Minas fecha 2020 com criação de 32,7 mil vagas

Dados foram divulgados pelo Caged

29 de janeiro de 2021 às 0h30

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Crédito: Amanda Perobelli/Reuters

O ano de 2020 em Minas Gerais encerrou com mais admissões (1.598.742) do que demissões (1.566.025), resultando em um saldo positivo de 32.717 vagas de emprego, mesmo em meio à pandemia da Covid-19.

Os dados, que pertencem ao Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério da Economia, também mostram que o resultado foi positivo no País, com um saldo de 142.690 postos de trabalho.

O saldo de Minas Gerais foi o quarto maior do País, atrás de Santa Catarina (53.050), Paraná (52.670) e Pará (32.789).

Economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), Rodolpho Tobler destaca que um dos fatores que contribuíram para esse cenário foi o programa governamental de manutenção de emprego e da renda, que permitiu às empresas suspender ou reduzir a carga de trabalho, alcançando muitos trabalhadores. “Isso ajudou a não ter números negativos”, diz ele.

No entanto, mesmo que o saldo final seja positivo, o professor do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec BH) Paulo Pacheco lembra que os resultados são desiguais entre os setores da economia e que, embora alguns tenham conseguido alcançar crescimento, outros sofreram bastante com a crise.

“É muito bom ver mais empregos gerados do que demissões no geral, mas o resultado é desigual nos diversos setores da economia”, salienta.

Os números do Caged mostram bem essa realidade. Em Minas Gerais, enquanto a construção, a indústria e a agropecuária tiveram saldos positivos (25.248, 12.763 e 2.693, respectivamente), o saldo foi negativo para o comércio (-2.703) e também para os serviços (-5.284).

“O setor de serviços é um pouco diferente dos outros e acaba não sendo tão impactado em uma recessão. Mas com a pandemia e a necessidade de isolamento social, foi diferente. Muitos não têm como funcionar a distância e até os que estão operando, como os restaurantes, estão funcionando com uma capacidade mais baixa”, destaca Tobler.

Tendência – Em relação a este ano, o cenário ainda é de incertezas no curto prazo, conforme salienta Tobler. Ele lembra do aumento dos números da Covid-19 e que a vacinação não tem um efeito muito imediato, a ponto de já haver diversas flexibilizações em relação às medidas de distanciamento social. “Isso acaba gerando ainda mais cautela, principalmente para o setor de serviços”, diz.

Além disso, lembra o economista do FGV Ibre, os programas do governo acabaram, o que pode gerar mais demissões.

Pacheco, do Ibmec BH, também destaca que há vários desafios pela frente. Ele pontua que a dívida pública está muito alta. A taxa de desemprego também está elevada, frisa, mesmo diante do saldo positivo de postos de trabalho, uma vez que há mais pessoas buscando uma vaga no momento.

“O ano tende a continuar com o saldo positivo, mas isso não deverá ser capaz de gerar a redução da taxa de desemprego. Muitos vão encontrar uma vaga, mas não será o suficiente. Há um número muito grande de desempregados que, por um lado, não terão mais o auxílio do governo”, destaca.

Taxa de desemprego no País atinge 14,1%

São Paulo – O Brasil tinha 14 milhões de desempregados no trimestre encerrado em novembro, mas o mercado de trabalho continuou indicando alguma recuperação das vagas perdidas no início da pandemia com aumento na população ocupada.

A taxa de desemprego no País alcançou entre setembro e novembro 14,1%, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem.

É a taxa mais alta para o período desde o início da série histórica da pesquisa, em 2012, e ainda ficou pouco acima da expectativa em pesquisa da Reuters de 14,0%.

Mas o resultado ficou abaixo dos 14,4% vistos no trimestre anterior, de junho a agosto, e mostrou também arrefecimento sobre a taxa de 14,3% nos três meses encerrados em outubro.

O mercado de trabalho costuma ser o último a se recuperar em tempos de crise, e o desemprego permanece em níveis altos no Brasil, mesmo após o relaxamento das medidas de contenção ao coronavírus.

As incertezas agora giram em torno das consequências do fim da ajuda do governo às empresas e famílias.

Entre setembro e novembro, o Brasil tinha 14,023 milhões de desempregados, o que representa um aumento de 1,7% sobre os três meses anteriores e de 18,2% na comparação com o mesmo período de 2019.

Porém, o total de pessoas ocupadas registrou no período alta de 4,8% sobre o trimestre imediatamente anterior, somando 85,578 milhões, embora tenha havido queda de 9,4% na comparação com o mesmo período do ano anterior.

Segundo analista da pesquisa, Adriana Beringuy, o aumento da ocupação deve-se ao retorno das pessoas ao mercado de trabalho após a flexibilização das medidas de combate da pandemia, bem como à sazonalidade de fim de ano, especialmente no comércio.

“O crescimento da população ocupada é o maior de toda a série histórica. Essa expansão está ligada à volta das pessoas ao mercado, que estavam fora por causa do isolamento social, e ao aumento do processo de contratação do próprio período do ano, quando há uma tendência natural de crescimento da ocupação”, disse ela.

