pessoas sobre sua moradia fomentou esse movimento, assim como a taxa básica de juros (Selic), que, em seu menor patamar histórico, está favorecendo os financiamentos. A facilidade na obtenção de crédito também contou a favor e a liquidez do mercado imobiliário em comparação com rendimentos bancários que estão com retornos baixos”, justificou.

O levantamento detalha que a queda apresentada pelo residencial – composto por casas, apartamentos e barracões – foi bem menor que a média geral: -1,8%. Considerando apenas o segmento de apartamento residencial, que, em 2020, representou 73,7% dos imóveis comercializados, houve crescimento de 0,6% em relação a 2019. Além disso, o market share desse tipo imobiliário foi maior no ano passado, crescendo 7,1% na comparação com o ano anterior.

Valor do imóvel – Em termos de preços, o valor médio do imóvel comercializado no ano passado subiu 1,3% comparado a 2019 (R$ 485.309,39 contra R$ 491.902,37), enquanto o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) chegou a 4,52% em 2020.

“Como a pesquisa do Instituto Data Secovi leva em consideração somente imóveis prontos, o valor ficou abaixo da inflação. No entanto, em relação aos empreendimentos em construção ou lançamentos, a correção foi maior, muito em função das altas dos preços dos insumos”, afirmou.

De toda maneira, Matos alertou que a tendência para este ano é de aumento nos valores dos imóveis usados, que serão corrigidos para acompanhar as altas dos valores de empreendimentos lançados e em obras. Sobre o desempenho do setor, ele disse que o mercado começou o ano aquecido, principalmente, no segmento residencial.

“Temos visto um número de negócios em linha com o apurado no último trimestre de 2020 e estamos bem confiantes com 2021. Se forem mantidas as projeções de juros baixos e fraco rendimento de aplicações financeiras, o mercado imobiliário vai seguir bem aquecido”, apostou.

Preço do aluguel residencial sobe em janeiro

Michelle Valverde

Em janeiro, o preço da locação de imóveis residenciais, em Belo Horizonte, apresentou variação positiva de 0,56%, segundo o Índice FipeZap de Locação Residencial, que acompanha o comportamento do preço médio do aluguel de apartamentos prontos. Na capital mineira, o reajuste nos valores ficou acima da inflação, já que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), no período, apresentou aumento de 0,33% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).  

Assim como visto em Belo Horizonte, na média do País, o valor do aluguel residencial avançou em janeiro, 0,21%, um aumento menos expressivo que o registrado no mês anterior, que foi de 0,43%. Na média nacional, a variação foi inferior à inflação registrada pelo IPCA/IBGE, que apresentou alta de 0,25% no período, resultando em queda real do preço médio. 

Com a variação positiva apresentada no Índice FipeZap de Locação Residencial em janeiro, o índice acumulado nos últimos 12 meses subiu para 6,57% em Belo Horizonte. Mais uma vez, a variação ficou acima da inflação acumulada no mesmo período, que, segundo o IBGE, foi de 5,13%. 

No País, a alta foi de 2,31% nos últimos 12 meses encerrados em janeiro de 2021, resultado que manteve a variação do preço médio do aluguel abaixo da inflação medida pelo IPCA/IBGE, que foi de 4,56%, e pelo IGP-M/FGV, de 25,71%. 

Dentre as capitais, no acumulado dos últimos 12 meses, Belo Horizonte foi a que apresentou a segunda maior elevação, ficando atrás somente de Goiânia, com incremento de 6,86%. Outras capitais, como Salvador (5,63%), Recife (4,84%), Brasília (4,23%), Rio de Janeiro (1,26%), Florianópolis (1,05%) e São Paulo (0,53%), também registraram altas, mas menos expressivas que em Belo Horizonte. 

Para o coordenador do Índice Fipezap de Locação Residencial, Eduardo Zylberstajn, dois fatores justificam a alta nos preços dos aluguéis: a recuperação do setor e a maior demanda provocada pela pandemia de Covid-19.

“Depois de muitos anos em queda, o setor imobiliário vinha mostrando sinais de recuperação já em 2019. Em 2020, devido à pandemia, em alguns meses, houve queda no setor, porém, logo após os primeiros dois a três meses, foi iniciado um movimento de recuperação forte. Isso fez com que os preços dos aluguéis aumentassem. Além disso, com as pessoas passando mais tempo em casa, houve uma demanda maior por imóveis, seja por uma reconsideração das famílias ou pela necessidade de imóveis mais adaptados à realidade”. 

Para este ano, a tendência ainda é de valorização dos preços. “O mercado imobiliário em geral está aquecido, o que deve sustentar a alta nos preços dos aluguéis. Porém, não é possível estimar um índice, já que existem várias incertezas econômicas em relação à pandemia e a taxa de desemprego está elevada”, explicou.

Retorno da locação Com o novo aumento dos aluguéis, o retorno médio da locação residencial (anualizado) encerrou janeiro de 2021 em 3,94%. O valor registrado em Belo Horizonte ficou abaixo da média das demais capitais, que encerrou em 4,69%. 

Com base nos dados da pesquisa FipeZap, o preço médio de locação dos imóveis residenciais ficou, em média, a R$ 23,69 por metro quadrado em Belo Horizonte.  Dentre os bairros, o metro quadrado mais valorizado está na Savassi, sendo avaliado a R$ 38,23. Em segundo lugar, ficou o bairro São Luiz, com o metro quadrado do imóvel estimado em R$ 32,70. Nos bairros Santo Agostinho e Lourdes, a média alcançou R$ 29,73 por metro quadrado. No Funcionários, o valor chegou a R$ 28,88 por metro quadrado. 

Dentre os preços menores, destaque para o bairro Jaqueline, onde o metro quadrado da locação residencial ficou em torno de R$ 11,62 em janeiro. No bairro Lagoinha, o espaço foi avaliado em R$ 12,45. Em seguida, vieram os bairros Céu Azul (R$ 12,64), Tirol, R$ 13,14, e Goiânia (R$ 13,28).

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