Vale deve elevar a produção no segundo semestre

30 de julho de 2021 às 0h15

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Penalização ocorre em contrapartida ao descumprimento por parte da mineradora de prazo para descomissionamento de barragens | Crédito: Adriano Machado/Reuters

Rio e São Paulo – A Vale elevará a produção de minério de ferro nos próximos dois trimestres ante o ano passado, com suporte da sazonalidade e avanço em algumas atividades, e deve concluir 2021 dentro da meta estabelecida de 315 milhões a 335 milhões de toneladas, disseram executivos da companhia ontem.

Dentre as operações que contribuirão com o avanço da produção, a mineradora apontou Serra Leste e Fábrica, que deverão operar com capacidade plena, e Brucutu, com previsão de mais minério alta sílica em meio às condições de mercado.

Além disso, a empresa também citou a barragem Maravilhas III, em operação desde a última terça-feira (27), que permite a produção a úmido no ativo de Vargem Grande e é vista como um passo importante para a retomada da capacidade de produção.

“Todas essas contribuições nos fazem acreditar que dá para entregar mais do que o ano passado no segundo semestre”, disse o vice-presidente executivo de Ferrosos da companhia, Marcello Spinelli, em conferência com analistas.

Ele acrescentou que a companhia também aguarda, para o final deste trimestre, a liberação da correia transportadora sobre a barragem de Vargem Grande, “para dar mais um salto de produção”.

Mesmo assim, Spinelli ponderou que o aumento de produção esperado para o restante de 2021 não é fundamental para que as metas do ano sejam atingidas.

“Se nós não aumentarmos a produção no segundo semestre comparado com o ano passado, significa que nós já estamos no low range do nosso guidance”, afirmou Spinelli na conferência, realizada após a divulgação do balanço do segundo trimestre deste ano.

O executivo ressaltou ainda que a empresa prevê manter prêmios elevados sobre seu minério de ferro, até pelo menos o primeiro semestre de 2022, com o suporte do crescimento da economia na China e de outros países, e uma demanda chinesa por minério de maior qualidade, como o da Vale, para reduzir emissões.

Na mesma ocasião, o CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, disse estar confiante de que a empresa atingirá a meta de produção da commodity em 2021.

A Vale teve lucro líquido de US$ 7,586 bilhões entre abril e junho, ante US$ 995 milhões um ano antes, com forte alta do preço do minério de ferro em meio a uma demanda firme da China.

Capacidade – A Vale ainda comunicou uma redução em sua estimativa para a capacidade de produção de minério de ferro ao final de 2021 para 343 milhões de toneladas por ano, ante projeção anterior de 350 milhões de toneladas, citando impactos de restrições temporárias em Itabira, Mutuca e no Sistema Norte.

Em Itabira, a empresa mencionou restrições de disposição de rejeitos devido à limitação de área, com impacto estimado em 2 milhões de toneladas/ano, enquanto Mutuca, Sistema Norte e outros ativos não especificados têm impacto de 5 milhões de toneladas/ano por restrições temporárias e de licenciamento.

Hoje, segundo a Vale, a capacidade de produção da companhia atinge 335 milhões de toneladas por ano, avanço de 5 milhões de toneladas em relação ao final do segundo trimestre, em meio ao plano de retomada de produção da empresa.

A capacidade de produção da empresa foi impactada após o rompimento de barragem em Brumadinho (Região Metropolitana de Belo Horizonte), em 2019, que levou a Vale a realizar diversas revisões de segurança em suas atividades. Atualmente, a mineradora prevê atingir 400 milhões de toneladas de capacidade anual ao fim de 2022. (Reuters)

Companhia nega revisão de valores em acordo

Rio e São Paulo – As renegociações em curso sobre acordo fechado para compensações e reparações pelo rompimento de barragem em Mariana (região Central) não tratam de valores, afirmou ontem o vice-presidente executivo de Finanças e Relações com Investidores da Vale, Luciano Siani.

A afirmação vem após a Reuters publicar na semana passada uma entrevista com o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), onde ele disse que um acordo definitivo sobre o desastre poderia atingir R$ 100 bilhões, cerca de quatro vezes maior que um acordo inicial fechado em 2016.

O colapso da estrutura da Samarco, uma joint venture da Vale com o grupo anglo-australiano BHP, em novembro de 2015, deixou 19 mortos, centenas de desabrigados e poluiu o importante rio Doce, em toda a sua extensão, até o mar capixaba, considerado o maior desastre socioambiental da história brasileira.

Um acordo inicial, de 2016, permitiu o início dos trabalhos de reparação e a suspensão temporária de ações na Justiça. No entanto, ele previa o cumprimento de novas etapas de negociações para ajustes, como a que está ocorrendo agora e que deverá ser a última.

Nesse primeiro acordo, foram definidos 42 programas para reparação do desastre de Mariana, incluindo reassentamentos, compensações individuais, recuperações ambientais.

“Então, o que a Samarco está fazendo é precisamente renegociar esses programas, conforme foi previsto no acordo original. Isso não é uma negociação de um novo acordo para Mariana”, afirmou Siani, durante teleconferência com analistas e investidores sobre os resultados trimestrais da empresa.

As renegociações, que começaram no mês passado e deverão durar cerca de 120 dias, estão sendo mediadas pelo Conselho Nacional de Justiça.

“Não tem discussão de valores nessa mediação. Vocês podem ver a carta de princípios, ela é pública, lá não se fala de valores. Esses valores já foram definidos, todo mundo concorda com isso, está lá na carta de princípios, assinada no início de junho, como base para o processo de renegociação.”

As reparações em curso atualmente preveem um desembolso total de R$ 24,4 bilhões, dos quais já foram despendidos mais de R$ 13 bilhões.

Siani destacou ainda que os programas em curso “estão bastante avançados e não faria nenhum sentido descartar o trabalho que já foi feito pela Fundação Renova”, criada a partir do acordo de 2016 para gerir as reparações. (Reuters)

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