O aumento na ocupação foi registrado em nove dos dez grupos de atividades observados na pesquisa, com maior intensidade no comércio, que viu um aumento de 854 mil pessoas no trimestre encerrado em novembro sobre o período anterior.

“O comércio nesse trimestre, assim como no mesmo período do ano anterior, foi o setor que mais absorveu as pessoas na ocupação, causando reflexos positivos para o trabalho com carteira no setor privado, que, após vários meses de queda, mostra uma reação”, explicou Beringuy.

Os empregados no setor privado com carteira de trabalho assinada eram 29,963 milhões nos três meses até novembro e 29,067 milhões no período imediatamente anterior.

Aqueles que não tinham carteira assinada chegaram a 9,735 milhões, de 8,755 milhões antes, segundo a Pnad Contínua, o que indica que a maior parte do crescimento da ocupação veio novamente do mercado informal.

“Embora haja esse crescimento na ocupação nesse trimestre, quando a gente confronta a realidade de novembro de 2020 com o mercado de trabalho de novembro de 2019, as perdas na ocupação ainda são muito significativas”, alertou Beringuy.

“A gente ainda está bem distante de um cenário pré-pandemia”, completou. (Reuters)

Governo estuda ações para proteger emprego

Crédito: Marcelo Casall Jr / ABr
Crédito: Marcelo Casall Jr / ABr

Brasília – O Brasil fechou 2020, marcado pela grave crise da pandemia do coronavírus, computando a criação de 142.690 vagas de trabalho com carteira assinada no ano, e o governo já estuda reeditar medidas de proteção ao emprego, informou o Ministério da Economia ontem.

Depois de registrar o fechamento de mais de 1,6 milhão de vagas formais de trabalho de março a junho, sob o impacto do fechamento da economia e das medidas de isolamento social, o País voltou a registrar saldos positivos de postos, com o lançamento do Benefício Emergencial (BEM).

O programa permitiu que as empresas suspendessem provisoriamente os contratos de trabalho ou reduzissem as jornadas e os salários dos empregados, que receberam uma compensação parcial em pagamentos do governo. As demissões ficaram vetadas temporariamente para as empresas que aderissem.

No ano, foram fechados 20,1 milhões de acordos no BEM, contemplando cerca de 9,8 milhões de trabalhadores e 1,5 milhão de empresas, segundo o Ministério da Economia. A maior parte dos acordos foi pela suspensão dos contratos (8,7 milhões) e pela redução de 70% dos salários e jornadas (4,4 milhões).

Questionado ontem se medidas semelhantes poderiam ser adotadas este ano diante da imposição de novas restrições para conter o coronavírus, o secretário especial de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco, disse que a possibilidade está em estudo.

“Estamos avaliando, em conjunto com a evolução dos acontecimentos, se devemos ou não lançar mão de mais medidas relativas a momentos de crise”, disse Bianco.

“Isso sempre esteve na prancheta, em momento algum nós deixamos de lado esse pensamento, mas obviamente isso demanda uma análise das circunstâncias e também demanda uma análise política, que nós estamos fazendo junto com nosso ministro e também junto com o presidente da República”.

Ele descartou o risco de o País sofrer uma “ressaca” com uma onda de demissões, argumentando que o governo está atento, que os maiores efeitos da crise sobre o mercado de trabalho já ficaram para trás e que o momento é de volta à normalidade.

Em rápida fala à imprensa para comentar os dados do Caged, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a prioridade do País agora é saúde, emprego e renda.

“Esperamos que assim que o Congresso retorne, resolvido os problemas das novas lideranças e das presidências da Câmara e do Senado, que o governo possa avançar com as reformas”, afirmou. “Voltando o Congresso, nós temos condições então de atacar saúde, emprego e renda, que são nossas prioridades para 2021”.

O setor de serviços, o mais prejudicado por medidas de distanciamento social adotadas na pandemia, foi o único que fechou vagas formais de emprego no acumulado do ano passado (-132.584). A construção, por outro lado, foi o setor campeão de criação líquida de vagas (+112.174), seguido da indústria (+95.588), agropecuária (+61.637) e comércio (+8.130).

O Rio de Janeiro foi o estado com o pior desempenho no emprego formal, tendo registrado o fechamento de 127.155 vagas no ano. Na outra ponta, Santa Catarina criou o maior número de postos, 53.050.

Dezembro – Em dezembro, o País fechou 67.906 vagas formais de trabalho, a menor perda para o mês desde 1995. O resultado superou as expectativas de analistas consultados pela Reuters, que previam o fechamento de 115 mil postos no mês, que historicamente tem fechamento de vagas, com um aumento de demissões após as contratações feitas nos meses anteriores para atender à demanda de final de ano.

O fechamento líquido de vagas no mês foi o mais baixo desde 1995 (-42.328) e ficou bem inferior ao registrado em dezembro de 2019 (-307.311 vagas).

Os dados do emprego com carteira assinada contrastam com os números do mercado de trabalho geral, incluindo os informais, que apontam para um desemprego historicamente elevado, de 14,1%, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) também divulgados ontem. (Reuters)

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