Banco Central assegura liquidez na economia em meio à crise global

14 de março de 2020 às 0h10

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Crédito: Beto Nociti

Brasília – O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou, na sexta-feira (13), que conversou com o presidente do Banco Central (BC) e que Roberto Campos Neto garantiu a existência de liquidez na economia em meio à crise conflagrada pela disseminação do coronavírus.

“Ele me assegurou que as condições de liquidez estão absolutamente estáveis e ele vai garantir essa manutenção da estabilidade no mercado de assistência de liquidez”, disse ele a jornalistas na saída do Ministério da Economia.

O ministro também afirmou que começou a valer na sexta-feira a liberação de compulsórios anunciada pelo BC no mês passado. Quando fez esta divulgação, a autoridade monetária informou que a diminuição de 31% para 25% da parcela dos depósitos a prazo que os bancos são obrigados a recolher ao BC teria efeito a partir de 16 de março.

Questionado sobre eventual mudança de datas, o BC esclareceu que as novas regras começam a valer de fato na segunda-feira. Por outro lado, não informou imediatamente se haveria anúncio de medidas adicionais na sexta-feira.

Em fevereiro, o BC também divulgou o aumento da parcela dos compulsórios que pode ser considerada para o cumprimento do Indicador de Liquidez de Curto Prazo (LCR), liberando outros R$ 86 bilhões, o que já estava valendo desde o início deste mês. “(Recursos de) R$ 135 bilhões de redução de compulsório, eles entram hoje (sexta-feira) na economia”, afirmou Guedes, somando as duas iniciativas.

“Então exatamente no momento em que economia pode estar começando a receber o impacto de fora, R$ 135 bilhões estão saindo em assistência de liquidez”, completou.
Guedes afirmou que bancos pequenos e médios estão sendo monitorados, mas negou que estejam com problemas.

Bancos públicos – De acordo com o ministro, a avaliação do BC é de que existe “muita munição” e que a crise não ameaça a estabilidade do sistema financeiro. Depois de conversar com dirigentes de bancos públicos em reunião no ministério, Guedes afirmou que estes estão absolutamente líquidos.

Para o chefe da Economia, os bancos públicos estão se antecipando, entrando em entendimento com as empresas de setores críticos que sabem que podem ser atingidos.

“Podem rolar (empréstimos), em vez de pagar os juros nos próximos dois, três meses, podem rolar dois, três meses. Tudo isso (eles) já estão estudando. Mas não adianta você ajudar quem não está precisando de ajuda. Você tem que esperar o impacto”, afirmou.
O presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, disse que o banco dispõe de R$ 75 bilhões que pode disponibilizar no curto prazo em reação ao coronavírus, sendo R$ 30 bilhões para eventual compra de carteira de bancos médios focada em consignado e automóveis.

“É se precisar, hoje não precisa”, disse ele sobre a possível compra de carteiras das instituições menores.

Outros R$ 40 bilhões estão separados para o segmento de capital de giro, em especial para parte imobiliária e pequenas e médias empresas, além de mais R$ 5 bilhões para crédito agrícola.

Já o presidente do Banco do Brasil, Rubem Novaes, afirmou que a crise é séria, mas temporária, e que o banco também está pronto para agir. Ele não entrou em detalhes, contudo, sobre possíveis valores ou sobre as linhas de crédito que podem ser reforçadas. (Reuters)

Governo não descarta novos saques do FGTS

Brasília – O governo irá anunciar novas medidas ao longo dos próximos dias para enfrentamento ao coronavírus, afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, sem descartar a liberação de saques do FGTS e ações temporárias para aliviar o fluxo de caixa das empresas.

Em declarações a jornalistas após chegada ao Ministério da Economia na sexta-feira (13), Guedes também disse que o governo irá importar produtos médicos e hospitalares sem tarifas. Na mesa do time econômico, também está a análise do que pode eventualmente ser feito em relação a recursos não sacados de PIS/Pasep, afirmou.

Segundo o ministro, as soluções em questão não ameaçam a busca por equilíbrio fiscal. Questionado especificamente sobre novos saques no FGTS – medida já adotada tanto pelo governo Jair Bolsonaro no ano passado, quanto por Michel Temer em 2017 – Guedes respondeu que sua equipe está “examinando tudo”.

A declaração veio após a assessoria de imprensa do Ministério da Economia ter negado que o tema esteja sob estudo.

Em relação a eventuais desonerações para empresas, o ministro ponderou que não é possível dar isenções para não comprometer o plano de ajuste das contas públicas. Mas ele citou outras alternativas, como a possibilidade de bancos públicos facilitarem o pagamento de empréstimos de capital de giro, além de eventual diferimento de recolhimento tributário.

“Então por dois, três meses, está uma crise de fluxo de caixa, você deixa atrasar. Mas você não pode abrir mão dessas receitas, senão você incorre em crime de responsabilidade fiscal”, disse.

No início desta semana, o governo ainda estava tomando conhecimento da dimensão da crise, razão pela qual os anúncios ganharão força a partir de agora, completou Guedes. “De hoje para segunda-feira sairão muito mais coisas”, afirmou ele.

Após o governo divulgar na quinta-feira que irá adiantar metade do 13º para aposentados e pensionistas no mês que vem e que não mais exigirá que os beneficiários façam prova de vida presencialmente no INSS, Guedes pontuou que “mais de 20 medidas desse tipo” serão divulgadas.

Apelo ao Congresso – O ministro pontuou ainda que as iniciativas virão após apelo do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para que a equipe econômica reagisse aos desafios colocados pelo surto do coronavírus, mas que é necessário que o Congresso também se debruce sobre as reformas que já foram enviadas pelo Executivo.

“Mandamos 48 reformas para o Congresso e 16 são urgentes”, disse ele, citando, por exemplo, o novo marco para o saneamento.

Nesse sentido, ele voltou a reforçar que as reformas são cruciais para o crescimento econômico engatar. “Nós estamos reagindo em 48 horas. Eu gostaria que as principais lideranças políticas do Brasil reagissem também com muita velocidade com as nossas reformas para reforçar a saúde econômica do Brasil”, disse.

O ministro avaliou que essa crise com o coronavírus é passageira e deve acabar em quatro ou cinco meses, mas que o problema do Brasil é muito mais profundo, com uma economia que está estagnada. (Reuters)

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