Mineração: BTG estima que incêndio em terminal da Vale pode influenciar meta de produção

21 de janeiro de 2021 às 0h15

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Crédito: Stringer/Reuters

Mineração: BTG estima que incêndio em terminal da Vale pode influenciar meta de produção

Rio de Janeiro – Um incêndio em um dos carregadores de navios da mineradora Vale no Terminal Ponta da Madeira (MA), na semana passada, “pode lançar algumas dúvidas” sobre a previsão de produção da companhia para este ano, de entre 315 e 335 milhões de toneladas, afirmou o BTG Pactual, em nota a clientes, ontem.

A afirmação vem apesar de a Vale ter informado, em nota à imprensa, que “o terminal continua em operação, sem impacto nas programações mensais de embarques de minério”.

Ainda segundo a mineradora, o incidente – na madrugada da última quinta-feira – foi contido sem vítimas e nem danos ambientais. “O local afetado passa por avaliação e as causas do incidente estão sendo apuradas”, completou.

O terminal Ponta da Madeira, em São Luís, no Maranhão, atende ao Sistema Norte, responsável por cerca de dois terços da produção da Vale, uma das maiores exportadoras de minério de ferro do mundo.

“Agora há mais perguntas do que respostas, mas claramente pode haver algumas consequências para os mercados de minério de ferro e preços no futuro. Isso também pode lançar algumas dúvidas sobre a previsão de volumes da Vale de 315-335 milhões de toneladas para 2021”, afirmou o BTG na nota, assinada pelos analistas Leonardo Correa e Caio Greiner.

“Estamos atualmente colocando em nossos modelos (produção) em 320 milhões de toneladas, mas acreditamos que os riscos de queda estão crescendo”, acrescentaram eles, ao destacar que qualquer redução teria impactos sobre os preços do minério de ferro.

“Qualquer rebaixamento adicional dos volumes da Vale pressionaria ainda mais os mercados de minério de ferro e poderia levar a um aumento adicional nos preços”.

O BTG prevê atualmente um déficit de cerca de 90 milhões de toneladas no mercado transocêanico de minério de ferro em 2021, assumindo um crescimento da produção de aço bruto chinesa de 2% ante 2020.

Esse modelo, segundo o banco, presume que a Vale entregaria 320 milhões de toneladas e que haveria muito pouco crescimento de oferta da Austrália e da capacidade de minério de ferro da China (com um teto em pouco mais de 200 milhões de toneladas).

O BTG ressaltou que a Vale minimizou o incidente, ao dizer que mantém suas metas e poderá atendê-las e que está em baixa temporada de embarques pelo terminal de Ponta da Madeira, o que permitirá realocar navios. Mas os analistas disseram que potenciais implicações, como maior custo operacional, ainda não estão claras.

O píer 4 do terminal, atingido pelo incêndio, tem capacidade para receber navios com porte de até 420 mil toneladas, com duas estações para carregamento de embarcações que trabalham de forma alternada, ao ritmo de 160 mil t por hora, segundo o BTG. (Reuters)

Brasil e Austrália lideram fornecimento à China 

Pequim/Nova Délhi – Austrália e Brasil, os dois maiores produtores mundiais de minério de ferro, continuaram sendo os principais fornecedores da China em 2020, mas as importações da Índia aumentaram 88% à medida que as siderúrgicas chinesas diversificaram as fontes em meio aos preços altíssimos das matérias-primas.

Os embarques australianos aumentaram 7%, para 713 milhões de toneladas, enquanto os fornecimentos brasileiros aumentaram 3,5%, para 235,7 milhões de toneladas, segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China divulgados ontem.

“A ascensão dos dois países não conseguiu atender totalmente à demanda da China”, disse Tang Chuanlin, analista da CITIC Securities, ressaltando que “siderúrgicas tiveram que comprar de outros países”.

A China, maior produtora de aço do mundo, importou 44,8 milhões de toneladas de minério de ferro da Índia no ano passado, ante 23,8 milhões de toneladas adquiridas em 2019, e o maior em nove anos.

A China produziu um recorde de 1,05 bilhão de toneladas de aço bruto em 2020, com a demanda impulsionada por estímulos de Pequim para infraestrutura.

A Índia sofreu uma queda de 12,6% nos nove meses até dezembro em relação ao mesmo período do ano anterior, mostraram dados do governo, deixando mais minério de ferro para vender aos compradores chineses.

Tang também observou que as empresas siderúrgicas chinesas estão usando mais minério de baixo teor, como o da Índia, como parte de um esforço para reduzir custos.

Quase dois terços das exportações de minério de ferro da Índia para a China tinham menos de 58% de teor de ferro, de acordo com estimativas da indústria de mineração indiana.

“As compras vão continuar até março (com a forte demanda chinesa)”, disse B.K. Bhatia, secretário-geral adjunto da Federação das Indústrias Minerais da Índia, o maior grupo que representa o setor no país.

Bhatia espera que as compras chinesas continuem até março, mas disse que é muito difícil prever a demanda além dessa data. (Reuters)

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