Sem Carnaval, comércio e serviços têm prejuízo
17 de fevereiro de 2021 às 0h30
A suspensão do Carnaval em Belo Horizonte, medida adotada pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) para evitar a disseminação do Covid-19, impacta de forma negativa nos setores de comércio, serviços e hotelaria.
No caso dos bares e restaurantes, que estão impedidos de funcionar normalmente, o prejuízo é grande e as perdas no faturamento referente aos seis dias de funcionamento restrito, podem chegar a 20% no mês.
De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes em Minas Gerais (Abrasel Minas), Matheus Daniel, mais uma vez, o setor está sendo penalizado.
Conforme os dados divulgados pela PBH, os bares e restaurantes foram autorizados a funcionar das 15 horas do dia 12 de fevereiro até o dia 14 de fevereiro, mas sem o consumo de bebidas alcoólicas. Entre os dias 15 e 17 de fevereiro, esse tipo de consumo está permitido no horário de 11 horas às 15 horas.
“Vejo a decisão de fechar os bares e restaurantes no Carnaval como errada. Essa medida faz com que as pessoas se encontrem em lugares que PBH não tem controle e não fiscaliza, vai gerar aglomerações. Os bares e restaurantes, em sua grande maioria, estão seguindo os protocolos e deveriam estar abertos. Então, foi um movimento errado da PBH que só aumenta o prejuízo acumulado pelo setor”.
Ainda segundo Daniel, os prejuízos são enormes. Contando os seis dias da data festiva e a impossibilidade de funcionar, as perdas podem chegar a 20% no mês. “São seis dias sem faturamento, porque podemos funcionar somente no horário de almoço. Isso vai impactar muito na folha de pagamento. A situação já não está fácil e com as restrições complicou ainda mais”.
O receio do setor é que após o Carnaval, ocorra aumento dos casos de contaminação com Covid-19, como aconteceu nas festas de fim de ano, o que pode levar a um novo fechamento do setor.
“Corremos o risco dos casos aumentarem sem os bares e restaurantes funcionando. Se houver um novo fechamento, estaremos, mais uma vez, pagando a conta que não é do nosso setor”.
Lojas – O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Marcelo de Souza e Silva, também espera queda nas vendas do comércio da Capital, mas, pelas lojas estarem abertas, os empresários devem aproveitar o momento para atrair os consumidores e vender, reduzindo os impactos negativos. A entidade ainda não calculou os possíveis prejuízos causados pela suspensão da data comemorativa.
“Sem a realização do Carnaval, com certeza, nós não vamos ter o mesmo giro da economia que tivemos nos anos anteriores, mas temos movimento mínimo de pessoas fazendo e podendo ir às compras sem aglomerar. Isso é muito importante. Uma pesquisa da CDL-BH mostrou que 77% da população de Belo Horizonte estão ficando na Capital, então, o lojista, o comerciante e o prestador de serviço podem aproveitar e aproximar desse cliente e também fazer movimentos de promoção para atrair os consumidores”.
Hotéis registram baixa ocupação no período
Com a suspensão do Carnaval em Belo Horizonte, o setor de hotelaria também vem registrando prejuízos com a queda na demanda. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (Abih-MG), as reservas ficaram baixas na capital mineira, girando em torno de 18% a 24%. No ano passado, a taxa de ocupação em Belo Horizonte estava em 56,51% e, em 2019, próxima a 59,08%. Fora de Belo Horizonte, a procura está um pouco melhor, com índice de 35% a 45%.
“Com a suspensão do feriado do Carnaval a expectativa da Abih-MG é muito baixa. Muitos hotéis estão apostando em promoções de fim de semana e Day Use para aumentar a demanda no período”, explicou o presidente da Abih–MG, Guilherme Sanson.
O Carnaval belo-horizontino, em 2020, atraiu cerca de 4,5 milhões de foliões, que gastaram, em média, R$ 65 reais por dia no comércio da Capital. Os turistas desembolsaram cerca de R$ 191 reais por diária em hospedagem.
O cancelamento provocará impactos negativos significativos no setor de serviços em Belo Horizonte, visto que é o setor que mais está sendo afetado com a pandemia e a festa gera demanda por adereços, trios elétricos, hospedagem, comida e bebida. Em contrapartida, empresas que não abririam durante o feriado passarão a funcionar, o que significa maior produtividade.
“Em média, os foliões gastam R$ 200 por dia, então Belo Horizonte e o setor de serviços deixa de arrecadar esse volume. Por outro lado, várias empresas que normalmente fechariam no período do Carnaval vão oferecer seus produtos e serviços normalmente”, disse o professor de economia do Ibmec-BH, Paulo Pacheco.