PBH avança à 2ª fase e libera restaurantes para almoço

21 de agosto de 2020 às 0h20

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Setor de bares e restaurantes acredita que isenção deveria ser ampliada, inclusive, para outros anos | Crédito: Divulgação

“Chegou a hora dos lojistas e comerciantes tomarem conta de seus negócios”. Com esta declaração, o prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PHS), anunciou o avanço para a segunda fase de flexibilização das atividades econômicas da capital mineira. Restaurantes poderão funcionar o horário do almoço, sem venda de bebidas alcoólicas.

A medida visa atender ao pleito dos próprios trabalhadores do comércio. Lanchonetes, que já estavam autorizadas a atender da porta para fora, agora poderão receber os clientes no interior da loja no horário de 11 às 15 horas, assim como restaurantes de rua, centros de compras e galerias. Já o restante das atividades não essenciais, que voltaram a funcionar no início deste mês, ganhou mais dois dias e agora diversos segmentos poderão funcionar de segunda à sexta-feira.

“Vamos continuar a fiscalização dura. Não temos a menor dúvida de que, se os números piorarem, nós iremos fechar totalmente a cidade. Nós já sacrificamos demais, fizemos esforço demais e sofremos demais. E se estamos fazendo isso é porque temos responsabilidade e ninguém morreu nesta cidade por falta de atendimento e atendimento de qualidade”, afirmou o prefeito.

Kalil anunciou também que as praças públicas serão abertas imediatamente, enquanto os parques, por motivos de organização, serão abertos gradativamente. Ele anunciou ainda a ampliação do funcionamento de salões de beleza e barbearias para de terça-feira a sábado. Já as praças de alimentação dos shopping centers poderão ter consumo no local de venda, das 12h (horário a partir do qual os centros comerciais podem abrir) às 15h. Com relação a bares, o prefeito ressaltou que seguem fechados e serão contemplados em outra fase.

“Apresentamos o menor nível de mortalidade do País em termos de grandes capitais, mas nossa crise não é melhor nem pior do que nenhuma cidade. Nós queremos preservar vidas, a situação econômica, vamos resolver, sem dúvida nenhuma, a partir do ano que vem”, completou.

Além do prefeito, participaram do anúncio o secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, demais integrantes do Comitê de Enfrentamento ao Covid-19 na cidade e o secretariado do Executivo municipal. Lideranças de vários setores do comércio também estiveram presentes na coletiva de imprensa realizada ontem.

Plano – Na semana passada, em entrevista exclusiva ao DIÁRIO DO COMÉRCIO, Kalil adiantou que um grupo formado pelas secretarias de Planejamento e Fazenda estruturará um plano para ser apresentado quando a pandemia estiver próxima do fim. Neste sentido, o secretário de Desenvolvimento Econômico, Cláudio Beato, revelou que há, na verdade, um conjunto de 25 ações, que será anunciado e implementado em diferentes tempos, inclusive em função do período eleitoral.

“Certamente teremos um impulso cada vez maior por parte da prefeitura ao comércio eletrônico em parceria com as associações, algo voltado para formação e qualificação dos empreendedores, assessoria jurídica dentro da nova realidade, indução e incentivo a alguns setores, entre outras medidas”, exemplificou.

O secretário de Orçamento e Gestão, André Reis, por sua vez, ponderou que alguns elementos da economia não podem ser desvinculados da União ou do Estado. Mas que, no que compete à PBH, há medidas de incentivos a setores específicos, como o de bares e restaurantes que terão suas áreas de atuação ampliadas, por meio do fechamento de ruas. Ou o da construção civil, que é um setor que se mantém aquecido e pode ser potencializado ainda mais pela administração municipal, por exemplo.

“A maior parte das medidas está sendo estruturada para implementação no ano que vem. Algumas demandam prazo de maturação e precisam ser articuladas pela cidade e esse movimento será prejudicado tanto pela pandemia quanto pelo período eleitoral”, justificou.

Endividamento das famílias atinge 81,2%

A mudança de hábitos em virtude da pandemia do Covid-19 não freou o consumo na capital mineira. Pelo quinto mês consecutivo, o endividamento das famílias de Belo Horizonte mantém a trajetória de alta. Não por acaso, no último mês, esse indicador atingiu 81,2% da população da cidade, uma variação de 1,0 ponto percentual (p.p.) acima do registrado em junho (80,2). A tendência é seguida pela quantidade de famílias com contas atrasadas, que alcançou 41,6% em julho.

