Tesouro Direto e B3 atraem os investidores

13 de junho de 2019 às 0h05

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Crédito: Marcos Santos/USP Imagens

A expectativa de uma recuperação mais vigorosa da economia brasileira e de atração de investimentos para o Brasil, principalmente, baseada na aprovação da reforma previdenciária e nas privatizações de empresas governamentais, está estimulando o maior investimento na B3 e no Tesouro Direto. Enquanto isso, devido ao baixo rendimento, as aplicações na poupança estão menores que os saques. A tendência para os próximos meses, segundo especialistas, é de aumento nas aplicações concorrentes da poupança, que oferecem maior rentabilidade.

Em maio, o número de investidores ativos no mercado de ações no Brasil cresceu expressivos 60%, somando 1,1 milhão de pessoas físicas, segundo informou a operadora da bolsa paulista, B3. O giro do mercado acionário doméstico em maio atingiu R$ 15 bilhões, um aumento de 5,8% ante o mesmo mês do ano passado. Isso garantiu à B3 uma receita por contrato 26% maior no período.

Em relação ao Tesouro Direto, de janeiro a abril, as vendas de títulos públicos para pessoas físicas bateram recorde para o período. Número total de investidores cadastrados atingiu marca de 4 milhões de pessoas. O governo federal informou que a venda de títulos públicos pelo Tesouro Direto atingiu R$ 10,19 bilhões nos quatro primeiros meses deste ano. No mesmo período do ano passado, as vendas haviam somado R$ 5,07 bilhões, o que representa uma alta de 125%.

Já as aplicações na poupança estão em queda. Conforme os dados divulgados pelo Banco Central, em maio, os saques da caderneta de poupança superaram os depósitos em R$ 718 milhões. Ao todo, nos primeiros cinco meses de 2019, os saques superaram os depósitos em R$ 16,99 bilhões. Apesar do resultado negativo em maio, o volume total aplicado na poupança ficou maior. Enquanto em abril de 2019, o saldo da poupança estava em R$ 792,89 bilhões, em maio, o valor atingiu R$ 795,16 bilhões. A variação positiva se deve aos rendimentos creditados nas contas dos poupadores que também são contabilizados no estoque da poupança. Em maio deste ano, os rendimentos somaram R$ 2,98 bilhões.

A alta verificada nos investimentos na B3 e no Tesouro Direto é justificada pelo maior retorno financeiro. De acordo com o coordenador do curso de administração do Ibmec BH, Eduardo Coutinho, com a redução da taxa Selic a poupança se tornou um investimento de baixo retorno quando comparado à B3 e ao Tesouro.

“Hoje a poupança remunera indexada à Selic e quando a Selic fica abaixo de 8,5%, o rendimento da poupança reduz abaixo de 0,5% ao mês, que é o tradicional. Com isso, a remuneração da poupança fica ruim. Associado a isso, as pessoas estão mais bem informadas sobre alternativas de investimento com igual nível de segurança, mas com remuneração maior”.

Custos menores – Coutinho explica ainda que os custos para realizar estas operações também diminuíram.

“No caso do Tesouro Direto, o que se viu recentemente, é que as instituições financeiras – que são intermediárias no processo – reduziram e até zeraram os custos, o que barateou a operação”.

Em relação a investir na B3, a expectativa de recuperação da economia tem atraído investidores.

“Muitos investidores podem estar migrando para a bolsa a espera de uma retomada do ciclo de expansão. É uma possibilidade concreta caso a reforma da previdência seja aprovada e as demais reformas vierem no vácuo dela. A economia voltando a crescer, as empresas também crescem e se valorizam”.

Mercado projeta continuidade
do crescimento

A tendência para os próximos meses, segundo o professor de estratégia da Fundação Dom Cabral (FDC), Paulo Vicente dos Santos Alves, é que os investimentos na B3 e no Tesouro Direto continuem em alta.

“O maior investimento na B3 e no Tesouro deve ser tendência pelos próximos meses. A percepção é que, finalmente, o governo está destravando a pauta econômica. A reforma da Previdência deve ser aprovada e, talvez, com isso, saiam investimentos do governo. As privatizações também devem ocorrer. Então, a economia deve começar a ganhar força no segundo semestre. Ao mesmo tempo, no mercado internacional está começando uma crise e a dificuldade de achar boas opções de investimento na Europa e nos Estados Unidos pode fazer com que muito dinheiro venha para o Brasil em um tempo relativamente curto. Muito provavelmente, isso deriva da percepção de que a bolsa brasileira pode subir significativamente”.

Outro fator que pode estimular os investimentos em opções além da poupança é a liberação dos saques do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para trabalhadores ativos.

“Os saques do FGTS, somando com uma aprovação da reforma da Previdência e a maior abertura para privatizações podem dar uma aquecida boa na economia brasileira”, explicou Alves.

O coordenador do MBA de gestão de financeira da Fundação Getulio Vargas (FGV) Ricardo Teixeira, explica que além da possível retomada da economia, em períodos de orçamentos pressionados, a tendência é que as pessoas busquem aplicações que tragam maior rendimento e que possam ter acesso aos recursos aplicados em menor tempo, o que não acontece na poupança.

Ele ressalta ainda que tanto os investimentos na B3 como no Tesouro Direto são mais arriscados que na poupança, por isso, é necessário ter boa orientação para não perder dinheiro.

“Quando o investidor acha que a remuneração que ele pode ter em uma opção conservadora, como a poupança, é muito baixa, ele vai querer alavancar os investimentos através de operações que tenham maior possibilidade de remuneração. Nem sempre, ele leva em consideração que uma maior rentabilidade está atrelada a um risco maior. Os investidores precisam estar bem orientados, no caso da B3, para saber o melhor momento de comprar e vender as ações. O Tesouro Direto também é uma operação mais conservadora, que pode dar uma rentabilidade interessante, desde que o investidor consiga comprar e vender na hora certa. Se a pessoa comprar e vender por estar precisando do dinheiro, pode gerar perdas”, disse Teixeira.

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