Quase 10 mil lojas foram extintas em MG em 2020
2 de março de 2021 às 0h28
Quase 10 mil estabelecimentos do comércio varejista fecharam as portas de vez em Minas Gerais no ano passado, conforme levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O Estado foi o segundo que mais extinguiu lojas no País em decorrência da pandemia de Covid-19 em 2020, cujo saldo entre aberturas e fechamentos de negócios com vínculos empregatícios no setor, ficou negativo em 75,2 mil unidades.
Esta foi a maior retração na quantidade de estabelecimentos com estas características desde 2016, quando 105,3 mil lojas foram encerradas em todo o País, época em que o setor ainda sofria os efeitos da maior recessão da história brasileira recente.
No caso de Minas, o número de 2020 (9,55 mil) também apenas perde para o mesmo período, quando entre 12 mil e 13 mil estabelecimentos foram encerrados.
“Por mais que o setor tenha conseguido virar o jogo no segundo semestre, não foi suficiente para driblar a seleção natural e as empresas frágeis e menos adaptadas sucumbiram à crise. Do total de negócios fechados no comércio varejista nacional, mais de 10% estavam em Minas Gerais”, comentou o economista da CNC, Fabio Bentes.
Quem liderou o ranking de fechamento em 2020 foi São Paulo, com 20,3 mil lojas a menos. Rio de Janeiro apareceu em terceiro lugar, com 6,04 estabelecimentos fechados.
O levantamento da CNC também indicou que nenhum segmento apresentou expansão no número de estabelecimentos comerciais no exercício anterior. O ramo de vestuário, calçados e acessórios foi o que mais sofreu, com 22,29 mil unidades a menos, seguido por hiper, super e minimercados (fechamento de 14,38 mil) e lojas de utilidades domésticas e eletroeletrônicos (13,31 mil e menos). “O estrago foi grande e muito disseminado”, resumiu.
Para Bentes, o comércio varejista brasileiro enfrentou, em 2020, um drástico cenário com fechamentos e restrições de funcionamento em todo o País, em virtude da pandemia. Ainda assim, segundo ele, sob o ponto de vista das vendas, o resultado não foi tão ruim quanto poderia ser diante das circunstâncias.
“Por incrível que pareça, o cenário foi menos sombrio do que se observava no terceiro trimestre do ano, por exemplo. Mas daí em diante começou uma reabertura gradual e o comércio começou a deslanchar, também muito puxado pelas vendas eletrônicas, que foram a saída de emergência do setor para essa crise tão severa”, avaliou.
Em relação a 2021, o economista alertou que a situação de Minas Gerais é preocupante, assim como do restante do País, que vive o pior momento da pandemia. E afirmou que a recuperação do comércio e da economia como um todo passa pela aceleração do Plano Nacional de Operacionalização da Vacina. Para ele, só com a população devidamente imunizada será possível retomar o movimento natural no comércio e em outras atividades.
“Temos pouco mais de 3% da população vacinada e nem mesmo as autoridades sabem como vamos estar nos próximos meses. Esses números trazem preocupação, pois ainda estamos no início de 2021 – a fase mais aguda da pandemia – e vimos o estrago que foi feito no setor no ano passado. Se não conseguirmos reduzir o contágio, teremos um ano igualmente catastrófico”, alertou.
Cenários
Assim, a CNC projeta três cenários, associando a retomada do consumo presencial à evolução das vendas no varejo ampliado e à recuperação do saldo de lojas ao longo de 2021.
No cenário básico, que considera uma queda no nível de isolamento social, as vendas cresceriam 5,9% ante 2020 e o setor seria capaz de reabrir 16,7 mil novos pontos de vendas neste ano.
Em um cenário otimista, no qual o isolamento social retornaria aos níveis pré-pandemia (30%), o volume de vendas cresceria 8,7% e 29,8 mil estabelecimentos seriam abertos. Por fim, em quadro mais pessimista, com um confinamento maior da população, o saldo entre abertura e fechamento de lojas seria de 9,1 mil unidades.
“O melhor dos cenários estima menos da metade do número de lojas que foram extintas no ano passado. É que diante tantas incertezas, a recuperação vai realmente levar alguns anos, porque, além de tudo, ainda vivemos um processo de digitalização do consumo. Uma recuperação efetiva levará dois ou três anos”, lamentou.