Fundamentos para câmbio melhoram após intensa desvalorização do real

6 de junho de 2020 às 0h05

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Crédito: REUTERS/Ricardo Moraes

São Paulo – Os fundamentos para a taxa de câmbio melhoraram recentemente, depois de o real ter fechado abril com nível extremo de desvalorização, comparável aos piores números de 2015 e entre os mais intensos desde a década de 1980, conforme o mais recente estudo da Fundação Getulio Vargas (FGV) sobre o tema, antecipado à Reuters.

Segundo Emerson Marçal, coordenador do Centro de Macroeconomia Aplicada da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), que elaborou a análise, a depreciação do real foi tão intensa que acabou provocando uma reação mais rápida das métricas de fundamentos referentes às contas externas – alvo do estudo. Esse foi um dos fatores, segundo ele, que ajudou na valorização da divisa brasileira desde então.

A taxa de câmbio real de equilíbrio – que mede o desempenho da moeda brasileira contra uma cesta de divisas e ajustada pela inflação – fechou abril desvalorizada, em média, em cerca de 33% ante à linha de fundamentos, de acordo com a análise. Todos os modelos estimados sugerem que a moeda brasileira está mais fraca que o sugerido pelos fundamentos. O intervalo de desalinhamento vai de -40% a -22,8%.

“Os principais fatores para a depreciação excessiva da moeda são o aumento do risco global e doméstico por conta da pandemia”, disse o estudo.

Em abril, a taxa de câmbio nominal do dólar contra o real subiu 4,69%, depois de disparar 15,92% em março. Em meados de maio, a cotação bateu recorde histórico, mas posteriormente passou a cair e fechou o mês em queda de 1,79%. No acumulado de junho, a divisa cai 3,91%, de acordo com dados de quinta-feira.

Segundo Marçal, o modelo aponta que a taxa de câmbio real está em patamar compatível com situação relativamente mais favorável para o balanço de pagamentos.

“A saída de capital aparentemente acalmou, o ajuste no estoque no balanço de pagamentos parece acalmar. Em um prazo mais longo, se você não tiver inflação – algo ligado à questão fiscal -, não teria por que o câmbio nominal continuar depreciando”, disse.

Marçal, porém, cita riscos ao câmbio nominal, sobretudo, relacionados a política fiscal e a incertezas políticas. (Reuters)

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