Elaborada pela Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG,) a  Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic) é produzida mensalmente com dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). A pesquisa retrata o comprometimento da renda familiar com financiamento de imóveis, carros, empréstimos, cartões de crédito, lojas e cheques pré-datados, bem como a capacidade de pagamento dos consumidores.

A economista da Fecomércio MG, Bárbara Guimarães, explica que, apesar do número de endividados ultrapassar 80%, o indicador é um termômetro em relação ao consumo. “Apesar das adversidades provocadas pela pandemia do novo coronavírus, as famílias continuam consumindo. No entanto, o nível de inadimplência também seguiu essa trajetória, o que preocupa, principalmente pelo achatamento da renda familiar, uma consequência dos efeitos da paralisação das atividades econômicas e do aumento do desemprego na capital”, pontua.

A pesquisa também captou pequenas reduções no nível de comprometimento com as principais modalidades de dívida contraídas pela população belo-horizontina. É o caso do cartão de crédito, que oscilou de 81% em junho para 79,1% em julho. A tendência foi seguida pelos carnês (de 18,5% em junho para 18,4% julho); crédito pessoal (de 13,6% para 10,5%); financiamento de carro (de 10,5% para 9,0%) e cheque especial (de 7,8% para 5,8%).

Já outras modalidades, como crédito consignado (8,8%), financiamento imobiliário (7,1%) e cheque pré-datado (2,1%), registraram um comprometimento maior na comparação com o mês de junho. “Na pesquisa atual, observamos uma expansão de 1,1 ponto percentual no uso do crédito consignado em relação ao mês anterior (7,9%). Apesar da necessidade de crédito no período, é fundamental que as famílias tenham cuidado ao contratar empréstimos, devido à oscilação da renda mensal e à redução dos postos de trabalho no país”, alerta Bárbara.

Em Belo Horizonte, o endividamento representa 10% da renda familiar em 84,9% dos casos, sendo que para 23,5% dos entrevistados esse percentual atinge 50% do orçamento mensal. Em média, o tempo de comprometimento da renda é de sete meses e meio. Para realizar a pesquisa de julho foram entrevistadas mil famílias residentes na capital mineira. A margem de erro da pesquisa, elaborada nos últimos dez dias de junho, é de 3,5% e o nível de confiança é de 95%.

Sindbares e Sindilojas comemoram

Os presidentes do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Belo Horizonte e Região Metropolitana (antigo Sindhorb e atual Sindbares) e do Sindicato do Comércio Lojista de Belo Horizonte (Sindilojas-BH) comemoram o avanço da flexibilização, mesmo com as restrições ainda impostas a bares e restaurantes. Paulo Pedrosa, do Sindibares, e Nadim Donato, do Sindilojas-BH, avaliaram o anúncio do prefeito Alexandre Kalil como uma vitória.

Pedrosa pediu que os empresários sigam os protocolos para atendimento do público no horário do almoço e sem bebidas alcoólicas para não prejudicar o andamento da flexibilização. “É uma conquista. Além disso, temos a possibilidade de, nas próximas semanas, incluir os bares e as bebidas, inclusive como uso das calçadas e fechamento das ruas”, comentou.

Da mesma forma, Donato resumiu os avanços anunciados pelo prefeito como vitória e disse que o próximo passo será pleitear a abertura aos sábados. Ele se referiu tanto à liberação de lanchonetes e restaurantes no horário do almoço, quanto da adição de mais dois dias ao comércio não essencial.

Segundo ele, por enquanto, o funcionamento durante a semana é suficiente, pois não adianta “liberar tudo de uma vez e depois ter que fechar”. “Funcionado três dias, conseguimos vender cerca de 30% do que vendíamos antes. Com a semana toda, teremos condições de recuperar um pouco mais daqui para frente. Mas ainda estamos falando de um ano perdido. Recuperar somente no ano que vem”, ponderou.

Sobre o fechamento definitivo de lojas no hipercentro de Belo Horizonte, o dirigente disse que a estimativa é de 7 mil unidades extintas e a eliminação de pelo menos 22 mil empregos diretos na Capital.

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