BC reduz Selic e sinaliza espaço para novo corte

18 de junho de 2020 às 0h10

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Redução em taxa foi a oitava consecutiva realizada pelo Banco Central, em um processo de afrouxamento monetário que vem desde agosto do ano passado | Crédito: Ueslei Marcelino/Reuters

Brasília – O Banco Central (BC) cortou ontem a Selic em 0,75 ponto, em um passo alinhado com expectativa majoritária do mercado e que levou os juros básicos a nova mínima histórica de 2,25% ao ano, ao mesmo tempo em que deixou aberta a porta para nova redução à frente, condicionada à avaliação do cenário.

Segundo o BC, os próximos passos vão depender de novas informações sobre o efeito da pandemia de coronavírus, além de uma diminuição das incertezas com relação à trajetória das contas públicas no Brasil.

“Para as próximas reuniões, o Comitê (de Política Monetária) vê como apropriado avaliar os impactos da pandemia e do conjunto de medidas de incentivo ao crédito e recomposição de renda, e antevê que um eventual ajuste futuro no atual grau de estímulo monetário será residual”, disse o BC, em seu comunicado.

“No entanto, o Copom segue atento a revisões do cenário econômico e de expectativas de inflação para o horizonte relevante de política monetária”, acrescentou.

A comunicação indica uma inflexão em relação à postura adotada em maio, quando o BC também reduziu a Selic em 0,75 ponto, mas antecipando que o ajuste neste mês deveria ser seu último.

A mudança vem em meio aos profundos impactos do surto de Covid-19 na economia brasileira. Indicadores mais recentes do varejo em abril corroboram a leitura do avassalador baque sofrido pela atividade, em uma mostra de que o Produto Interno Bruto (PIB) deve sofrer um mergulho profundo no segundo trimestre.

A respeito do PIB, a autoridade monetária ressaltou que o resultado do primeiro trimestre confirmou a maior queda observada desde 2015.

“Indicadores recentes sugerem que a contração da atividade econômica no segundo trimestre será ainda maior. Prospectivamente, a incerteza permanece acima da usual sobre o ritmo de recuperação da economia ao longo do segundo semestre deste ano”, completou.

Segundo o BC, a conjuntura segue prescrevendo estímulo monetário “extraordinariamente elevado”, mas o espaço que ainda resta para tanto é “incerto e deve ser pequeno”.

“O Comitê avalia que a trajetória fiscal ao longo do próximo ano, assim como a percepção sobre sua sustentabilidade, é decisiva para determinar o prolongamento do estímulo”, pontuou.

Em pesquisa Reuters, 32 de 38 economistas consultados previram um corte desta magnitude ontem, ao passo que seis estimaram que a redução seria menor, de 0,5 ponto. Esta foi a oitava vez consecutiva que o BC baixou os juros, em um processo de afrouxamento monetário iniciado em agosto do ano passado.

Inflação – Sobre a inflação, o BC ponderou que diversos programas de estímulo ao crédito e de recomposição de renda que foram implementados no combate à pandemia podem fazer com que a redução da demanda agregada seja menor do que a estimada, adicionando uma assimetria ao balanço de riscos.

Esse novo fator foi listado pelo BC como uma variável que pode pressionar a inflação para um nível acima do projetado no horizonte relevante para a política monetária, ao lado da já mencionada preocupação com políticas que piorem sobremaneira a trajetória das contas públicas e frustração com continuidade das reformas.

Já em relação ao fator que atua no sentido contrário, de uma inflação abaixo da esperada, o BC voltou a citar o nível de ociosidade da economia.

Pelas contas da autoridade monetária no cenário híbrido – que considera Selic da pesquisa Focus e dólar constante a R$ 4,95 -, o IPCA fechará este ano em 2,0% e 2021 em 3,2%. Em maio, o BC enxergava esses patamares em 2,4% e 3,4%, respectivamente, com o dólar a R$ 5,55.

A meta de inflação deste ano é de 4,0% e para 2021, de 3,75%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. (Reuters)

Medida pode contribuir para acesso ao crédito

Para a Associação Comercial e Empresarial de Minas (ACMinas), a decisão do Banco Central (BC) em cortar a taxa básica de juros já era esperada devido ao atual cenário econômico do País, fortemente impactado pela pandemia do novo coronavírus.

“O BC está reduzindo continuamente a Selic, contudo, a expansão monetária não está chegando para quem realmente precisa. Ou seja, para as MPEs, que têm no acesso ao crédito, com juros menores, alento para a sobrevivência nesses tempos de pandemia. E essas reduções da Selic visam a elevar a oferta de crédito e, paralelamente, intensificar a redução do seu custo”, destacou o presidente da ACMinas, Aguinaldo Diniz Filho, em nota enviada à imprensa.

O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marcelo de Souza e Silva, também reforçou a importância da medida para ampliar o acesso ao crédito.

“Espero que a redução da taxa básica de juros anunciada hoje (ontem) pelo Copom contribua para que os bancos ofereçam condições melhores para o acesso ao crédito.

Isso é possível. Nesta semana mesmo, demos início aqui, em Belo Horizonte, em parceria com a Fiemg, ao programa Estímulo 2020, com liberação de crédito com juros infinitamente inferiores aos que estão sendo cobrados pelo mercado”, ressaltou o presidente da CDL-BH em comunicado. (Da Redação)

Ibovespa avança e fecha acima de 95 mil pontos

São Paulo – O Ibovespa acelerou o movimento positivo ontem, após o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmar que o governo voltará às reformas nos próximos 60 a 90 dias.

O principal índice da bolsa paulista subiu 2,16%, a 95.547,29 pontos. O volume financeiro somou R$ 69,44 bilhões, em sessão marcada pelo vencimento de opções do índice.

Guedes afirmou que retomará o projeto liberal que persegue após ter paralisado seu programa estrutural para se dedicar às ações emergenciais de enfrentamento ao novo coronavírus.

“Agora estamos finalizando os programas emergenciais e vamos voltar para as nossas reformas e, nos próximos 60, 90 dias, nós vamos acelerar”, completou o ministro.

Para Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, as declarações de Guedes trazem uma leitura mais benigna do mercado do quadro interno nacional.

“A gente começa a ver o governo capitalizando esse alinhamento com o Centrão para conseguir aquilo que o mercado quer ver, que são as reformas”, afirmou.

Dólar – A moeda americana fechou ontem em alta contra o real pelo sexto pregão consecutivo, puxada pela força da moeda no exterior e as expectativas sobre a Selic. O dólar spot subiu 0,55%, a R$ 5,261 na venda. Em seis sessões, saltou 8,36%. Na B3, o dólar futuro avançava 0,16%, a R$ 5,2570. (Reuters)

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