EDITORIAL | Caveira de burro?

12 de fevereiro de 2020 às 0h02

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Crédito: pxhere

A partir do final dos anos setenta, no século passado, a microeletrônica possibilitou o desenvolvimento da informática e, paralelamente, dos sistemas de comunicação e entretenimento, numa revolução de proporções até então inéditas para a humanidade. Essa marcha, capaz de, em poucas décadas, fazer com que em um país como o Brasil o número de telefones celulares já seja maior que o da população, está longe de ser dada por concluída. Ao contrário, dizem os estudiosos, está apenas começando. A multiplicação de capacidade de processamento em bases que em nada podem ser comparadas com as condições atuais, colocará a humanidade bem próxima da inteligência artificial, revolucionando todos os aspectos da vida, a partir da própria medicina que de preventiva passará a regenerativa, podendo ampliar, ao que hoje seria impensável, a expectativa de vida média, por exemplo.

E tudo isso aconteceu e acontecerá por conta da invenção e da produção em larga escala de chips e microchips, cuja capacidade de processamento evoluiu em velocidade também vertiginosa e a custos que possibilitaram sua aplicação nas bases atuais. Assim, não será exagero afirmar que dominar essa tecnologia e alcançar capacidade de produzir chips, ou semicondutores, representa a chave capaz de abrir as portas do futuro para uma economia do país. O Brasil, que perdeu posições, mas ainda figura entre as dez maiores economias do planeta, está entre os países que não têm essa chave. Não que tenha deixado de perceber a importância de avançar nessa direção, o que vem tentando também desde os anos setenta, justamente no período em que os avanços da eletrônica ganharam as proporções que hoje conhecemos.

Para o País, vale recordar uma aventura que começou em Minas e pelas mãos do economista e empresário Hindemburgo Pereira Diniz, que fundou a Transit, construindo em Montes Claros uma fábrica de semicondutores dentro dos melhores padrões da época, trazendo também especialistas e tecnologia de ponta da Índia. Tudo reconhecido como dentro de padrões de excelência, mas não o suficiente para impulsionar a ideia, que não vingou por razões que nunca foram suficientemente esclarecidas. Não foi a única tentativa de ingressar nesse mundo fechado, mas foi a que mais avançou até que, em 2002, empresários paulistas, entre eles Wolfgang Sauer, ex-presidente da Volkswagen no Brasil e durante anos líder mais reconhecido da indústria de transportes, fundassem a Unitec, também com o objetivo de fabricar semicondutores e com unidade industrial erguida também em Minas, na cidade de Ribeirão das Neves. Um novo fracasso diante do qual, mais uma vez, as explicações podem ser apenas deduzidas.

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